Educação

Quando a guerra vira assunto na sala de aula

Tema deve ser tratado com cautela, recomenda pedagoga

Por: Amanda Gabrieli Florentino Lira e Ingrid Fernanda Freire Lopes

A recente guerra entre a Rússia e a Ucrânia, que estourou no final do mês de fevereiro, fez com que os jornais focassem na cobertura do conflito, dando a maior parte do espaço dos noticiários para falar sobre a guerra e, consequentemente, tornando-se um dos assuntos mais falados na internet e nas redes sociais.
Segundo Adriana Machado, professora de crianças entre 6 e 10 anos do ensino fundamental I, falar da guerra com essa faixa etária é algo necessário porque faz parte do contexto em que elas estão inseridas, mas é um assunto que deve ser tratado com certa cautela, “elas ouvem notícias, elas querem saber, elas trazem essa curiosidade, mas é preciso ter muito cuidado, falar de uma maneira mais branda, não trazer dados tão específicos, porque não são pertinentes à idade. Por outro lado, é preciso considerar essa curiosidade delas, tratando os assuntos de uma forma mais sutil, falando pelo viés da solidariedade, da empatia”, disse.
Para a professora, a escola tem o papel de contribuir no sentido de expor os fatos, considerar as dúvidas das crianças, “os pequenos têm realmente muita curiosidade de como que é, como as crianças estão vivendo lá, qual é essa situação… então, a escola tem esse papel de transmitir essas informações, isso é fundamental para que eles tenham fontes confiáveis, já que, hoje em dia, eles têm acesso a diversas fontes que trazem notícias que nem sempre condizem com a realidade”, relata Adriana.
A Yasmin Ramos tem 9 anos e disse que acompanha as notícias pelos telejornais, “eu assisto a muito jornal com a minha vó e a minha família e sempre vejo as notícias da guerra lá, sei que a Ucrânia está sendo atacada pela Rússia, que tem vários soldados e pessoas feridas, que muitos lugares já foram alvos de bombas e que as mães estão ficando separadas dos filhos e parentes”, conta.
Dentro da casa de cada criança, a forma com que as informações das guerras são abordadas em casa é diferente. Adriana destaca que, enquanto algumas famílias preferem não tocar no assunto, outras já esclarecem com mais detalhes, portanto, cabe a cada uma decidir como apresentar a situação para filhos e construir a opinião sobre os fatos, “alguns pais acham importante explicar os fatos detalhadamente, dar a criança o acesso às reportagens, às imagens e, outros preferem preservar o filho porque entendem que a criança ainda é muito nova, que não precisa ter contato com essa violência toda tão cedo”, explica.
Na escola em que a Adriana é professora, ela desenvolveu com os alunos uma atividade para relacionar os conteúdos trabalhados em sala de aula com o assunto da guerra entre a Rússia e Ucrânia, “ nós já estávamos trabalhando o tema de migrações e refugiados, então quando a gente inseriu esse assunto da guerra nas aulas, foi bastante significativo para eles, porque eles conseguiram perceber todo esse movimento de imigração, de necessidade de acolhimento de outros países. Foi uma aprendizagem bastante significativa para as crianças”, relatou a professora.
A atividade que a Adriana propôs aos alunos foi iniciada com uma conversa, em que as crianças puderam falar o que eles sabiam sobre a guerra, fazer perguntas e tirar dúvidas e, em seguida, a professora pediu que os pequenos fizessem um desenho, imaginando que seria enviado para a Ucrânia ou para a Rússia, em que eles expressassem qual seria a mensagem que gostariam de passar e, a partir disso, surgiram cartazes com pedido de paz e do fim da guerra.
Em meio a perguntas inusitadas das crianças, como “se algum ucraniano vier refugiado para cá, a Rússia vai vir fazer uma guerra aqui no Brasil?” e, perguntas que a professora não soube responder, como “quando a guerra vai acabar?”, a atividade, segundo Adriana, foi responsável por “trabalhar a questão da conscientização e da solidariedade, de enviar energias positivas, enviar pedidos para que a guerra termine e para que tudo seja resolvido da melhor forma possível”.

Orientação e edição: Prof. Artur Araujo


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