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Consultora trans ajuda empresas que buscam diversidade

No Café Filosófico, Maitê Schneider diz que gênero não determina competência de ninguém


Maitê Schneider: “É preciso tentar ampliar os filtros de seleção e recrutamento” (Imagem: YouTube)

Por Bianca Velloso

As dificuldades e preconceitos que as pessoas trans enfrentam ao se candidatarem a uma vaga de emprego motivou Maitê Schneider a participar da fundação do projeto social TransEmpregos, que visa auxiliar interessados a conseguir uma colocação no mercado ou, ainda, a participar de cursos de formação. “É preciso tentar ampliar os filtros de seleção e recrutamento para criar ambientes mais inclusivos e diversificados”, afirmou Maitê em palestra para o Café Filosófico, da CPFL-Campinas, nessa quinta-feira, 24, na série batizada com título “Eu e o outro: a (difícil) arte da convivência nas diferenças”.

Schneider disse que a aptidão de um candidato para uma vaga de emprego não deve ser julgada pelas orientações de gênero ou quaisquer outros rótulos, uma vez que essas características não diminuem suas competências. “Nosso banco de talentos possui 25 mil pessoas, das quais 40% concluiu a graduação, mestrado e doutorado. No entanto, não conseguem emprego por conta do preconceito que sofrem”, afirmou.

A TransEmpregos – segundo disse Schneider – é um projeto engajado na luta pela inclusão através da desconstrução dos estigmas presentes na sociedade. O trabalho desenvolvido pela ONG, que começou há sete anos tendo por base os movimentos sociais emancipatórios, apoia hoje pessoas no país todo.

“Qualquer pessoa trans que entrar em qualquer universidade do Brasil vai conseguir estágio e não vai passar pelo o que eu passei”, afirmou ao lembrar as dificuldades iniciais de sua carreira. Ela revelou que, quando cursava a graduação em Direito, procurou estágio em 20 escritórios renomados de Curitiba, mas não conseguiu vaga em nenhum deles, mesmo apresentando notas altas no histórico escolar e tendo tido bom desempenho na graduação.

“A TransEmpregos faz essa ponte entre currículos e empresas que querem se abrir para a diversidade criando ambientes mais inclusivos”, explicou Maitê, que ainda disse ser este um projeto que atua de forma totalmente gratuita, seja para as empresas ou para quem se candidata ao emprego.

Em uma das atividades oferecidas pelo projeto, Maitê realiza palestras e estabelece conversa com os funcionários. “Um dos maiores desafios é perguntar para as pessoas [que participam das palestras] quem elas são. Muitas respostas são referenciadas através de cargos, mas quem não se define assim, se define como mãe da Bia, pai do Ricardo, filho da Maria”, lembrou.

Schneider contou que a situação fica complicada quando pede para que seus ouvintes não se definam através das funções que desempenham, missão que quase nunca conseguem cumprir. “Eu digo que não, que essas são as tarefas que elas executam”, disse.

Maitê afirma que esse tipo de comportamento se dá pelos adesivos colados nas pessoas desde que nascem, como a religião a seguir, para qual time torcer e de qual cor gostar, entre outros rótulos. “Esses adesivos passam a fazer parte do nosso corpo, da nossa pele. Por muito tempo, esses adesivos colados em mim me incomodaram muito”, comentou.

Como solução para superar o problema, Maitê propõe atividades de autoconhecimento. “Eu chamo de exercício de ‘parimento’. Ele vai além do nascimento, que é algo pré-determinado”, afirmou Maitê, explicando ser essa uma oportunidade de a pessoa conhecer quem ela é na sua verdadeira essência.

A cofundadora da TransEmpregos acredita que o processo de autoconhecimento leva a uma libertação desses adesivos e expectativas colocados nas pessoas desde o nascimento. Para ela, a autodescoberta é um caminho, e não um fim. “É um caminho que você decide seguir, não é um ponto de chegada. Cada vez que o mundo muda, nós mudamos com ele também”, concluiu.

Aqui, acesso à integra da apresentação de Maitê Schneider, no Youtube.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Oscar Nucci


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