Cultura & Espetáculos

Para explicar o conto, autor aproxima Cristo e Superman

Em palestra no Sesi, o escritor Jotah diz que livro infantil não serve apenas para as crianças

Por: Guilherme Tomesanni

“Seu pai, que vive no alto e que do alto tudo vê, sempre o amou de forma incondicional. E vendo que a Terra estava sob o domínio do mal, enviou seu único filho…”

Foi com este trecho de uma narrativa milenar que o escritor e ilustrador José Roberto de Carvalho, conhecido por Jotah, deu uma aula sobre a importância do conto para a construção dos valores que sustentam a trajetória humana. “Adivinhem de quem estou falando?”, indagou à plateia de cinco pessoas – incluindo o repórter do Digitais – que foi ouvi-lo na antessala do teatro do Sesi-Amoreiras, na quarta-feira passada (27).

O escritor e roteirista Jotah: “Os contos não foram escritos para as crianças” (Foto: Guilherme Tomesanni)

Não foi difícil ao pequeno grupo de ouvintes associar a narrativa do escritor à história de Jesus Cristo. Mas estavam enganados – corrigiu Jotah – já que o escritor se referia ao jornalista Clark Kent, personagem dos quadrinhos da Liga da justiça, da editora DC Comics, criado em 1938, mais conhecido por Superman.

Na palestra Conto de Fadas: além do que os olhos podem ver, Carvalho pondera que toda história tem ao menos três versões: a de quem conta, a de quem ouve e uma possível versão verdadeira. Diz ele: elas são as maneiras de interpretar o texto. Para colocar a tese em prática, Jotah produziu a analogia entre Cristo e Superman.

“Ele veio ao mundo para salvar os mais fracos de seus opressores. Mas ele não era deste mundo… Estou falando de alguém muito especial, que, apesar de todo seu poder, humildemente se fez humano, e conheceu de perto as fraquezas humanas. Confiou todo tempo em seu pai, que o enviou à Terra, para morar entre nós seres frágeis e falhos… Estou me referindo a Superman”, disse para a surpresa dos ouvintes.

De acordo com Carvalho, é indiscutível a importância dos contos na formação da sociedade, o que o levou a ponderar: “Os contos não foram escritos para as crianças”.

O bate-papo com o escritor teve duração de 2 horas, uma a mais do que o previsto, e contou com diversas gincanas para ilustrar a importância de um conto na sociedade. Telefone sem fio, desenhos e dicas para criar um conto foram artifícios para oferecer o contexto final da história de Superman. A plateia tão reduzida, apenas 5 pessoas contando com o repórter – a maior parte composta por professores – já era esperada pelos organizadores do evento.

Jotah pondera com a plateia: “Os contos te preparam para a vida” (Foto: Guilherme Tomesanni)

No bate-papo, Jotah explicou que os contos tiveram origem na Idade Média, período quando ainda não existia o conceito de infância. As crianças eram tratadas feito adultos, vestindo as mesmas roupas e tendo trabalhos normais.

Os contos – por sua vez – eram repassados de forma oral com teor quase educativo em uma época em que não havia escolas para os plebeus. Tais narrativas serviam como lição de moral e passavam uma mensagem, geralmente com um final trágico, ligado à morte, ou ainda sem o “felizes para sempre”. De acordo com Jotah, os contos de fadas eram e são desse jeito, trágicos, não porque foram feitos para crianças e sim para “pequenos adultos” que tinham que lidar com a vida, já que “cada um tem um gigante para enfrentar”.

Jotah defende que essas histórias dão sentido na vida assim como direção. Para um único conto há diversas formas de interpretação e personagens com os quais se identificar. Vão do chapeuzinho vermelho, com sua inocência, até o lobo, com sua maldade, comentou. “Todos têm uma moral que deve ser ponderada, já que os contos te preparam para a vida”.

Apesar do elemento trágico, Jotah disse que sempre há a parte boa de um conto de fadas. Ele cita que as fadas, em grego fatum, significam o destino. São os personagens que aparecem quando há alguma esperança, já que a vida não é apenas feita de derrotas ou pedras no caminho, sempre tem algo bom nos esperando. No caso do chapeuzinho, o caçador.

José Roberto de Carvalho é animador, escritor e ilustrador de obras infantis. Dedicou a carreira a cativar o público infantil e ajudar pessoas como o aluno Nicolas, de uma escola onde desenvolveu projetos. Era um garoto tímido e introvertido – de acordo com Jotah – que fez amizades e se encontrou na vida através da arte.

Jotah já participou da produção de séries animadas, com Aladim e Turma da Mônica, mas se destacou na produção do Castelo Rá-Tim-Bum. Hoje, trabalha com cultura, educação, escreve e ilustra livros infantis.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Isabela Meletti


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