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Falta de acessibilidade dificulta inclusão em Campinas

Na semana de luta da pessoa com deficiência, a estudante Juliana reclama de calçadas

Lixeira bloqueando o percurso do piso tátil na Francisco Glicério (Foto: Vitor Paderes)

Por Fernanda Santos e Vitor Paderes

Ir ao banco, fazer compras e até mesmo o lazer são atividades relativamente difíceis para pessoas que possuem a mobilidade reduzida. Em Campinas, rampas íngremes, calçadas quebradas, pisos táteis defeituosos e com obstáculos, e ônibus com elevadores que não funcionam complicam a vida dessa parcela da população. A realidade local é o que justifica o espírito de luta que caracteriza o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência, comemorado na última terça-feira (21).

Vídeo mostra problemas que os entrevistados vivenciam no centro de Campinas.

Estudante de psicologia, Juliana Pinheiro: “A maioria das calçadas estão quebradas” (Foto: Arquivo pessoal)

A estudante de Psicologia Juliana Pinheiro, de 25 anos, residente no Jardim Ouro Preto, relata as dificuldades que enfrenta diariamente por ser cadeirante, ao tentar pegar o ônibus da linha 249: “Um dia estava chovendo e eu estava extremamente atrasada e sem condições financeiras de pedir um carro por aplicativo. Esperei por 40 minutos, na chuva, porque os elevadores dos ônibus que passavam não estavam funcionando”.

De acordo com os dados do último Censo Demográfico realizado em 2010, a “população com deficiência” em Campinas já era superior a 60 mil pessoas. Esse contingente representa 5,6% da população total do município. Segundo o censo, essa população é entendida como aquela que declarou total ou grande dificuldade para enxergar, ouvir e/ou andar, além daqueles com deficiência mental/intelectual.

Juliana também comenta que, além de problemas na plataforma de embarque dos ônibus, ela também encontra calçadas com obstáculos no centro da cidade, que limitam e dificultam a sua passagem, ferindo o direito de ir e vir. “Um problema constante é que a maioria das calçadas estão quebradas”. A estudante também relata que seu bairro não possui nenhum tipo de acessibilidade, como calçadas com rampas.

O atendente de telemarketing Geniuson Pereira, de 37 anos, possui deficiência visual. Ele comenta que o centro de Campinas deixa muito a desejar e relata diversos problemas, como avenidas extremamente movimentadas que não possuem nenhum tipo de acessibilidade, calçadas desniveladas, cheias de buracos, e a parte com piso tátil com lixeiras, barraquinhas de cachorro quente e caçambas de lixo, que prejudicam a locomoção. 

Para o atendente de telemarketing, Geniuson Pereira, centro de Campinas deixa a desejar na questão de acessibilidade (Foto: Arquivo Pessoal)

De acordo com o coordenador de acessibilidade arquitetônica Roney Matsumura, do Centro de Referência da pessoa com deficiência de Campinas, o maior número de reclamações é referente a problemas relacionados à falta de mobilidade, falta de acesso por rampas, elevadores ou pavimentação adequada, tanto em espaços externos quanto internos, públicos e privados.

O representante da Emdec, empresa municipal responsável por esses serviços, não concedeu entrevista. Segundo nota da Assessoria de Imprensa do órgão, a ampliação das medidas de acessibilidade é realizada de forma contínua, tanto nas vias municipais quanto nos equipamentos do sistema de transporte público coletivo.  

No que se refere à principal reclamação no Centro de Referência, de acordo com a Emdec, no período de janeiro a agosto de 2021, 103 rampas de acessibilidade foram implantadas em diversas regiões da cidade, nas principais vias e principalmente na região central, em torno de estações e terminais urbanos.  

Já sobre os problemas com a acessibilidade no transporte público coletivo, como reclamou a estudante Juliana Pinheiro, a Emdec respondeu apenas que,  atualmente, são 971 veículos acessíveis disponíveis para operação, o que representa mais de 96% dos 1.007 veículos que compõem a frota.

Semáforos sonoros

Obstáculos no percurso do piso tátil na Francisco Glicério (Foto: Vitor Paderes)

A Emdec Administração Municipal implantou semáforos sonoros para pessoas com deficiência visual, acionados pelos próprios usuários por tags (controles manuais), em 10 cruzamentos da Av. Francisco Glicério, no centro. Entretanto, de acordo com Genilson, mesmo esses semáforos, em fase de teste, não atendem às necessidades das pessoas com deficiência visual. “Após acionado o dispositivo, ele abre primeiro para os transeuntes sem deficiência e para os carros, para depois abrir pra gente”, reclama.

É exatamente por esses problemas e com o intuito de conscientizar a população sobre a importância de se investir no desenvolvimento igualitário e inclusivo da sociedade, e, principalmente, ampliar a voz das pessoas com deficiência, o 21 de setembro foi escolhido para ser celebrado como o Dia Nacional da Luta da Pessoa com Deficiência.

Orientação: Profa. Ivete Cardoso Roldão

Edição: Fernanda Almeida


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