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Cândido Ferreira propõe museologia social como terapia

Em videoconferência, o especialista Mário Chagas avisa: “os museus salvam vidas”

Por Vitória Landgraf

O Serviço de Saúde Dr. Cândido Ferreira, instituição filantrópica de saúde mental de Campinas, pioneira na luta antimanicomial e da adesão ao movimento da reforma psiquiátrica, apresentou e defendeu em seminário virtual, nesta quarta-feira (29), pelo canal do YouTube, a importância do espaço museal e a presença da arte nas instituições psiquiátricas como parte do processo terapêutico e de inclusão social dos pacientes.

No alto, pacientes do Cândido Ferreira. Abaixo, Mário Chagas: “A museologia tem uma dimensão terapêutica, que contribui para a dignidade da pessoa humana” (Imagem: YouTube)

O debate por videoconferência, que teve por tema “Entrelaçamentos entre saúde mental e museologia social”, contou com a presença de especialistas e estudiosos da área, seja de saúde mental ou da museologia. Dentre eles, participou o poeta, museólogo e professor Mário Chagas, um dos principais nomes da Universidade Estadual do Rio de Janeiro; a doutora em museologia Juliana Siqueira e a artista visual Andrea Mendes, presidenta do Conselho Municipal de Política Cultural de Campinas.

“Os museus salvam vidas”, ponderou Mário Chagas, doutor em Ciências Sociais, presidente do Movimento Internacional para Nova Museologia e diretor do Museu da República, do Instituto Brasileiro de Museus, ao elogiar o trabalho do Instituto Cândido Ferreira que, em 2018, constituiu-se como um museu vivo. A instituição possui 22 mil itens, entre documentos, fotos e obras de artes que compõem o acervo e permitem contar à população a história da psiquiatria no Brasil.

Segundo Chagas, a articulação entre saúde, cultura e espaço museal contribui para o fortalecimento da psique humana, além de ter forte implicações em programas de saúde mental. “A museologia tem uma dimensão terapêutica, que contribui para a dignidade da pessoa humana e para a dignidade social”, afirmou ele.

Para a artista Andrea Mendes, responsável por musealizar as peças culturais produzidas pelos usuários da instituição Cândido Ferreira, o uso do museu como uma ferramenta comunitária – campo compreendido pela museologia social – traz aos pacientes a oportunidade de divulgarem e entenderem as suas próprias narrativas.

“Esse acervo é um rico material para estudo, pois mostra o lado doloroso dos usuários, mas também a ressignificação da dor e da libertação de pessoas que, por muito tempo, seguiam reclusas e inviabilizadas da sociedade”, comentou Mendes.

“A cultura precisa ser um ninho acolhedor”, refletiu Juliana Siqueira, assessora do Museu Vivo Cândido Ferreira. A museóloga disse acreditar que os museus facilitam a aprendizagem e o conhecimento de uma variedade de competências cognitivas, como o pensamento crítico e uma melhor compreensão da sociedade. “As pessoas não percebem como o nosso conjunto de ações culturais tem sido destrutivo ao incentivar uma cultura sem amor. Dizem que aquela pessoa é doente mental, mas não param para pensar como a saúde mental está vinculada a um ambiente cultural saudável”, apontou Juliana.

Como contrapartida ao Projeto PROAC, referente à modernização de museus, arquivos e acervos no estado de São Paulo, o Museu Vivo Cândido Ferreira oferecerá ao público, a partir do mês de dezembro, uma exposição virtual pela plataforma Tainacan. Serão 500 obras produzidas e escolhidas pela comunidade do Cândido, composta por usuários, gestores, trabalhadores, parceiros e associados.

Aqui, acesso ao link da live “Entrelaçamentos entre saúde mental e museologia social”.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Fernanda Almeida


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