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Teatro virtual desata os nós da pandemia

Michele Braz, em “A Estranha, e outros 18 artistas apresentam monólogos no espetáculo “Terminal Só”

Michele Braz, no monólogo “A Estranha”, trouxe a xenofobia para o palco virtual (Imagem: Zoom)

Por Oscar Nucci

Com 19 monólogos de traços biográficos e relatos emotivos dos atores, o espetáculo “Terminal Só” propôs uma narrativa a partir de vagões de trem com destino a uma imaginária estação na qual se chega solitário. A peça, dividida em quatro estações, apresenta de conta com monólogos de cerca de 20 minutos, em textos que abordam a pandemia e vasculham memórias de infância. Os solos de cada artista emocionaram a muitos espectadores presentes na encenação dirigida por Nelson Baskerville e apresentada na sexta e no sábado (19 e 20), a partir das 19 horas, na plataforma Zoom.

Em um vídeo postado no perfil do Instagram de “Terminal Só”, a atriz Renata Sorrah, da rede Globo, elogiou a profundidade e as reflexões do espetáculo. “São solos primorosos e que me afetaram profundamente nessa pandemia que estamos vivendo”, disse a atriz que interpretou a personagem Nazaré Tedesco na novela “Senhora do destino”.

“A estranha”, solo estrelando Michele Braz em “Terminal Só”, trouxe para o palco virtual uma reflexão em relação à xenofobia.  Em forma de uma memória de infância, Michele contou sobre quando, em sua família, recém chegada da região nordeste para São Paulo, recebeu ataques preconceituosos de uma vizinha do apartamento em que estavam morando.

Letícia Zapata, em “Riscos diários”, montou cenário de cubículo cheio de fotos e mensagens (Imagem: Zoom)

Em “Eu sou atriz”, monólogo de Luma Duarte, a intérprete relata a vida de uma menina que cresceu sonhando em subir aos palcos, mas que acabou virando advogada por pressão da família. Recentemente, deixou a advocacia de lado para retomar o sonho de infância, mas tinha uma pandemia no caminho. “As pessoas não são papéis que você pode jogar fora”, disse a atriz no monólogo quando refletia sobre a profissão de advogada.

O comovente “Aire”, de Marieli Goergen, faz referência a uma filha desolada pela morte do pai, uma das 290 mil pessoas que perderam a vida no Brasil por conta do novo coronavírus. Enquanto a personagem principal do monólogo, Marieli, caia em lágrimas pela perda e reforçava que não se travava de uma gripezinha, outra tela mostrava manchetes de jornais em que o presidente Bolsonaro menosprezava o potencial destrutivo da doença. O monólogo se encerra de maneira dura: um áudio com a voz embargada da atriz pergunta para uma médica se não teria como se despedir do pai.

Em monólogos como “Eu sou atriz” e “O que sobrou”, estrelando Juliana Mesquita, foram feitos passeios com a webcam em close nas atrizes, como se o espectador estivesse em uma íntima conversa com elas. Foi um recurso que ajudou a conexão emotiva da plateia virtual com os atores.

O passeio de câmera na mão do artista também foi um recurso utilizado no primeiro monólogo da peça “Balança Caixão”, em que a atriz Camila Cruz transporta a audiência para vários ângulos do mesmo cômodo, dando uma sensação de espaço para quem assiste. Outro solo que usou ângulos de câmera para trazer a experiência virtual para o público foi “Tétrica”, de Andrea Leopoldino, que utilizou duas webcams para mostrar movimentações no cenário ambientado apenas em seu banheiro.

A plataforma utilizada por “Terminal Só” possibilitou aos espectadores acompanharem a peça em modo galeria, quando a tela do computador ou celular se divide em quadrados pequenos possibilitando ver várias cenas ocorrendo simultaneamente. Foi o caso do monólogo “Entropia”, de Lucca Gussoni. Enquanto o ator declamava seu texto, um vídeo com imagens relacionadas ao tema era exibido em outro quadrado da tela. O modo galeria também foi de bom uso em “Tétrica”, quando foi possível acessar as duas câmeras da atriz ao mesmo tempo.

Roda de conversa

Em uma roda de conversa que ocorreu logo após todas as apresentações, o ator Vinicius Aguiar, que performou o monólogo “Ela”, deixou uma pulga atrás da orelha dos espectadores quando pontuou que nem todos os relatos apresentados poderiam ser necessariamente verdadeiros. Usando o exemplo do próprio solo que contava de sua relação com a mãe, Aguiar relatou que muitos amigos perguntaram se tudo aquilo mostrado na apresentação procedia. Ao que respondia: “É teatro”.

Naíra Gascon, em “La Llorona”, colocou cadeiras de praia e guarda-sol no interior do apartamento (Imagem: Zoom)

Ainda na roda de conversa, os próprios atores trouxeram para o debate a cenografia da peça, que por conta do distanciamento social teve que ser feita na casa dos próprios artistas. Camila Cruz, a face do monólogo “Balança-caixão”, revelou que confeccionou o caixão utilizado em um momento tenso da apresentação, com uma caixa de ovos.

No monólogo “La Llorona”, Naíra Gascon colocou cadeiras de praia e guarda-sol no interior do apartamento em que mora para ambientar suas histórias de infância narradas aos espectadores. Já no solo de Letícia Zapata, “Riscos diários”, a artista montou um cubículo cheio de fotos e mensagens coladas nas paredes para ser o cenário de sua apresentação.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Letícia Franco


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