Destaque

Pressões sociais afetam a saúde mental dos jovens

Muitos desenvolvem doenças psicossociais decorrentes do uso das redes sociais, competitividade e isolamento digital

Por Luis Gallo e João Viana

Dificuldades de aprendizagem, irritabilidade, agressividade, isolamento, falta de interesse, mudança de comportamento, agitação, problemas de concentração, medos constantes, alteração no padrão de sono e apetite. Para Marina Craveiro Hauptmann, de 39 anos, psicopedagoga clínica e pedagoga há 18 anos, esses são vários sinais e sintomas que podem exemplificar a presença de doenças psicossociais em uma criança, jovem ou adolescente. Além disso, a saúde mental dos jovens é afetada principalmente por pressões sociais e psicológicas intensas.

Marina ressalta que a atual geração de crianças e adolescentes apresenta uma maior propensão ao desenvolvimento de doenças psicossociais em comparação com o final do século passado e o início dos anos 2000. “O uso excessivo das redes sociais e tecnologia tem causado impacto na autoestima e saúde mental das crianças e adolescentes. Eles estão ficando apáticos, imediatistas, não questionadores, ansiosos, e se tornando dependentes dessas práticas.”

Uma das questões abordadas foi a falta de compreensão e estigma em torno das doenças psicossociais. A percepção de que esses transtornos são passageiros ou não reais por parte de algumas pessoas contribui para a falta de apoio e compreensão, intensificando o sofrimento de quem enfrenta essas condições. A psicopedagoga ressaltou a importância da detecção precoce desses problemas, observando sinais como mudanças de comportamento, isolamento e dificuldades de aprendizagem. Além disso, salientou a necessidade de intervenções que considerem a individualidade de cada aluno, integrando família, escola e outros profissionais quando necessário.

“Os problemas psicossociais, que englobam questões emocionais, mentais e sociais, sempre existiram, só não eram discutidos por nós. Meus pais não sabiam o que era depressão até eu entrar na faculdade”, afirma Clerisson Santos Gonçalves, psicólogo e psicopedagogo da Universidade Anchieta de Jundiaí. No entanto, atualmente, essas questões estão mais em evidência devido a uma série de fatores complexos. A sociedade contemporânea enfrenta desafios característicos dessa geração, como a rápida urbanização, a constante exposição às redes sociais, a pressão por realizações individuais e as mudanças nos padrões familiares – Complementa o raciocínio.

Clerisson Santos – Psicólogo, durante atendimento em seu escritório (Foto: João Viana)

Além disso, avanços tecnológicos e a globalização conectaram as pessoas de maneiras sem precedentes, mas também trouxeram consigo novos dilemas psicossociais, como a sobrecarga de informações e a comparação constante com os outros. Essas dinâmicas modernas, muitas vezes, impactam negativamente o bem-estar mental, destacando a importância crescente de abordar e compreender os problemas psicossociais na contemporaneidade.

Nicole Elis é foi diagnosticada com ansiedade aos 14 anos e posteriormente com transtorno depressivo ansioso aos 20 anos. Segundo ela, a multiplicidade de pressões vinda de diferentes esferas da vida – estudos, trabalho, família e sociedade – contribui para intensificar sentimentos de angústia e tristeza aparentemente intermináveis. A pressão por alcançar metas acadêmicas, construir uma carreira e atender às expectativas sociais entra em conflito com a identidade e os desejos individuais, aumentando a ansiedade e o estresse.

Nicole descreveu como a ansiedade afetou sua vida diária, prejudicando sua capacidade de realizar atividades simples, como frequentar a escola e interagir socialmente. “Os domingos eram difíceis, pois sabia que depois de seu fim, haveria uma semana toda de trabalho para enfrentar. As segundas de manhã, eram cobertas de lágrimas e sintomas físicos como dores de cabeça, dores no corpo e literalmente paralisia corporal.”

O aumento das doenças psicossociais entre os jovens é um desafio complexo, mas abordagens que promovem a compreensão, empatia e intervenções adequadas podem ajudar a mitigar esse cenário, proporcionando um ambiente mais saudável e acolhedor para o desenvolvimento dos jovens.

Orientação: Profa. Rose Bars

Edição: Théo Miranda


Veja mais matéria sobre Destaque

30 anos depois, legado de Senna ainda comove público


Acidente no autódromo de Ímola que matou piloto tricampeão mundial de Fórmula I ocorreu no dia 1º de maio de 1994


Casa de Cultura Tainã é espaço referência para cultura no bairro Vila Castelo Branco de Campinas


Local proporciona atividades culturais para todas as idades há 35 anos Por: Vitoria Nunes Em


Casa de Vidro: Uma Janela para a Arte e Arquitetura Brasileira


Museu histórico, é um símbolo da modernidade arquitetônica brasileira e patrimônio cultural. Por: Miller MitilLocalizado


Vinhos Micheletto é prato cheio para quem busca alta gastronomia na RMC


Localizada em Louveira, destino conta com degustação de vinho, restaurante e vista avantajada em meios


Goma: epicentro de produções artísticas e culturais


Espaço em Barão Geraldo é indicado para aqueles que buscam gastronomia vegana e criações locais


Lazer e Cultura em um só lugar, conheça o “Parque da Juventude”


A grande área verde de Itatiba, junta o entretenimento, o esporte e a natureza. Por:



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes Daniel Ribeiro dos Santos Gabriela Fernandes Cardoso Lamas, Gabriela Moda Battaglini Giovana Sotterp Isabela Ribeiro de Meletti Marina de Andrade Favaro Melyssa Kell Sousa Barbosa Murilo Araujo Sacardi Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.