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Covid-19 afasta fumantes do tratamento para largar o vício

“De 40 pacientes por semana, atendemos hoje apenas quatro”, diz Ermilo Bettio, da Unicamp

 

 

Por: Fernanda Almeida

Os fumantes são um dos grupos de risco à infecção por Covid-19, por conta da condição mais debilitada dos pulmões. Mas a pandemia da doença que ataca as vias respiratórias fez diminuir o número de atendimentos no Ambulatório de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Unicamp. O enfermeiro Ermilo Bettio Júnior, 34, coordenador do órgão, diz que a média de pacientes recebidos semanalmente caiu de 40 para quatro.

No Dia Nacional do Combate ao Fumo, celebrado neste sábado, 29, ele ressalta, no entanto, que o tratamento é seguro. “O ambulatório psiquiátrico, onde ocorrem os atendimentos, se fundiu com outras unidades ambulatoriais. Reduzimos a quantidade de salas, além de eliminar os grupos, por conta da aglomeração. Agora, os atendimentos são individuais”, diz.

“Ser tabagista saiu de moda”, afirma o enfermeiro Ermilo Bettio Júnior (Foto: Arquivo pessoal)

Há sete anos sem fumar, o assistente de vendas internas Jacson Souza Leal Jr, 33, conseguiu largar o vício sem ajuda. Ele diz que começou com o cigarro de menta aos dezesseis anos, quando morava no exterior, devido à pressão de amigos. Mas foi aos dezoito que se tornou um problema, quando começou a comprar um maço de cigarros por dia. E isso continuou por dois anos.

Ele conta que parou de fumar por um ano, mas acabou voltando pela convivência com os amigos fumantes em festas. Consumiu cigarro de palha por mais quatro anos até resolver parar definitivamente, aos 26 anos. “Eu me perguntei por que estava fumando. Não me servia para nada, não me ajudava e me fazia mal. Então, tomei a decisão de parar”, diz Leal Jr.

Segundo estudo de 2018 do Sistema de Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel), 9,8% da população brasileira ainda é fumante, sendo a maioria homens. Esse número significa uma diminuição de quase 40% nos últimos 12 anos. Os que continuam “são fumantes de longa data, que não conseguem fazer isso por conta própria,” diz o enfermeiro e coordenador do ambulatório de psiquiatria do Hospital de Clínicas da Unicamp.

Ele afirma que investimentos em programas de combate ao fumo na saúde pública e a proibição de propagandas de cigarros são alguns dos fatores que incentivaram as pessoas a pararem de fumar. “Ser tabagista saiu de moda”, afirma Bettio.

Para a psicóloga Letícia Gualda, o desejo de ser mãe a fez desistir do fumo (Foto: Arquivo pessoal)

A psicóloga Letícia Amoedo Campos Gualda Rezende, 46, abandonou o cigarro há mais de uma década. Fumante por 17 anos, ela diz que o desejo de ser mãe foi o principal fator para desistir do fumo. “Foi a determinação de engravidar que me fez nunca olhar para trás”, conta Letícia, que experimentou seu primeiro cigarro aos quinze anos. Ela conseguiu deixar o vício sem ajuda, mas conta que já havia tentando outras vezes, sem sucesso. “Era uma atividade que eu fazia junto com os amigos. Era difícil”. Após onze anos sem ter uma recaída, a psicóloga conta que não sente mais falta.

Tratamento

O Ambulatório de Psiquiatria do Hospital de Clínicas da Unicamp é uma das 45 unidades de saúde cadastradas no Programa Municipal de Tabagismo, da Secretaria de Saúde de Campinas. O projeto, gratuito, oferece terapias individuais e em grupos e suporte medicamentoso. O enfermeiro conta ainda que o programa tem também um caráter informativo e educativo, apresentando informações sobre o tabagismo, além de responder a questionamentos trazidos pelos participantes.

Segundo dados de um estudo com 80 tabagistas atendidos no Hospital de Clínicas da Unicamp, em 2019, realizado por da Associação Brasileira de Estudos do Álcool e outras Drogas (Abead), 75% dos pacientes cessaram o uso do tabaco, e apenas 10% abandonaram o tratamento.

“Muitos pacientes procuram o programa com a ideia de que vamos oferecer o medicamento, e ele vai parar de fumar, mas isso não acontece”, diz o enfermeiro.  Segundo ele, a medicação equivale a uma pequena parte do tratamento dos pacientes. Medidas comportamentais e estratégias construídas em grupo, como participar das reuniões motivacionais regularmente e nelas discutir como está sendo parar o uso da nicotina são os principais fatores que ajudam o fumante a parar e permanecer abstinente.

Serviço

Hospital de Clínicas Unicamp

R. Vital Brasil, 251 – Cidade Universitária, Campinas – SP, 13083-888

(19) 3521-7514

Reunião todas as quartas às 7h30

 

Orientação: Profa. Juliana Doretto

Edição: Beatriz Borghini


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