Economia
Campinas registrou 2.197 declarações do IR que destinaram parte do tributo a projetos voltados a crianças, adolescentes e idosos
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O município de Campinas foi o quarto que mais destinou recursos à campanha Leão Solidário em 2025, totalizando R$ 3.221.086,68 em doações diretamente vinculadas ao Imposto de Renda. De acordo com dados da Receita Federal, 2.197 contribuintes campineiros optaram por direcionar parte do imposto devido a fundos sociais. A cidade possui um potencial de destinação muito maior: R$ 192.627.898,21, considerando seus 176.380 contribuintes.
A campanha Leão Solidário, instituída em Campinas em 2017, permite que cidadãos e empresas direcionem uma fração do Imposto de Renda a projetos sociais locais. Em todo o estado de São Paulo, a arrecadação por meio de pessoas físicas alcançou R$ 101,10 milhões, com 68.654 doações registradas.
Na edição de 2025, a arrecadação de Campinas beneficiou dois fundos municipais:
• Fundo da Criança e do Adolescente (FCMDCA): R$ 2.100.994,67 (65,20%)
• Fundo da Pessoa Idosa (FMPIC): R$ 1.120.092,01 (34,80%)
A campanha é coordenada pelo Conselho Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (CMDCA), responsável por gerir os recursos e avaliar os projetos das Organizações da Sociedade Civil (OSCs) que solicitam financiamento.
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Como fazer
A destinação pode ser feita por qualquer contribuinte que tenha imposto a pagar. Na declaração, é possível optar por repassar até 6% do imposto devido para projetos sociais, com limite de 3% para cada fundo, criança e idoso.
Desde 2023, contribuintes podem destinar até 7% do imposto para incluir projetos esportivos. Empresas, por sua vez, podem doar até 1% para cada fundo, 2% para projetos esportivos e 4% para ações culturais ou audiovisuais.
As propostas das OSCs são avaliadas conforme critérios técnicos definidos na Resolução nº 024/2024 do CMDCA, como regularidade jurídica, alinhamento com as diretrizes de proteção social e transparência na gestão dos recursos.
Segundo o presidente do CMDCA, Ricardo Leite de Moraes, o processo é totalmente transparente. “Qualquer pessoa pode acompanhar a utilização dos recursos por meio do site do CMDCA, do site do FCMDCA ou participando das reuniões públicas bimestrais”, explica.

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Experiência pessoal
O jornalista Júnior Gomes, de 30 anos, foi um dos 2.197 contribuintes que destinaram parte do seu imposto à campanha. Atuante em causas sociais, ele relata que conhecia o programa, mas só se interessou em participar quando teve que pagar imposto pela primeira vez. “Quando descobri que poderia escolher instituições que já conheço, me senti parte do processo. O repasse direto reduz a espera e gera impacto real”, afirma.
Em relação ao ranking estadual, Campinas ficou atrás de Barretos, São Paulo e Cachoeira Paulista na lista das cidades com maior volume de doações. Veja os dados:
Município | Valor total arrecadado (R$) | Contribuintes doadores |
Barretos | R$ 8.160.186,05 | 3.043 |
São Paulo | R$ 6.358.253,33 | 4.177 |
Cachoeira Paulista | R$ 3.381.101,77 | 3.480 |
Campinas | R$ 3.221.086,68 | 2.197 |
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Tecnologia
Um dos projetos selecionados para receber recursos via Fundo Municipal dos Direitos da Criança e do Adolescente (FMDCA) é o Tics Maker – Tecnologia da Informação e Comunicação e Cultura Maker, desenvolvido pela CEPROMM, no Jardim Itatinga, em Campinas.
A iniciativa foi aprovada pela Resolução nº 02/2025 do CMDCA e atenderá 220 crianças e adolescentes entre 6 e 14 anos que participam do Serviço de Convivência e Fortalecimento de Vínculos (SCFV) e do Centro de Convivência Inclusivo e Intergeracional. O objetivo geral do projeto é promover inclusão social por meio da tecnologia e da cultura maker, formando jovens mais preparados, críticos e participativos.

Entre as atividades previstas estão: oficinas de conteúdo em TICs, oficinas maker, apoio socioemocional com psicólogo, acompanhamento familiar e aquisição de equipamentos, móveis e materiais. A coordenadora geral da organização, Fernanda de Fátima Ferreira, explica a importância da destinação do imposto: “A destinação ao projeto via FMDCA é fundamental para o desenvolvimento das ações, que são extremamente importantes para o desenvolvimento do público atendido em um território de vulnerabilidade”.
O projeto visa ainda fortalecer vínculos, desenvolver senso de pertencimento e capacitar jovens para o futuro digital e produtivo, ampliando suas chances de inserção no mundo do trabalho — seja via emprego, empreendedorismo, economia criativa ou programas de aprendizagem.
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Edição: Nicole Heinrich
Orientação: Artur Araujo
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