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Carolina Guimarães fabrica telas que, quando prontas, são a própria criação artística
Por: Bianca Velloso
Ao invés de comprar uma tela de tecido branco ou outro objeto qualquer sobre o qual aplicar seu talento artístico, Carolina Guimarães faz a própria tela, sendo ela própria – a tela – a sua obra de arte finalizada. “A sustentabilidade foi um fator determinante”, disse a jovem recém-saída da graduação em Artes Visuais na PUC-Campinas ao explicar ao Digitais a decisão que tomou de incorporar os recicláveis em seu processo criativo.
“Eu tinha muito papel em casa e precisava fazer alguma coisa com eles. Em 2018, eu estava pensando em um tema para a minha iniciação científica, e a professora Paula Almozara me disse que seria possível estudar a produção de papéis reciclados artesanais”, explicou Carolina a respeito da pesquisa que desenvolveu na graduação. “Desde então, comecei a pesquisar sobre o assunto e a fazer experimentos. E não parei mais”.
Atualmente professora do programa “Idade Ativa”, no atelier terapêutico Dani Castelan, que é voltado a oferecer atividades para pessoas com idade acima de 50 anos, Carolina cuida de ensinar o campo da arte aos participantes.
“O contato que a área educacional oferece é fantástico. As pessoas sempre trazem ideias e possibilidades para acrescentar alguma coisa ao meu processo”, observa animada. Foi a partir dessas trocas que Carolina recebeu duas sugestões que ampliaram a visão que tinha do processo de fabricação de papel artesanal.
A primeira sugestão foi de uma aluna na primeira oficina sobre papel. “Eu pedi para os alunos levarem materiais para serem adicionados no processo de fabricação de papel. Uma aluna levou óleo essencial, eu me encantei”, afirma a artista. Depois disso, passou a colocar cheiros em suas obras, adicionando cravo da índia, canela em pó ou camomila, entre outras ervas aromáticas.
Em outra aula que ministrava, surgiu uma nova possibilidade: a adição de cascas de árvores e folhas secas. “Alguns alunos me perguntaram se podia adicionar esses materiais. Eu nunca tinha pensado nisso”, lembra Carolina. A ideia contribuiu para o enriquecimento do aspecto sensorial presente nas obras, que passaram a ganhar relevos.
“Sinto que eu tenho essa necessidade de fazer algo, de sempre criar algo novo”, disse Carolina, que afirma ter o lado experimental bem aguçado. Recentemente, começou a pesquisar outro elemento tradicionalmente utilizado em pintura: os pincéis. Mas o fez de forma diferente: “Cortei meu cabelo e juntei os fios em um tubo de caneta. Ainda não está como eu queria, mas continuo testando para saber como posso melhorar”.
Uma das técnicas que Carolina usa para fabricar o papel consiste em bater pedaços de papéis no liquidificador com água e colocar em um bastidor – uma moldura de madeira com uma tela – para escorrer a água e permitir a secagem do papel. Sobre a pasta, ela adiciona outros elementos, como flores, corantes e ervas aromatizantes.
Como a apresentação do trabalho de conclusão de curso foi feita por meio de um website, as características sensorial e aromática seriam prejudicadas. “Pedi para as pessoas próximas a mim gravarem um áudio contando sobre as experiências sensoriais que tinham com os elementos que eu utilizei na confecção do papel”, explica. Além dos depoimentos, a artista adicionou uma descrição sobre a obra e gravou vídeos de todo o processo.
“Eu gosto muito de trazer essa parte educacional para as minhas apresentações. Falo sobre a importância da reciclagem e de como foi o processo de fabricação da obra”, diz Carolina, que acredita na eficiência do método para conectar as pessoas à arte.
O trabalho desenvolvido por Carolina está documentado e ficará disponível por tempo indeterminado aos interessados. Caroline salientou a importância de deixar a arte mais próxima das pessoas, além de usar o site como portfólio. Para obter os detalhes de cada uma obra, basta clicar na foto.
Aqui acesso ao trabalho desenvolvido pela artista Carolina Guimarães.
Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti
Edição: Letícia Franco
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