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Reitoria faz concessões e termina greve na Unicamp

Estudantes paralisaram as aulas por duas semanas e ocuparam o prédio do Instituto de Matemática

Por: Vitória Régia

O IMECC (Instituto de Matemática, Estatística e Computação Científica da Unicamp) foi ocupado por alunos de toda a universidade no dia 3 de outubro, quando o docente Rafael de Freitas Leão tentou atacar um estudante dentro do prédio. Em vídeo divulgado nas redes sociais, pode-se ver o professor correndo atrás do aluno com uma faca na mão. Em princípio, a mobilização seria somente uma paralisação, mas após a agressão, os jovens ocuparam o Instituto e impediram as aulas, coisa que durou mais de 15 dias e se encerrou ontem (19), após uma assembleia.

Dormiam cerca de 200 pessoas por noite dentro do IMECC, com revezamento e atividades culturais (Foto: Vitória Régia)

Uma extensa lista de reivindicações moldou a greve dos estudantes, que dormiram no IMECC e promoveram eventos no local, como palestras, oficinas e aulas. Dentre as principais exigências, estavam cotas para pessoas trans, funcionamento do restaurante universitário aos fins de semana, contratação de mais professores, serviço de acolhimento para casos de racismo e o veto do programa de ponto eletrônico, que está em curso.

Um aluno que participou diretamente da mobilização, mas não quis se identificar, afirma que a greve começou por iniciativa do DCE (Diretório Central dos Estudantes), que apontava vários problemas estruturais na Universidade, mas não eram ouvidos pela Reitoria. Porém, enfatiza que o mote principal se montou depois do ataque de Rafael Leão, na delegacia, onde testemunhas foram prestar depoimento e apoio ao estudante atacado. Essas mesmas testemunhas viraram os pioneiros da ocupação.

Segundo o grevista, dormiam cerca de 200 pessoas por noite dentro do IMECC, mas ele reitera que todas as frentes politizadas da Unicamp faziam revezamento no acampamento durante o dia e participavam das atividades culturais promovidas por eles, o que juntou cerca de 500 a 600 pessoas no local. “Teve yoga, capoeira, oficina de discotecagem, oficina de funk, construção de piquetes, rodas de samba e palestras promovidas pelo movimento negro da Unicamp”, afirma.

O estudante diz que o Movimento Estudantil estava muito debilitado nos últimos anos e que essa greve foi um movimento político de ascensão. “Primeiro, estávamos fazendo o movimento mais pacífico possível, estávamos deixando qualquer um passar, fazendo concessões com o objetivo de promover uma boa negociação com a Reitoria. Porém, o que conseguimos com isso foi um ‘cuspe’ na nossa cara, com uma carta de resposta às nossas demandas, que exigia a desocupação do IMECC para a continuação das negociações. Assim, nosso objeto de “barganha” some, não conseguimos nada, por isso estamos monitorando bem quem pode entrar no Instituto”, conta.

Para esse aluno, as pautas internas do IMECC e da Unicamp como um todo se fundiam, como por exemplo na questão da necessidade de contratação de mais professores. “Não adianta eu ter um professor que me dá aula de análise computacional, me dando também análise de livro didático. Temos essa pauta de contratação de mais professores focados para licenciatura, no Instituto de Matemática, por exemplo”.

Sávio Machado Cavalcante, professor de sociologia e assessor docente do pró-reitor de Graduação esclarece o posicionamento da Reitoria quanto à greve, apesar de citar que a comunidade docente era bastante heterogênea. “Existiu sim uma diferença de posicionamento da comunidade universitária, embora o compromisso comum foi de gestão. Acho que a Pró-Reitoria de Graduação entendeu antes a gravidade do ataque do professor ao aluno”, afirma.

Para Cavalcanti a greve era legítima, e trazia pautas importantes, como a contratação de mais professores. “A contratação é desigual pelas áreas, o que tem a ver com uma mudança nas exigências do perfil do professor, para que estejam mais atentos a questões raciais e de gênero, por exemplo. Porém, é preciso resolver também algumas restrições que são colocadas pela Assembleia Legislativa do Estado e que às vezes atrasam o processo”, conta.

Na última quinta-feira, 19, foi feita uma Assembleia na Unicamp onde concessões da Reitoria colocaram um fim na ocupação. Entre elas, estão o compromisso da criação de um GT que dá subsídio e respaldo legal para a entrada de pessoas trans na Unicamp, afastamento preventivo do docente Rafael Leão e Comissão de acompanhamento com a Prefeitura e Segurança do campus para acolhimento para violência sexual e gênero, entre outras coisas.

Sobre a contratação de mais professores, foram apresentados ajustes de distribuição de 249 vagas (com cotas para PCD), assim como 129 bolsas de pós-doutorado. Um dos únicos pontos que não foram colocados em negociação foi a do ponto eletrônico, que continuará em curso.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Melyssa Kell


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