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Pesquisa de sintomas permanece em alta no Google

Atendimento online oferece diagnósticos confiáveis, mas é preterido nas buscas

 

 

 

 

 

 

Por Patrícia Neves e Thiago Vieira

Segundo a análise feita pelo Google Trends, a pesquisa por sintomas em plataformas digitais ainda supera a busca por atendimento online entre abril/20 e abril/21, ano de adaptação à pandemia. Durante o período, o interesse do público no Brasil por sintomas (palavras-chave: “estou sentindo”), foi em média dez pontos acima da busca pela palavra-chave “telemedicina”. Portanto, apesar de a telemedicina estar disponível em diversos convênios, incluindo o SUS, as pessoas ainda preferem buscar sintomas e possíveis diagnósticos online.

Análise do Google Trends das bucas pelas expressões “estou sentindo” e “telemedicina” no último ano (Imagem: reprodução internet)

A telemedicina cresceu nos últimos meses como uma forma de substituir as consultas presenciais e não deixar os pacientes sem amparo médico. No entanto, as pessoas têm optado pela pesquisa online e o médico, especialista em Clínica Médica, Dr. Matheus Ferreira de Carvalho, tenta explicar o motivo. “A teleconsulta exige organização de tempo, marcação e separação de um horário específico para aquele fim. Por isso, e pela facilidade de alcance das informações, acredito que a pesquisa online ainda é usada em muitas situações que exigiriam uma consulta médica.”

A Psicóloga Beatriz Sturaro explica os efeitos do auto diagnóstico em quem já possui ansiedade (Foto: arquivo pessoal)

Para a psicóloga Beatriz Sturaro, a telemedicina é muito benéfica principalmente no contexto atual de pandemia, pois diminui os riscos de infecção, sem contar que os médicos são treinados para fazerem os diagnósticos de forma online com poucos prejuízos quanto aos atendimentos presenciais. “É muito melhor que o paciente tenha esse suporte – ainda que online – do que alimentar suas hipóteses diagnósticas sem a comprovação ou orientação de um profissional capacitado”, explicou.

Já a estudante de direito da Faculdade de Campinas (FACAMP) de 23 anos, Andressa Faria, usou a telemedicina para se consultar com um psicólogo, mas não acredita que o método seja eficiente em todos os casos. “Eu acredito que se fosse, por exemplo, uma dermatologista ou um cardiologista online, eu já não teria tanta confiança, porque eu acho que são consultas mais paliativas que precisam de contato, que precisa do médico e, de fato, da análise feita presencialmente”, expressou.

O maior problema da pesquisa de sintomas online sem o acompanhamento médico são as consequências mentais e físicas, como a ansiedade e a automedicação, respectivamente. O Dr. Carvalho conta que já teve casos de auto diagnóstico e explica as consequências. “É muito comum o uso, por exemplo, de anti-inflamatórios não esteroidais, como a nimesulida, diclofenaco, ibuprofeno, ou de protetores gástricos, como o omeprazol, para dores que na verdade não estão sendo investigadas ou tratadas corretamente. Isso atrasa o diagnóstico daquela condição”, explica.

A estudante conta que já passou pelo falso diagnóstico e por isso, não confia tanto nas pesquisas do “Dr. Google”. “Já aconteceu de eu pesquisar no Google e ser uma coisa completamente diferente, porque você pesquisa algum sintoma no site e aparecem coisas catastróficas, mas no fim é um negocinho que dá para tratar de forma fácil”, constatou Faria.

No quesito da ansiedade, a psicóloga acredita que o auto diagnóstico pode promover altos níveis de ansiedade, já que essa preocupação se trata de uma ameaça para o indivíduo, inclusive podendo até ter uma relação de causa com o Transtorno de Ansiedade de Doença. “A hipocondria é uma condição que gera um alto nível de ansiedade nas pessoas que a possuem, já que um dos critérios para o seu diagnóstico é o comportamento de busca constante e excessiva por sinais de doença”, explicou.

Dr. Matheus Carvalho acredita que a busca de sintomas na internet pode estimular a procura por profissionais (Foto: arquivo pessoal)

Já o estudante de educação física da Universidade Paulista (Unip) de 20 anos, Júlio Bueno, afirma que só faz diagnóstico online quando tem sintomas que o preocupam e mesmo assim sempre procura um médico depois. O estudante considerou, ainda, que pode ser perigoso pesquisar na internet, por isso nunca se automedicou. “É sempre bom pesquisar, mas ficar pesquisando demais e sem avaliação médica pode ser perigoso”, finalizou.

Apesar disso, o Dr. Carvalho também enxerga alguns benefícios na pesquisa online. Segundo ele, pesquisar sobre doenças pode trazer um sinal de alerta ao paciente e incentivá-lo a buscar um especialista para fazer um diagnóstico completo. “Se a informação encontrada estimular a procura por uma consulta presencial ou por telemedicina, pode facilitar o diagnóstico”, completou.

Por fim, a recomendação da psicóloga Sturaro, é que o diagnóstico online deve ser feito com muito cuidado. “Ainda que uma informação seja científica e confiável, corre-se o risco dela não ser válida para o caso da pessoa que a procura”, alertou. Ela ainda lembra que cada organismo tem suas peculiaridades e reagem de formas diferentes. “Cada ser humano tem o seu próprio funcionamento orgânico, que requer um tratamento particular. Por isso, o acompanhamento por um profissional capacitado é tão importante nesse momento”, finalizou.

Orientação: Gilberto Roldão

Edição: Patrícia Neves


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