Ciência

Para desvendar a esquizofrenia a partir do microscópio

Amostras, definidas como minicérebros ou organoides cerebrais, permitem avaliar os mecanismos de funcionamento da patologia

Por: Larissa Fortunato e Giovanna Sottero

Um estudo realizado pela Unicamp pode contribuir para o entendimento e tratamento da esquizofrenia. A pesquisa consiste na criação de minicérebros, que são amostras que podem ser usadas para estudar a doença in vitro.

Segundo o biólogo, doutor em bioquímica e professor da Unicamp Daniel Martins de Souza, por não ser possível estudar o cérebro de uma pessoa viva, foi gerado em laboratório um modelo no qual é possível testar novos tratamentos em potencial, assim como ligar e desligar genes, para entender qual é a função de cada um, entre outros estudos, por meio dos organoides cerebrais.

O estudo pode ajudar a entender o que acontece no cérebro de uma pessoa com esquizofrenia ainda quando ela era um bebê na barriga da mãe. (Imagem: Pedro Amatuzzi)

Os organoides cerebrais, também conhecidos como minicérebros, são uma tecnologia emergente na neurociência. Eles são aglomerados de células nervosas, ou neurônios, que se assemelham, em alguns aspectos, à estrutura e organização do cérebro humano.

“Nós obtivemos estes organoides cerebrais através de células tronco. Coletamos células de pacientes vivos, como por exemplo da pele e da urina, cultivamos essas células e empregamos uma metodologia na qual conseguimos convertê-las em células tronco. Então as transformamos em células do cérebro de uma pessoa com a doença”, explica o professor Souza.

Embora não sejam exatas réplicas do cérebro humano, os organoides cerebrais são ferramentas valiosas para o estudo do desenvolvimento cerebral, doenças neurológicas e o efeito de medicamentos no cérebro.

Imagem de ressonância magnética de cérebro. (Imagem: GETTY IMAGES/BBC)

A esquizofrenia é uma patologia mental grave que muda o modo como a pessoa pensa, sente e se comporta socialmente. Dessa forma, manifestam-se sintomas como alucinações, delírios, dificuldades no raciocínio e alterações no comportamento como indiferença afetiva e isolamento social. De acordo com levantamento feito pelo Ministério da Saúde em 2021, cerca de dois milhões de brasileiros têm esse distúrbio mental, que afeta a percepção de realidade.

No laboratório são feitos tratamentos farmacológicos empregando diversos compostos para entender se servirão para eventuais terapias. Além disso, a pesquisa mostra que pode ser possível modelar o início da esquizofrenia, ou seja, ver o “desenvolvimento do cérebro” desde o começo. Dessa forma, o estudo pode ajudar a entender o que acontece com uma pessoa com esquizofrenia quando ela ainda é um bebê na barriga da mãe.

“Nosso principal objetivo é esse, fomentar o conhecimento sobre a esquizofrenia, porque isso é o que vai possibilitar o desenvolvimento de novas terapias”, reforça Souza. A pesquisa começou em 2014 e continua até os diais atuais. “A gente ainda tem bastante coisa para descobrir”, concluiu o pesquisador.

Orientação: Prof. Artur Araujo

Edição: Suelen Biason


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