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No quarto episódio da série, programa abordou preconceitos e gerontecnologia
Por Larissa Biondi
No último episódio lançado do Café Expresso, transmitido ontem, 1, pelo canal do Youtube da CPFL Cultura, Carla Santana, presidente da Sociedade Brasileira de Gerontecnologia, e Alexandre Kalache, do acervo Instituto CPFL, dividiram a tela em uma discussão sobre a relação entre o envelhecimento e o uso da tecnologia.
“Respeitar a autonomia e manter a independência da pessoa mais velha é uma obrigação nossa como sociedade”, assim iniciou Carla Santana no quarto episódio da atual série sobre tecnologia do Café Expresso — programa derivado do já conceituado Café Filosófico, mas com um perfil mais dinâmico, contando com a participação de dois convidados. “A gerontecnologia é um conceito novo, especialmente aqui no Brasil, e se destina a descrever o encontro do desenvolvimento tecnológico com o envelhecimento da população. Ela nasce como conceito interdisciplinar da necessidade de pensarmos soluções para muitas demandas que os idosos têm em suas vidas”, explica.
De acordo com Santana, a gerontecnologia se organiza nas seguintes dimensões: atividades de vida diária, saúde e autoestima, comunicação e governança, mobilidade e transporte. Para ela, a relação entre a tecnologia e o envelhecimento se dá no aprimoramento do engajamento social dos idosos. “A gente tem um olhar muito focado naquilo que está declinando, como as habilidades visuais e motoras ou cognitivas. Mas a gente teria que pensar na pessoa que trabalha, que é um empreendedor, viaja, estuda… A tecnologia pode trazer soluções interessantes para que essas pessoas continuem engajadas.
Alexandre Kalache, então, surge com reflexões sobre o futuro do Brasil, futuro este que teria o dobro da quantidade de idosos que se encontram hoje no país. “O século XXI vai ser caracterizado pelo envelhecimento. Mas, para isso, é preciso que a gente tenha uma constante construção social do que é o envelhecimento”.
Para Santana, a relação entre idosos e os mais jovens é indispensável para ambos os grupos. Nesse processo, os idosos devem mirar para as habilidades das pessoas mais jovens no campo da tecnologia e vice-versa. “As mudanças sociais vão exigir que os mais jovens tenham essas competências, então muitas vezes a pessoa mais velha desvaloriza o uso da tecnologia pelos mais jovens. Isso é muito interessante para reconhecer o valor que os jovens têm. Por outro lado, eles podem reconhecer todo o aprendizado que se conecta com experiências muito grandes”.
O envelhecimento é um processo da vida. Em vez de celebrarmos, a gente fala de envelhecimento como um fardo. Que problema, para nós, individualmente, mas para a sociedade, não. Não há nada de errado com a velhice, o que há de errado é a nossa atitude em relação a ela”, disse Kalache sobre o preconceito que a sociedade ainda dirige à população idosa. Ainda sobre esse assunto, Carla Santana complementa: “Eu chamo atenção para uma questão muito importante, que é o etarismo, que é o preconceito que alguém tem pelo outro porque o outro é mais velho. A gente ouve muitas vezes os mais jovens falarem que idoso e tecnologia não combinam. Na verdade, idoso e tecnologia sempre combinaram”, conclui.
Em meio ao preconceito, os idosos também enfrentam desafios com relação a diversos tipos de acessibilidade, mas tentam, ainda assim, se inserir na sociedade digital em busca da saciedade das suas demandas. “A maior parte dos registros, de consumo e consultas são feitos digitalmente. Quando a gente coloca um sujeito que não consegue operar um sistema, a gente coloca essa pessoa destituída de um direito. O letramento digital é uma questão de cidadania… A gente tem que pensar na pessoa mais velha, o idoso, como uma pessoa plenamente capaz de dominar o que ele quiser”, encerra Carla Santana.
Orientação: Profa. Amanda Artioli
Edição: Leonardo Fernandes
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