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Educadores sugerem mudanças no vestibular 2021

“A metodologia pode até mudar, mas a prova irá continuar a mesma”, afirma coordenadora pedagógica

 

Por Isabela Cassólla e Yasmin Paixão

Educadores de instituições destinadas à preparação pré-vestibular apontam a necessidade de mudança na forma como são realizadas as provas voltadas ao ingresso à faculdade em meio a pandemia. Segundo eles, para que seja aferido o real desempenho dos alunos, é preciso uma adequação nas provas conteudistas que serão aplicadas no vestibular 2021.

Lara Medeiros Bellete: “Os alunos estão conformados e nós, educadores, sabemos o que funciona à distância” (Foto: Arquivo Pessoal)

A professora Lara Medeiros Bellete, socióloga e coordenadora pedagógica do Colégio Objetivo Unidade Vila Industrial, localizado no município de Campinas, considera que as aulas em formato expositivo não são tão eficazes quando se fala em atividades remotas. E, para se adaptar ao novo normal, foi preciso adotar metodologias ativas, as quais não condizem com o vestibular tradicional e conteudista.

A coordenadora pedagógica relata que para o aluno participar mais efetivamente das aulas, foi preciso montar provas de caráter crítico e comparativo, ao passo que as aulas passaram a ser ministradas em modo ‘sala de aula invertida’ e ‘ensino híbrido’.

Contudo, ela pontua que esses métodos não podem ser completamente aplicados, visto que, mesmo com as mudanças impostas pela pandemia, os vestibulandos irão enfrentar provas tradicionais e conteudistas. “Essas adequações às aulas remotas só podem ser totalmente realizadas se acompanhadas a uma mudança no vestibular. Porque, no fim das contas, a metodologia pode até mudar, mas a prova irá continuar a mesma”, afirma Lara.

Nesse contexto, Aldalzilio Machado Neto, professor de geografia nos Colégio da FAAP Ribeirão Preto, no Centro Educacional Luiz Queiroz em Piracicaba e no Koelle de Rio Claro, pondera que as avaliações podem não aferir o real desempenho dos alunos. “Acredito que a pandemia irá funcionar como uma grande lupa, ela pode ampliar tanto as facilidades quanto às dificuldades dos alunos”, avalia Machado.

Ele também pontua que o atual cenário da educação pode não ser tão homogêneo quanto se pensa, pois, apesar de enfrentarem as mesmas provas, os alunos do ensino médio e os alunos de cursos pré-vestibulares têm perfis diferentes de aprendizado. Segundo ele, nos cursinhos os alunos tendem a ter uma rotina, disciplina e um lugar propício para estudo. Já no ensino médio, é possível encontrar vestibulandos com um bom desempenho perante as atividades remotas e outros que estão enfrentando essa etapa sobre uma perspectiva de “maquiar” os resultados.

Adalzilio Machado Neto: “No geral a prova conteudista tende a ser uma lupa das dificuldades e facilidades dos alunos”. (Foto: Arquivo Pessoal)

“O ambiente escolar é muito importante para os alunos do ensino médio, porque a presença do professor remedia algumas distrações e incentiva a autogestão. Com cada um na sua casa, isso se torna impossível. Muitos estudantes copiam descaradamente conteúdos da internet, apesar dos nossos esforços para que isso não aconteça”, explica Lara. A coordenadora pedagógica ainda reforça o fato de que em aulas com formatos menos tradicionais, isso não acontece com tanta frequência.

Machado também afirma que a pandemia serve não só para ampliar as dificuldades e facilidades dos alunos, mas também a desigualdade da educação. Segundo o Comitê Gestor de Internet no Brasil (CGI.br), em 2018, 58% dos domicílios no Brasil não possuem computadores e 33% não possuem acesso à internet. Para alunos que vivem sob essa realidade, a preparação para o vestibular em meio a pandemia se torna mais difícil.

A esperança para a mudança desse cenário não se deposita apenas na adequação das provas do vestibular, mas também na volta das aulas presenciais. Ao contrário da turma de vestibulandos do ano passado, que tiveram as aulas presenciais interrompidas pela chegada da pandemia, a turma de 2021 começou o período letivo sob a perspectiva de que a chegada da vacina poderia trazer a retomada parcial ou até mesmo completa das aulas presenciais.

Victória Dote: “Me concentro melhor nas aulas presenciais, mas tive professores que fizeram boas adaptações” (Foto: Arquivo Pessoal)

No entanto, após o início do ano letivo, o Brasil passa por um dos piores momentos da pandemia, o que gerou a retomada das medidas restritivas do lockdown. Ainda que haja a expectativa de volta parcial das aulas presenciais, ainda não há datas previstas para retomada completa nas redes públicas e particulares.

A estudante Victória Dote, matriculada no curso pré-vestibular do Anglo Tamandaré, em Campinas, admite que a maior dificuldade nos tempos de pandemia foi a adaptação ao online. “Fiz um ano de cursinho presencial e um ano de atividades remotas, não senti tanta diferença na qualidade do conteúdo, mas o meu rendimento mudou”, explica.

Ela considera que o esforço dos professores em adaptar as aulas, deixando-as mais curtas, tornou a experiência do ensino remoto mais viável. “Hoje me sinto preparada para o vestibular, meus professores conseguiram fazer com que o ensino remoto seja condizente com a prova. Sei que alguns vestibulares tradicionais já estão se adequando a esse novo momento e, quanto a isso, nós estudantes ainda não sabemos o que esperar”, relata Dote.

 

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Patrícia Neves


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