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Alunos e professores pedem revogação do Novo Ensino Médio

Em Campinas, ato contou com estudantes, professores e representantes de movimentos estudantis

Por: Giovanni Feltrin e Ana Clara Freitas

A manifestação, organizada pela União Campineira dos Estudantes Secundaristas (UCES), em Campinas, reuniu estudantes, professores, representantes de movimentos estudantis e partidos políticos e teve como finalidade o pedido de revogação da lei de implementação do Novo Ensino Médio (NEM).

Manifestação organizada pela União Campineira dos Estudantes Secundaristas (Uces) (Foto: Giovanni Feltrin)

O movimento aconteceu na última quarta-feira (15)  e sua concentração foi no Largo São Benedito. Os manifestantes percorreram pela Avenida Anchieta e passaram por um trecho da Avenida Doutor Moraes Sales, encerrando no Paço Municipal.Todo o percurso foi acompanhado pela Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas (Emdec), junto à Polícia Militar.

O Novo Ensino Médio tornou- se alvo de críticas desde a sua implantação em 2017 pelo até então presidente da república, Michel Temer. A Lei nº 13.415/2017, estabeleceu uma mudança na estrutura do ensino médio, ampliando o tempo de permanência dos estudantes nas escolas de 800 para mil horas anuais e criou uma nova organização na grade curricular, de forma que os estudantes possam escolher parte das matérias que irão estudar.

O sociólogo e professor da rede pública, Rafael Damico, explica como funciona a flexibilização do currículo para oferecer aos alunos uma formação mais direcionada às suas áreas de interesse: “Os alunos são orientados pela coordenação escolar sobre a escolha dos itinerários, que é realizada pela Secretaria de Educação Digital (SED). Se a orientação é detalhada ou não, parcial ou não, varia de escola para escola”, conta.

Nathália Guilhon diz que a reforma exclui a oportunidade do alunos conhecerem todas as matérias (Foto: Giovanni Feltrin)

Os manifestantes não pouparam as palavras para mostrar a insatisfação com essa reforma. Nathália Guilhon, professora da rede pública, diz que o adolescente deve ter um conhecimento amplo “ de todas as matérias e que a nova lei exclui essa oportunidade.Ao meu ver, o aluno do primeiro ano do ensino médio, deve conhecer matérias novas, como física, química, biologia, filosofia e sociologia,  matérias que não tinham no ensino fundamental. O ensino médio é uma chave de mudança muito grande na vida do estudante”, explica a professora.

Para o estudante P. O., do segundo ano do ensino médio, ao observar as escolas públicas brasileiras, diz que é fácil perceber não têm condições para a aplicação das novas metodologias propostas pelo programa. “No Novo Ensino Médio, me deparei com várias matérias nas quais os professores não estavam preparados para ministrar as aulas. Também acredito que eu vou sair muito prejudicado do ensino médio, tanto em relação ao vestibular quanto na vida no geral”, conta o jovem.

Entre as principais críticas feitas pelos manifestantes, ecoava o protesto de que há uma grande falta de clareza em relação aos objetivos da reforma e que as matérias inseridas no novo programa não têm conteúdos aprofundados.  “A reforma do ensino médio impacta negativamente a vida dos alunos graças à falta de profundidade das disciplinas abordadas, pela falta de sequência didática, itinerários formativos e pelas outras disciplinas que foram implementadas. Isso gera falta de incentivos aos alunos para serem inseridos no ensino superior e, consequentemente, gera mão de obra barata não especializada”, conta a  professora Marina Macedo. 

Professora Marina Macedo  defende a revogação da lei em vigor por acreditar que ela é prejudicial (Foto: Giovanni Feltrin)

Além disso, Marina explica que, para ela, a alternativa que mais beneficiaria tanto os alunos quanto os professores seria a revogação da lei que está sendo implementada. “Nesse caso, a revogação seria a melhor saída mesmo, trazendo uma outra perspectiva para o ensino médio. A reforma foi uma precarização total da educação dos alunos e do modo de sobrevivência dos professores”, afirma.

ENEM – O novo modelo de ensino médio, que já está em vigor em todo o território nacional, e que a redução da oferta de algumas disciplinas, assim como a diminuição da carga horária de matérias como matemática e língua portuguesa, tem sido criticado pela forma como afetará o preparo dos alunos da rede pública para os vestibulares, como é o caso do Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), uma prova de admissão à educação superior aplicada anualmente. 

“Os alunos do Médio não terão diversas matérias como história, geografia, filosofia, física e química, e só terão o itinerário formativo de uma área, só que o Enem desse ano (2023) ainda não foi adaptado, então os alunos vão chegar totalmente despreparados”, conta Nathália Guilhon. 

Orientação: Profa. Rose Bars

Edição: Marina Fávaro


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