Cultura & Espetáculos

Quando o sensacionalismo dá o tom maior no funk e rap

Cientista social Allan Santos da Rosa vê dilema entre jornalismo focado em celebridades e cobertura cultural e artística

Por: Fernando Almeida, Rafael Smaira, Rafael Ribeiro

O mundo do entretenimento através da música move multidões ávidas por álbuns inéditos, turnês milionárias e toda uma gama de produções de cantores e cantoras dos muitos gêneros existentes. No Brasil, o formato de arte engaja pessoas e move boa parte da indústria cultural; dentre os principais gêneros, o rap e o funk despontam nos trend topics do gosto popular, sobretudo entre os jovens. Em 2023, os dois gêneros dominam a maior parte da lista de 50 músicas mais tocadas no Spotify, principal plataforma de streaming musical na atualidade.

Apesar da difusão conquistada atualmente, os gêneros têm origem socialmente marginalizada e ainda enfrentam obstáculos, sofrendo discriminações em suas representações na imprensa brasileira. Dessa forma, a música – por se tratar de um fenômeno social – proporciona ao Jornalismo um campo rico de atuação profissional.

O jornalista Amauri Mazzuco, apresentador do programa Papel Pop, que traz atualidades de músicas, filmes e séries, aponta que cobrir cultura apresenta desafios bastante semelhantes a qualquer outra esfera jornalística: “Temos que estar bem-antenados sobre tudo que está sendo produzido, desde o mais geral até coisas específicas, como um lançamento do k-pop no interior de um país asiático, nomes que estão aparecendo na mídia internacional. Precisamos ter um olhar amplo e estar sempre bem-informados, o que é fundamental para qualquer jornalista”.

Amauri também comenta que um dos principais pontos de alerta na cobertura é o sensacionalismo que envolve os ícones da música. “A divisão entre o jornalismo focado em celebridades e o Jornalismo focado na arte é bastante tênue, o que abre margem para esse sensacionalismo em volta de famosos”. Dessa forma, gêneros que sempre foram alvo de discriminação como os aqui tratados podem ser ainda mais passíveis de coberturas sensacionalistas e que explorem a imagem de cantores e cantoras para gerar engajamento à notícia.

Allan Santos da Rosa, doutor em Cultura e Educação pela USP e consumidor dos gêneros, aponta para dois conflitos distintos dentro da cobertura do rap e do funk: “enquanto nas redes sociais e na internet de um modo geral essas fofocas têm sido muito comuns, nos meios de comunicação tradicionais eu percebo que existe uma marginalização do gênero musical, ou seja, o rap e o funk, que também é realizada de forma totalmente sensacionalista”.

Santos acredita que as redes sociais ampliam o acesso à música, mas a necessidade dos cliques acaba apontando a cobertura jornalística para a vida pessoal desses artistas, enquanto parte dos artistas de Hip-Hop ainda nutrem uma rejeição à mídia tradicional por conta do histórico de marginalização.

“Por eles [artistas] terem ganhado uma proporção muito grande em termos de números nas redes sociais, a vida pessoal deles tem interessado mais ao público do que ao que eles produzem de fato. […] isso tem ofuscado um pouco matérias que há um tempo atrás eu costumava ler, que eram bem mais imersivas nas obras desses artistas”, completa.

Ao tratar sobre Funk e Rap, o jornalista cultural aponta ser fundamental que o profissional conheça as bases e referências dos gêneros para que tenha uma cobertura responsável. “Os dois são gêneros periféricos e, ao falar sobre eles, é nossa missão informar de um modo acessível a todas as categorias da sociedade. É nosso ofício fazer essa ponte entre o fato e a pessoa de um modo objetivo e compreensível.”

Orientação: Prof. Artur Araújo 

Edição: Suelen Biason


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