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Procaf oferece oportunidades profissionais para crianças e adolescentes em situação de vulnerabilidade social em Campinas
Por: Alanis Mancini
Em cerca de 11 anos, 3.739 crianças e adolescentes foram abordados em situação de trabalho infantil ou vulnerabilidade social em Campinas. Os dados da Organização da Sociedade Civil (OSC) revelam que 74% são meninos e 26% meninas e, dentre esses, 37% são pardos, 35% são brancos, 24% são pretos e 2% indígenas. Esse cenário pode ser comprovado nas ruas da cidade, com jovens distribuindo panfletos, vendendo balas em semáforos ou em situação de mendicância.
Essas crianças e adolescentes estão na mira de três programas que envolvem as iniciativas privada e pública. O Procaf – Programa Construindo Autonomia para o Futuro – se destaca por profissionalizar os adolescentes, oferecer uma renda mensal e propiciar igualdade de condição na inserção ao mercado de trabalho. Patrocinado pela Unimed, tem parceria com o MVM – Movimento Vida Melhor-, uma organização sem fins lucrativos, e o Convim – Construindo uma Vida Melhor – que realiza o serviço de abordagem social para a retirada dessas crianças e adolescentes nas ruas da cidade.
Em palestra na PUC-Campinas, no último dia 29 de março, Ana Paula Fragoso, coordenadora pedagógica do Procaf, apresentou as motivações dessa iniciativa. “A ideia era profissionalizar os adolescentes, visando propiciar igualdade de condição na inserção ao mercado de trabalho, apresentar referências e possibilidades, auxiliar na aprendizagem escolar e atender às demandas sociais”, descreveu. Os cursos disponibilizados acontecem por seis meses, com três encontros semanais. “Muitos alunos conseguem aproveitar todas as oportunidades que surgem, mesmo que, de início, o que chama atenção é a ajuda de custo que recebem”, ressalta Ana Paula.
Os alunos que frequentam o Procaf recebem R$50,00 por aula, totalizando uma renda de R$600,00 no mês. Ao final do curso, eles escrevem um texto sobre a sua história pessoal e os textos são editados no livro A ressignificação da escrita: as marcas de cada um, que está na terceira edição. Para que os jovens tenham o primeiro acesso ao programa de profissionalização, os profissionais que integram o Convim fazem a abordagem social, a partir do mapeamento dos territórios onde há o trabalho infantil.
Verônica Rosa, coordenadora técnica do MVM, afirma que a abordagem é um processo gradativo, pois nem sempre o jovem está receptivo. “A aproximação para a abordagem deve ocorrer de forma progressiva e cuidadosa, realizando a escuta e a acolhida e criando vínculos gradativos”, ressalta. Além disso, a cultura social também pode influenciar na aceitação, por isso afirma ser importante ressignificar o ambiente da sala de aula para os adolescentes e auxiliar a família. “Muitas famílias têm na cultura que trabalhar na infância é algo normal, então nós prestamos orientações para essas famílias, até para elas acessarem os benefícios que têm direito e não sabem”, relata.
Segundo a secretária municipal de Assistência Social, Pessoa com Deficiência e Direitos Humanos de Campinas, Vandecleya Moro, há vários programas e serviços com os olhos voltados para a criança e adolescente. “É importante que tenhamos sempre essa parceria de envolver o jovem, o adolescente e a criança na sua comunidade para que tenhamos resultado”, afirma. Para reforçar essa política pública, no último dia 30 de março, o prefeito Dário Saadi assinou o decreto municipal que instituiu o Comitê Municipal Intersetorial de Prevenção e de Erradicação do Trabalho Infantil em Campinas.
Orientação: Profa. Rose Bars
Edição: Oscar Nucci
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