Esportes

A pequena e resistente ‘organizada’ de Indaiatuba

Terror Fantasma acompanha o Primavera desde 2014; time joga na Série A2 do Campeonato Paulista

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Por: Marcelo Chiconato Pinelli e Lucas Pinto Ferreira

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A Torcida Terror Fantasma em ação durante uma partida (Foto: Werner Munchow)

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Esqueça a ideia de torcidas numerosas como as maiores do estado. A Terror Fantasma conta com 20 associados, contando com apenas metade desse número como torcedores ativos. A cultura clássica da arquibancada, de torcedores organizados que vivem e respiram seus times, que acompanham em todas as viagens, ainda resiste principalmente em pequenas cidades do interior paulista.  Em dias de jogos a torcida do Primavera conta com os simpatizantes, aumentando a concentração e o apoio ao time. O presidente da organização, Tiago Augusto Domingues, explica um pouco mais sobre o procedimento para ser associado:

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A captação de recursos vem através da mensalidade exigida. Porém, a torcida promove vendas de produtos e rifas. A Terror Fantasma sempre está presente promovendo ações sociais na comunidade. Atualmente, estão realizando a arrecadação de ração para ONGs destinadas à cuidados com cachorros abandonados. Também já realizaram entrega de ovos de páscoa, arrecadação de leite, doação de agasalhos e sopas, entre outras.

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Tiago Augusto Domingues é presidente da Terror Fantasma (Foto: Arquivo Pessoal)

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A torcida tem o histórico de ser pacífica nos estádios, mas isso não significa que não há oposição com outras organizadas. Tiago conta que torcidas de clubes da região, como o Capivariano, o Paulista de Jundiaí e o Comercial de Ribeirão Preto (equipe Vice-campeã para o Primavera na conquista do Campeonato Paulista da Segunda Divisão de 2018) rivalizam com a Terror Fantasma durante jogos entre as equipes.

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Agitação

A Torcida Organizada Terror Fantasma tem como sua fundação o ano de 2014, época em que o Primavera disputava apenas o Campeonato Paulista da Segunda Divisão, o equivalente ao quarto nível do futebol estadual. A ideia era de reunir os torcedores mais jovens do time para criar uma torcida organizada, levando em consideração que a maioria dos que frequentavam o estádio eram pessoas com mais idade. Seu nome tem relação com o mascote do clube, o Fantasma da Ituana. Apesar disso, a ideia da criação da Terror Fantasma não obteve o apoio do clube para sua fundação.

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Antes da criação da ‘organizada’, o ambiente do estádio Ítalo Mário Limongi era muito ameno. A criação da torcida trouxe ao Gigante da Vila Industrial a agitação, a coesão e a homogeneidade da arquibancada em prol do mesmo objetivo: o apoio incondicional aos jogadores que representam as cores do time.

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A Terror Fantasma não é a primeira torcida organizada em apoio ao clube na história. Roberto Barce, historiador do Primavera, afirma que já houveram outros projetos ao longo do tempo. Um dos exemplos é a Torcida Fúria Fantasma Jovem, que ao longo do tempo se dissolveu e deixou de existir.

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Roberto afirma que antigamente ir aos jogos era uma das únicas opções de lazer da cidade interiorana, atraindo público em razão do ambiente festivo que era criado nas arquibancadas. Com o passar do tempo e desenvolvimento de Indaiatuba, o clube foi perdendo a prioridade do público geral, mantendo apenas os mais apaixonados e aficionados nas tribunas.

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O perfil desse torcedor é um ser resultadista: ele não preza pelo espetáculo, ele quer a vitória a qualquer custo. O verdadeiramente importante é o placar favorável ao seu time, seja com um gol sofrido no final do jogo ou com um placar elástico.

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Roberto Barce é historiador e conselheiro do Esporte Clube Primavera (Foto: Arquivo Pessoal)

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Barce vê dificuldade na renovação do público jovem. Ele aponta diretamente para a precariedade da mídia esportiva indaiatubana. Roberto aponta para uma crescente aparição do clube na mídia regional. “Você pega uma EPTV, da Globo de Campinas, nós somos a quinta força. Só tem cinco times que ela cobriu no Campeonato Paulista: Guarani, Ponte Preta, Inter de Limeira, XV de Piracicaba e Primavera”, afirmou o historiador.

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Para o presidente do Primavera, Eliseu Aparecido Marques Silva, a principal diferença sentida foi o apoio ao clube, com a atração de novos torcedores por parte desse movimento. Além disso, Eliseu destaca sempre a pacificidade da organizada “Não pode acontecer como a gente vê em alguns episódios que tem aí de torcidas organizadas, esse não é o propósito. Essa é a nossa esperança, que o clube avance e a torcida também, eles atraiam cada vez mais torcedores para que incentive cada vez mais”

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Eliseu ainda explica sobre a relação atual entre o clube e a Terror Fantasma.

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Outro fator positivo para o clube é a exposição de sua marca. A ‘organizada’ sempre foi reconhecida por ter boas relações com outras torcidas. Além disso, a torcida, por meio de suas ações sociais realizadas na comunidade local, enriquece a relação clube/população, atraindo o interesse daqueles que podem vir a se tornarem torcedores de arquibancada. Visando justamente essa fidelização do torcedor, o Primavera começou a desenvolver novos projetos voltados para o público. O primeiro deles, uma pesquisa. Nela, o torcedor poderá avaliar a sua experiência no clube em dias de jogos.

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Eliseu Aparecido Marques Silva, é o presidente do Esporte Clube Primavera (Foto: Arquivo Pessoal)

Torcedores

Marcelo Trinca, 33 anos, explica um pouco sobre sua experiência. “Como sou autônomo, acaba facilitando um pouco, mas é bem complicado, jogos de meio de semana, em horários comerciais, mas quem ama dá seu jeito”, afirma. Sempre que se escolhe torcer por um time que não seja da elite do país, a vida de um torcedor tende a ser um pouco mais difícil. Essa situação se agrava ainda mais quando olhamos para clubes de divisões inferiores, clubes regionais, como o caso do Primavera.

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Para Will Robson, 32 anos, uma dessas dificuldades é a distância enfrentada para percorrer os jogos. As caravanas da torcida podem chegar a percorrer distâncias de 400 e 500 quilômetros, além da quantidade de torcedores presentes para apoiar ser, na maioria das vezes, muito pequena. Além disso, a recepção em jogos fora de casa, em questão estrutural do estádio ou até mesmo do policiamento, sempre é um grande problema, complementa Will. O presidente Tiago também conta sua história de, para ele, o maior “perrengue” passado.

Mauricio Baroni, 19 anos, acredita que não há dificuldades para se torcer pelo clube. Por essa relação de torcedor e clube ser de amor, ele afirma que a torcida sempre estará lá para apoiar o clube. Ele ainda afirma que uma dos únicos empecilhos enfrentados é a falta de reconhecimento da população com a ascensão do clube, principalmente nos últimos anos: faltam ainda grandes públicos nas arquibancadas do estádio. Porém ele vê a situação se encaminhando para melhor, tendo em vista o trabalho de comunicação que o clube vem realizando.

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Para Baroni, o Primavera vem alcançando uma maior visibilidade, consequentemente atraindo mais a atenção do público ao time em suas partidas. Mesmo havendo simpatias por outras grandes equipes do cenário do futebol brasileiro, se observa na torcida um maior afeto pelo Primavera. Pela proximidade, por acompanhar sempre, ou até mesmo por seguir tradições, o clube atrai muito mais sentimentos nesses torcedores do que os grandes.

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Orientação e edição: Prof. Adauto Molck


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