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E-commerce cresce 22% nos primeiros meses do ano na RMC

O economista Laerte Martins diz que empresas da região dependem do setor para continuar funcionando

Loja Vitorina tem canal de vendas nas redes sociais; no detalhe, o economista Laerte Martins
(Imagens: Redes Sociais e ACIC-Divulgação)

Por Mariana Padovesi

O faturamento do e-commerce na região de Campinas, nos meses de janeiro e fevereiro deste ano, foi de R$ 154 milhões, segundo dados obtidos através da Associação Comercial e Industrial de Campinas, a ACIC.

Os dados da ACIC apontam ainda que, comparando os anos de 2019 e 2020, o crescimento no setor de e-commerces foi de 60%. Esse avanço foi impulsionado pela pandemia, do até então novo, covid-19 que foi anunciada no dia 11 de março de 2020.

O diretor de economia da Associação, Laerte Martin, afirma que, no atual cenário de pandemia, a parte majoritária da economia da região depende do e-commerce para manter-se, com exceção dos serviços essenciais, como farmácias e supermercados.

Diante desse cenário mundial, o comércio eletrônico se tornou a única maneira de se fazer compras enquanto as lojas estão fechadas como medida de segurança. E o que, inicialmente, foi apresentado como uma solução enquanto as lojas estivessem fechadas, tornou-se uma alternativa escolhida mesmo com a reabertura.

O impacto na economia

O professor de economia da PUC Campinas, Roberto Brito, afirma que a infraestrutura tecnológica da Região Metropolitana de Campinas permite que grande parte da população tenha acesso à internet

“Enquanto a pandemia ainda se arrasta no Brasil, o e-commerce se apresenta como alternativa de sobrevivência” (Foto: Arquivo Pessoal)

O e-commerce permanecerá forte após a pandemia, aponta o economista

O economista Roberto Brito afirma que a necessidade de comprar de forma remota surgiu com o fechamento das lojas durante a pandemia, e criou um novo hábito nos consumidores. Aqueles que não eram adaptados ao e-commerce se viram sem alternativas, a não ser a adesão ao comércio eletrônico.

O economista Saulo Abouchedid aponta para o lado negativo do e-commerce (Foto: Arquivo Pessoal)

O professor de Economia da Facamp, Saulo Abouchedid, ressalva que Campinas será menos impactada pelo crescimento do e-commerce, pois sua economia depende majoritariamente do setor industrial. Em contrapartida, as demais cidades da região, que dependem economicamente do comércio de rua, terão suas economias mais afetadas, já que os vendedores de lojas físicas podem perder seus empregos.

Gestão e estratégias

O especialista em e-commerce, Ademir Zanini, há mais de 20 anos na área, alerta que, mesmo com o setor em crescimento, o empresário que deseja começar no mercado via internet precisa conhecer os procedimentos e a gestão.

O publicitário Mizael de Paula explica a construção do site de uma empresa. “A página de uma loja online é como a fachada de uma loja física, ela diz sobre a marca e sobre o tipo de público que se quer atingir”. Segundo ele, o empresário precisa, antes de tudo, pensar se o produto possui público dentro da internet e se o preço seria competitivo dentro do mercado on-line.

Mizael de Paula: as lojas físicas não podem ser pensadas como concorrência para um e-commerce (Foto: Arquivo Pessoal)

Para o publicitário, as estratégias do e-commerce devem ser montadas pensando na concorrência dentro da internet, e não para competir com as lojas físicas. “Fica muito difícil para o pequeno empresário fazer com que o cliente encontre o site dele, e chegue à conclusão de que é melhor comprar naquele site do que nos grandes marketplaces como Magazine Luiza e Mercado Livre”.

Na prática

Apesar da grande concorrência, os e-commerces menores ainda têm o espaço no mercado eletrônico, basta conhecer o público consumidor. A empresária Tami Furlan é de Santa Bárbara d’Oeste e possui uma loja de roupas online desde o ano passado. A proposta dela é vender e alugar roupas seminovas.

