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Feminicídio é ponto de vulnerabilidade em Campinas

Para a pesquisadora Mônica Roa, agressão contra a mulher ocorre em todas as classes sociais

Por: Alanis Ferreira

A cidade de Campinas registrou cinco casos de feminicídios, todos cometidos por companheiros ou ex-companheiros das vítimas, no período de janeiro a março de 2022, segundo dados da Prefeitura de Campinas. A partir disto a cidade movimenta áreas de pesquisa e criação de políticas públicas para ajudar vítimas de violência doméstica, englobando fatores sociais, políticos, econômicos e culturais, visto que estes influenciam no crime.

Mônica Roa: “Ciclo intergeracional faz com que muitos homens entendam a violência como forma ideal para resolver conflitos” (Foto: Arquivo pessoal)

De acordo com a doutoranda em Saúde Coletiva e analista espacial de dados sobre violência, Mônica Caicedo Roa, a agressão contra a mulher ocorre em ciclos e pode ser observada em todas as classes sociais, pois perpassa níveis econômicos e educacionais.

“Sabemos que as mulheres que têm mais risco são as mais vulneráveis. Mas não significa que aquelas com maiores condições financeiras não sofram violência, apenas há fatores que fazem com que as pesquisas não as acessem”, relata a analista.

As regiões mais afetadas, pelos casos de feminicídio, são as áreas do noroeste e sudoeste de Campinas. Os casos ocorreram principalmente nos bairros Campinas Grande, Jardim Bassoli, Jardim Novo Maracanã, Jardim Nova Esperança e no Conjunto Habitacional Chico Mendes (Dic V).

Patriarcado

Segundo o Fórum Econômico Mundial (FEM), o Brasil é o segundo maior país com desigualdade de gênero da América Latina. Até o início de 2022, as mulheres ganhavam 20,5% a menos do que homens no Brasil, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Para a doutoranda em Saúde Coletiva, Mônica Roa, a justificativa se baseia no fato de que o privilégio masculino fortalece a ideia de mulheres são insuficientes para determinadas funções. “É comum a sociedade pensar que as mulheres são mais emocionais e submissas, e por isso, muitas vezes, elas são menos remuneradas que homens, mesmo exercendo a mesma função”, afirma a analista.

Grazielle Coutinho: “O patriarcado e a sociedade machista favorecem o ambiente violento” (Foto: Arquivo pessoal)

A pedagoga e coordenadora de políticas públicas para mulheres no Centro de Referência e Apoio à Mulher (Ceamo), Grazielle Coutinho, afirma que só pode ocorrer o combate à violência se o trabalho for feito dos dois lados. “O patriarcado e a sociedade machista favorecem o ambiente violento, então o homem tem que ser reconstruído, transformando o que aprendeu sobre machismo”, relata. 

Ciclo vicioso

No último caso de feminicídio em Campinas, cometido no dia 15 de março desse ano, a vítima foi morta a facadas pelo marido no mesmo dia em que retornou para a casa em que moravam, no Jardim Guarani, na zona sul da cidade. A coordenadora do Ceamo, Grazielle Coutinho, relembra que a vítima já havia agendado a participação em uma reunião no Centro de apoio, mas não compareceu.

O que é efetivo contra a violência?

O Serviço de Responsabilização e Reeducação do Autor de Violência (SERAVI), em Campinas, recebe homens que agrediram mulheres que manifestaram necessidade em participar do acompanhamento. O programa pode ser o ponto de partida para a conscientização dos homens sobre a violência contra a mulher. É necessário um sistema organizado psicologicamente e economicamente para dar apoio às mulheres, e a expectativa é que o trabalho terapêutico com os feminicidas favoreça a quebra de um ciclo.

Com uma média entre 160 e 200 casos por mês de mulheres vítimas de violência, a esperança está na reeducação do agressor e no fortalecimento das mulheres que passaram por essa situação. Além disso, a atenção da mídia e dos pesquisadores ao assunto faz com que a pressão por políticas públicas seja maior, além do aumento da visibilidade das causas femininas.

Orientação: Prof. Marcel Cheida

Edição: Natália C. Antonini


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