Economia
Em alguns casos, alunos passaram a desembolsar até 20% a mais neste meio de transporte
Por: Amauri Camargo Mazzuco e Laryssa Holanda Luz
Desde dezembro de 2020, o preço do combustível vem aumentando excessivamente e de maneira gradual. Em um recorte mais próximo, em pouco menos de um mês, houve um aumento de 8,54% na gasolina e 7,27% no etanol na cidade de Campinas. O alto custo do abastecimento não gera reclamações apenas de quem precisa utilizar um automóvel próprio para chegar até o trabalho ou realizar suas tarefas diárias, mas também para os alunos universitários que se depararam com um aumento significativo na mensalidade das vans e, principalmente, para os motoristas que não encontraram outra solução a não ser modificar o valor dos serviços prestados.
“Só esse ano [a mensalidade] já aumentou duas vezes. Porque temos que ir acompanhando o valor que é passado para a gente do combustível, infelizmente”, disse Hamilton da Silva, que trabalha no ramo de transportes escolares há 26 anos e precisou estabelecer um aumento de 20% na mensalidade. Ele explica que o custo não afetou apenas o abastecimento: “Nossos insumos são todos em cima de petróleo, então, subiu o barril do petróleo, subiu o diesel, o pneu, o óleo, o mecânico, as peças da van. Uma coisa termina puxando a outra. ”
Para o economista Fabrício Pessato, não há opções para economizar no âmbito do transporte, uma vez que não há melhoras sobre o valor da matéria prima. A única opção é realizar cortes em outros gastos: “não tem muito o que fazer, pois os motoristas não têm a opção de escolherem caminhos mais curtos. A economia tem que ser em outras áreas, adequar o orçamento empresarial e familiar”, destacou.
No entanto, para a estudante Gabriela Tognon, de 22 anos, este é um problema compreensível. “Acho justo os motoristas repassarem o aumento da gasolina para os alunos que usam a van, porque foi muito grande para eles arcarem sozinhos”, disse ao revelar que mudar o meio de transporte não foi uma opção: “não tenho carteira de motorista e não encontrei alguém que eu pudesse pegar carona, mas tudo isso também teria um aumento”.
Mesmo com a inflação nos gastos para a manutenção do veículo, nem todos os motoristas optaram por repassar o novo preço aos passageiros, decidindo arcar com os custos adicionais. “A minha (van) ainda não aumentou, dependendo de quanto for, é coerente, pois o cara tem o custo do combustível”, disse o também universitário Matheus Cremonesi.
Claudio Figueiredo, motorista há 25 anos, precisou fazer mudanças na mensalidade por duas vezes e relembra um dos piores momentos que vivenciou na frota: “perdemos todos os passageiros na pandemia, ficou inviável de o pai bancar o transporte do filho sem ele utilizar. Além da escola, que estava fechada, acabamos passando por uma situação extremamente difícil, muito dos nossos colegas que tinham vans financiadas perderam todo o dinheiro que investiram”, ele também se queixa da falta de apoio para a profissão: “zero apoio do governo, enquanto você via outras classes sendo apoiadas”.
Orientação e Edição: Prof. Artur Araujo
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