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Elaine Marques conta como a filha foi inspiração para criar o Rede Azul
Por Patrícia Neves
Hoje (2) é o Dia Mundial de Conscientização do Autismo e, por isso, Elaine Marques contou para o portal de notícias Digitais a história da criação do aplicativo Rede Azul que foi inspirado na luta para diagnosticar a filha, Alicia Nicol.
O aplicativo é um exemplo de acessibilidade por reunir diversas indicações de famílias que convivem com a síndrome do espectro autista sobre profissionais de diversos ramos da sociedade. A inspiração do aplicativo veio da história que Elaine Marques viveu ao longo dos primeiros 12 anos da vida da filha – entre idas e vindas a médicos, muitos diagnósticos e muitos medicamentos errados.
Durante anos, o tratamento já não era mais eficaz, muito pelo contrário. O tratamento estava estagnado e deixou a menina apática por seis longos anos. Esse foi o drama que Elaine Marques passou até que, em 2012, aos 12 anos da filha, a médica de Campinas, Dra Rosana Kerswani, confirmou: “é autismo”.
Na contramão do senso comum, o diagnóstico foi um alívio. “Para muitas mães é difícil e elas acabam passando por um luto, mas para mim foi justamente o contrário porque eu já estava agoniada de procurar resposta”, contou Elaine.
Com essa notícia, a rotina de Elaine que mora em Indaiatuba (SP) mudou, tendo que, a partir de então, dedicar mais tempo para a filha. Contudo, ela encontrou um novo obstáculo: a falta de profissionais experientes. “A partir daí, começou uma outra saga: a procura por profissionais com experiência em autismo porque o tratamento de um profissional sem experiência pode regredir o desenvolvimento do autista”, contou a publicitária.
Com a dor de um diagnóstico tardio e diversos tratamentos errados, Elaine decidiu que lutaria para que outras mães não passassem pela mesma agonia que viveu. Noites a fio, cabeça no travesseiro e o pensamento nas diversas famílias que teriam diagnóstico errado, ela passou a se perguntar: “De que forma essa dor pode ser minimizada?”.
Por meio da força dessa mãe, ela resolveu acolher diversas famílias sequer conhecidas e tomou uma decisão: “eu pensei em ter todas as informações reunidas de forma organizada e podendo ser alimentadas pelas próprias famílias, assim teríamos um lugar para reunir todas as boas experiências”. E desse amor nasceu o aplicativo Rede Azul no dia 19 de dezembro de 2019.
Aplicativo Rede Azul
De uma ideia humilde e cheia de vontade de ajudar outras famílias com diagnóstico de autismo, surgiu um aplicativo que gerou uma conexão entre muitas famílias que passariam pelo que a Elaine passou, criando, assim, uma rede de indicações e informações sobre profissionais experientes em autismo.
Ao baixar o aplicativo logo você se sente acolhido porque existem 19 categorias, desde médicos especialistas até cursos de música especializados, e segundo a CEO do aplicativo, tem novidade vindo aí. “Uma das coisas que também vamos focar no aplicativo é a busca de profissionais que tenham experiências com adultos, sobretudo na inserção do mercado de trabalho. Então, vamos incluir uma categoria sobre empresas que praticam responsabilidade social e que contratam autistas”, revelou animada com a possibilidade.
A Rede Azul depende de toda a comunidade contribuir com recomendações disponíveis em 20 estados brasileiros e Elaine já disse que pretende expandir o software. “Eu gostaria muito que o aplicativo se tornasse grande e onde temos só o autismo, teríamos também a síndrome de Down, amputados e cadeirantes, de forma que a pessoa clique na informação e ali vão abrir as indicações para outros tipos de deficiência também”, disse com olhar sonhador.
Documentário
Ao longo da luta e busca por tratamento para Alicia, Elaine Marques teve duas grandes ideias para ajudar a comunidade autista: o aplicativo Rede Azul e um documentário. Ela teve a ideia de registrar em vídeo a origem desse projeto que já ajuda muitas famílias atípicas e foi atrás de produtoras que tinham o ideal de responsabilidade social para ajudá-la. Para ela, “a ideia do documentário sobre o Rede Azul era deixar um legado”.
“Eu sempre quis ter algum material que pudesse divulgar o aplicativo e que pudesse levar outras pessoas à nossa realidade, motivar outras famílias e mostrar que existe desenvolvimento, oportunidade e principalmente conscientização”, afirmou Elaine orgulhosa e ainda complementou sobre a ideia: “Eu queria uma coisa legal, uma coisa alegre, uma coisa moderna, uma coisa real”.
E em um dia tão importante como o Dia da Conscientização do Autismo, Elaine Marques finaliza deixando uma mensagem de reflexão: “desejo que as pessoas se aproximem cada vez mais desse tema independente delas terem relação porque precisamos conviver em paz com todos para que nós mães possamos sentir paz no coração de que nossos filhos serão de fato incluídos na sociedade”.
Confira o documentário “A História do App Rede Azul”:
Orientação: Profa. Amanda Artioli
Edição: Patrícia Neves
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