Ciência

Educação como chave para conscientização climática

Para Estefano Gobbi, ações individuais são mais eficientes que medidas públicas

Por: Beatriz Candiotti

Decretado pela lei Nº 12.533, o Dia Nacional da Conscientização das Mudanças Climáticas, comemorado em 16 de março, incentiva a população a articular atos, eventos e debates que incentivem a conscientização sobre os efeitos das ações climáticas nos ecossistemas brasileiros. Para o Doutor em Geografia pela Universidade Estadual de Campinas e Diretor da Faculdade de Geografia da PUC-Campinas, Estefano Seneme Gobbi, é uma educação de qualidade que promove não apenas a conscientização, mas mobiliza o cidadão a de fato mudar seus hábitos e engajar em ações para o enfrentamento das consequências das mudanças do clima. “Se ao longo da vida escolar a população tiver uma boa compreensão de Geografia, Física, Química e Biologia, em alguns anos teremos uma série de ações individuais que serão muito mais impactantes que qualquer outra medida”, afirma o especialista. 

“A educação ambiental nas escolas faz os alunos trazerem as boas práticas para dentro de casa, conscientizando também os pais”, afirma Estéfano Gobbi (Foto: Beatriz Candiotti) 

Segundo Gobbi, através do conhecimento geográfico e de suas áreas afins é possível se reconhecer como cidadão e só então entender a relação entre o ser humano e a natureza para assim mudar os hábitos. “É essencial entender a razão dos mecanismos de preservação de animais e plantas, identificar padrões de consumo, compreender a legislação ambiental, zoneamento e planejamento do espaço urbano, modais de transporte, e ter entendimento da atmosfera e dos recursos naturais”. Para o geógrafo, a compreensão dessa essência da geografia é o que constrói uma boa relação entre o cidadão e o espaço onde ele vive. 

Entretanto, o especialista afirma que, sendo a questão climática um problema global, há dificuldade em conscientizar o cidadão de que cada um pode contribuir em seu estilo de vida, em seus padrões de consumo e nas ações cotidianas. “Assim como as ações individuais somente resultarão em impacto se muitos indivíduos participarem, as ações de um poder público municipal somente se converterão em algum resultado se muitos municípios praticarem as mesmas ações”. 

Nesse sentido, a Prefeitura de Campinas lançou, no dia 15 de fevereiro em evento do Paço Municipal, um pacote de ações que visam combater as consequências das mudanças climáticas, e de acordo com a assessora técnica da Secretaria do Clima, Meio Ambiente e Sustentabilidade (Seclimas), Ângela Guirão, a maioria delas já está em andamento. As ações envolvem a ampliação de sete para 15 as equipes para manejo da arborização urbana e do processo de compostagem da Usina Verde; o monitoramento das áreas de descartes irregulares com câmeras da Cimcamp, o lançamento do programa de Capacitação de Agentes Comunitários para Desastres e Emergências, e a criação do Plano de Controle de Enchentes e Inundações. 

Em relação à educação e conscientização sobre as mudanças climáticas, a novidade é o Portal das Ações Climáticas de Campinas, que permite à população ter conhecimento das principais fontes de emissão de CO2 na cidade, o número de árvores plantadas, as toneladas de CO2 absorvidas e as toneladas de emissões evitadas. Segundo Guirão, o portal foi criado com o intuito de fornecer informações sobre os atos da Prefeitura voltados à adaptação e mitigação climática. Além de trazer o histórico da agenda climática e compromissos assumidos pelo município na redução de emissões de gases de efeito estufa, o portal informa sobre a Política do Clima e demais planos municipais que têm interface com o tema. 

As mudanças climáticas têm grande transversalidade com outros temas, como saúde, habitação e resiliência. E é importante as pessoas perceberem essas conexões”, comenta Ângela Guirão (Foto: Arquivo pessoal) 

De acordo com Estefano Gobbi, apesar de todas as medidas, incluindo a criação do portal, serem eficientes, já deveriam ter sido instauradas há muito tempo. “Elas deveriam estar mais relacionadas à uma gestão pública eficiente para cuidar de algo que sempre existiu, e não ao surgimento do debate dos efeitos das mudanças climáticas”, afirma o especialista. A assessora técnica da Seclimas explica que as ações foram mais voltadas à melhora da qualidade de vida da população. “De qualquer forma, a abordagem mais incisiva do tema junto à mídia e a divulgação destas ações, preparam a população para mudanças de hábitos e para se tornarem mais resilientes frente às mudanças climáticas”, afirma. 

Orientação: Prof. Gilberto Roldão 

Edição: Gabriela Moda 


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