O carro chefe da loja de roupas seminovas Acervo da Tami é a produção de conteúdo sobre as peças disponíveis para compra e aluguel
(Imagem: Arquivo)
Tami Furlan: “Depois de um ano da abertura do site, toda a minha renda atualmente vem dele” (Foto: Arquivo Pessoal)

Tami Furlan disse que a sua maior dificuldade foi conhecer o público e oferecer um produto diferenciado. “Eu ofereço jeitos diferentes de usar as peças que eu vendo. Não encontrei fotos das roupas em modelos nos concorrentes, e pensei que a possibilidade de ver a peça no corpo poderia ser o meu diferencial”.

Desde 2009, Camilla Torricelli é proprietária de uma loja de roupas também em Santa Bárbara d’Oeste. Ela relata que abriu a loja em um momento em que o comércio online não era tão forte na região, e que conseguiu consolidar um público fiel com a loja física. “A proximidade com o nosso cliente sempre foi o nosso grande diferencial”.

Camilla Torricelli: “As redes sociais passaram a ser uma vitrine para a loja, mas não sinto a necessidade de abrir um site” (Foto: Redes Sociais)

Ao contrário da tendência de atendimento pelas plataformas on-line, Camilla conta que nunca sentiu a necessidade de abrir um site, mas que, segundo ela, as redes sociais se tornaram uma grande aliada nas vendas. “Com a pandemia, o contato com os clientes pelas redes social foi indispensável. Mesmo sem site, melhoramos nosso atendimento pelo Instagram e Whatsapp”.

Apesar do crescimento do setor de e-commerce, e da facilidade de estar no meio online pelas redes sociais, o empresário precisa de conhecimento e estratégia para crescer dentro do mercado. A empresária Tami Furlan alerta: “não basta abrir um site, sem estratégia as pessoas não chegam até ele”.

Não basta criar um site e vender, diz publicitário

O publicitário Mizael de Paula trabalha em uma agência de marketing e comenta sobre a adaptação das estratégias para o marketing digital quando o assunto é e-commerce. São quatro pontos clássicos dentro do marketing que estruturam as estratégias de venda: produto, praça, preço e promoção.

Mizael de Paula: “As estratégias clássicas do marketing são totalmente adaptadas ao marketing digital” (Foto: Arquivo Pessoal)

No caso de um e-commerce, a análise do produto é essencial para saber se existe mercado dentro da internet e se é um produto que se adapta ao modelo de entregas. “Geralmente os produtos vendidos em e-commerces são produtos mais customizados. Quando se trata de um produto comum, o diferencial deve ser a logística de entrega”, aconselha o publicitário.

De Paula ressalva que os pontos são interligados dentro da análise, portanto, ao estudar o produto, já se planeja simultaneamente a dinâmica de entrega dentro da área traçada, o que é chamado de praça. Ele comenta sobre a necessidade de se pensar em uma logística reversa, caso haja a necessidade de troca do produto.

 Para se calcular o preço, é necessário levar em consideração todo o processo de armazenamento e entrega para não se ter prejuízos, mas ao mesmo tempo, ser competitivo dentro do mercado eletrônico.

Com as propostas de produto, entrega e logística definidas, Mizael aponta para a importância de uma boa estratégia de promoção e divulgação. Para isso é necessário conhecer seu público e traçar um plano de comunicação.

Segundo publicitário, o primeiro passo para se abrir um e-commerce é pensar no produto

Mizael de Paula é publicitário e atua na área de marketing digital para e-commerces. Em sua agência, ele dá prioridade para estruturar qual será o produto vendido antes de criar uma estratégia de vendas completa.

Dentro da divulgação, existem estratégias para se ganhar visibilidade dentro da internet. “Dificilmente se encontra um nicho de atuação em que já não tenha um e-commerce vendendo aquele tipo de produto”, alerta o publicitário, que também destaca a importância de possuir uma estratégia diferenciada para vendas.

Outro ponto relatado por de Paula é o volume de informações na internet. “É necessário uma boa estratégia de marketing para se destacar nos sites de busca”. O publicitário ainda faz um alerta: “mesmo que existam maneiras pagas de aparecer dentro da internet, o ideal é conseguir visibilidade de maneira orgânica, o que é muito difícil”.

Orientação: Prof. Marcel Cheida

Edição: Oscar Nucci


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