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Reconhecimento facial flagra empréstimos sob coação

Daniel Farias, do banco Agi, em Campinas, vê tecnologia como saída para reduzir juros bancários

Por: João Vitor Bueno

Ao testar um sistema de reconhecimento facial para os funcionários, o banco Agi, hoje sediado em Campinas, estendeu a experiência para seus clientes e descobriu que alguns deles – geralmente servidores públicos aposentados – eram coagidos por filhos ou netos a contrair empréstimos consignados. “Descobrimos isso observando suas expressões faciais, que traziam um semblante de tristeza, diferentemente das vezes anteriores em que vinham à agência”, explicou o engenheiro de software Daniel Farias em palestra a estudantes e profissionais que compareceram, na terça-feira (26), ao espaço Mescla, da PUC-Campinas.

Daniel Silveira, do banco Agi: “A gente faz uso de toda sorte de tecnologia para tentar reduzir juros” (Foto: João Vitor Bueno)

“Não dá para conceder empréstimo a pessoas que não querem ou não estão em condições de contrair dívidas. Eles não conseguem pagar, e o prejuízo acaba sendo rateado entre os demais clientes na forma de elevação de juros”, disse Farias ao acentuar que “um banco nunca perde dinheiro”.

Focado em conceder créditos, o banco Agi já conta com 900 agências espalhadas pelo país, sendo responsável pelo pagamento de 1,5 milhão dos 35 milhões de aposentados e pensionistas do INSS. A instituição trava uma luta intensa para sobreviver em um país no qual o sistema financeiro é dominado pelos chamados “bancões” – Itaú, Bradesco, Banco do Brasil, Santander e Caixa.

“A gente faz uso de toda sorte de tecnologia para tentar reduzir juros, o que implica em selecionar empreendedores – termo que usam para se referir aos funcionários – que não venham a processar o banco futuramente”, disse Farias. “Afinal, quem paga a conta da manutenção de um departamento jurídico e das custas processuais são sempre os clientes na forma de elevação de juros”.

Daniel revela que para conseguir adaptar o banco à necessidade do cliente foi necessário “suprir as carências criadas pelos bancões” e criar um ecossistema novo, um ambiente onde o usuário pode encontrar tudo que precisa. Esse ecossistema é baseado na relação estabelecida entre banco e usuário, entendendo o que a pessoa precisa e oferecendo esse atendimento na plataforma, disse Farias.

Como uma grande parte dos clientes atendidos pelo Agi são aposentados e pensionistas, Daniel revela a importância de preparar esses clientes para o mundo online. “Nas agências, nós ensinamos essas pessoas, que são carentes de informação tecnológica, que não precisam ir ao banco sacar seu dinheiro. Podem fazer tudo online”.

Para entender como o usuário precisa ser atendido, a instituição  tenta criar laço afetivo com seus clientes. “Ele é o centro da operação, e a informação é aliada no processo de formação de um perfil de consumo”, comentou Daniel sobre a análise e interpretação de dados. “Esses dados são coletados de maneiras diferentes, podendo ser encontrados através da utilização de informações presentes em banco de dados públicos ou pela coleta de informação baseada no uso do aplicativo do banco”.

O usuário, ao aceitar os termos de condição de uso, autoriza a empresa a coletar uma série de dados relacionados aos outros aplicativos instalados em seu dispositivo móvel. Com esse conjunto de informações analisadas, Farias diz ser possível traçar um perfil de credor para o usuário, e classificá-lo em um ranking de risco de empréstimo, que vai de 1 a 19. Quanto menor o número, maior o risco de não ocorrer o pagamento, o que filtra as pessoas habilitadas a contrair empréstimo.

Adotando essas medidas de análise e interpretação de dados, estímulo ao uso do aplicativo e entendo quais são as necessidades do cliente, o banco conseguiu reduzir em 50% sua taxa de juros. Hoje a taxa máxima cobrada pelo Agi é de 7,5%.

Além da redução da taxa, o banco trabalha com um prazo máximo de parcelamento de 36 meses, impedindo que “empréstimos infinitos” deixem de ser pagos. A estratégia, de acordo com Farias, faz com que outros clientes não tenham que pagar o prejuízo do inadimplente, o que também contribuir para a redução dos juros.

O campus que sedia o banco Agi, originário de Porto Alegre (RS), no município de Campinas, tem espaço para acomodar pelo menos mil trabalhadores, mas dificilmente o número de pessoas presentes supera a casa dos 50. “A gente aposta no trabalho remoto”, disse Farias. Em função de atuar com oferecimento de crédito – principalmente o consignado – o banco possui clientela na faixa etária mais avançada, que ainda prefere o contato pessoal, o que explica a abertura constante de novas agências, ao contrário do movimento que se observa nos “bancões”.

“Nossas agências não contam com serviço de vigilância, pois praticamente não movimentamos dinheiro vivo. Também não temos porta giratória”, disse Farias, o que contribui – segundo ele – para ajudar a reduzir as taxas de juros nos empréstimos que concedem.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti Edição: Vitória Landgraf


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