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Uma vida dedicada ao trabalho voluntário

Coordenadora de internação do Centro Infantil Boldrini, Helena Kubota, diz “foi amor à primeira vista”

Por: Victoria Bezerra

Uma pesquisa aleatória no Google foi o suficiente para mudar a vida de Helena Kubota (64), de Penápolis, interior de São Paulo. Depois de se dedicar ao trabalho voluntário por 35 anos na extinta empresa Telefônica, em São Paulo, onde trabalhava como analista de vendas, Helena se mudou com o marido para Campinas, em 2012.

Já aposentada, Helena pesquisou na internet um local onde pudesse continuar trabalhando como voluntária e, entre tantas opções, ela encontrou o Centro Infantil Boldrini, uma das maiores referências no tratamento de oncologia e hematologia pediátrica do país. “Foi amor à primeira vista”, conta.

Depois de fazer a capacitação na instituição, Helena se juntou à equipe de voluntários do hospital. Com a experiência adquirida ao longo do tempo, ela passou a coordenar o setor de internação dos pacientes mais graves, onde está há 8 anos.

Helena Kubota à frente do Centro Infantil Boldrini, onde coordena o setor de internação dos pacientes mais graves (Foto: Victoria Bezerra)

Sua rotina, de segunda a sexta-feira, é a mesma: visitar as crianças internadas e levar atividades lúdicas para os pequenos e seus familiares. Para realizar este trabalho, Helena conta com a colaboração de Stéfanie Krass e Cleonice Ervolino, que ela chama carinhosamente de seus “anjos da guarda”. Juntas, eles lideram 85 voluntários.

Cleonice Ervolino (esquerda), Helena Kubota e Stéfanie Krass lideram um grupo 85 voluntários no hospital (Foto: Arquivo pessoal)

As atividades oferecidas às crianças variam de jogos, entretenimento com lápis de cor, tesoura e borracha, cópias de desenho para pintar, leitura de livros, brincadeiras com miçangas e origami. Em relação às atividades escolares, existe um grupo no voluntariado do hospital que fornece apoio pedagógico.

Já para os familiares dos internos, Helena e sua equipe dão aulas de artesanato, oferecem livros e também um ombro amigo para os pais, que precisam de suporte emocional. “A criança não tem noção do que se passa com ela ou da gravidade do seu quadro. Mas pense em uma mãe ou um pai?”, questiona.

O começo

O primeiro contato de Helena com o voluntariado surgiu na Telefônica, que incentivava seus funcionários a ajudarem instituições carentes. “Meu primeiro trabalho foi em uma creche. A paixão nasceu aí”, conta.

Desde então, ela nunca mais se afastou do voluntariado. “Tive uma vida de privilégios e, ao me aposentar, quis devolver um pouco da generosidade que sempre recebi”, afirma. Por isso, assim que chegou a Campinas, ela logo procurou um local onde pudesse dar continuidade à experiência adquirida como voluntária na Telefônica.

As perdas

Durante os anos de trabalho no Boldrini, Helena enfrentou duas perdas na família, por câncer: a irmã, há cinco anos e o marido, em 2020, no auge da pandemia de covid-19. Durante este período, ela teve que se afastar temporariamente do trabalho no Boldrini e admite que pensou em largar o voluntariado por temer não conseguir dar conta de tudo.  Mas sua decisão caiu por terra e ela permaneceu no hospital, ao lado das crianças e de suas famílias.

Ela admite que a experiência como voluntária no Boldrini a ajudou, de certa forma, a aceitar e superar as perdas de sua vida. “Mesmo com a doença da minha irmã e do meu marido, acho que tive muitos aprendizados no Boldrini que me foram úteis na doença deles”, afirma. “Tenho uma gratidão muito grande de ter conhecido o Boldrini antes de acontecer isso comigo […]. A forma como eu enfrentei essas duas doenças sucessivas não seria possível se eu não já tivesse vivenciado o Boldrini […].

Helena admite que a vivência no hospital foi importante para lidar com suas dores.  “Eu segurei a barra da minha família e dos meus filhos e entendo que a experiência no Boldrini foi como uma benção para mim”, diz ela. Por isso, se depender de sua vontade, Helena não sairá do trabalho voluntário do Boldrini. “Só se me botarem para fora”, brinca.

O trabalho

Para se tornar um voluntário é preciso ter consciência da responsabilidade emocional que o trabalho vai exigir, alerta Helena. “Não há preparação suficiente para lidar com a perda de um paciente”, admite. “Por isso, força e garra são fundamentais para se trabalhar como voluntário”.

Helena sempre pergunta aos novos recrutantes se eles têm certeza do que estão escolhendo. “Eles têm que saber do terreno onde vão pisar. Nem sempre são ganhos”, finaliza.

O Centro Infantil Boldrini foi fundado em 1978 em Campinas e é uma referência no tratamento de câncer infantil. O hospital possui diversas áreas de atuação de voluntariado, como acolhimento, internação e trupe, ludoteca, oficina de capacitação, terapias complementares, recreação e artes, entre outros. Todos os voluntários devem passar por uma prova de capacitação, para que entendam a importância de seus papéis e estejam preparados para exercê-los.

Orientação: Profa. Cecília Toledo

Edição: Oscar Nucci


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