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Cidade é líder no Índice de Sustentabilidade de Limpeza Urbana 2024, mas recuperação de resíduos sólidos ainda preocupa
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Por Ana Elisa Desiderá
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Campinas é a única cidade do estado de São Paulo, entre os municípios com população acima de 250 mil habitantes, a integrar a lista das dez melhores no quesito limpeza urbana, segundo o Índice de Sustentabilidade de Limpeza Urbana (Islu) 2024. Divulgado pela Associação Brasileira de Resíduos do Meio Ambiente, o ranking é uma importante ferramenta na avaliação da gestão de resíduos sólidos, que incentiva a sustentabilidade e a melhoria contínua nesse aspecto.

Das 5.570 cidades avaliadas pelo Islu, apenas 116 possuem mais de 250 mil habitantes. Para classificá-las, o índice adota uma escala de 0 a 1, sendo 0 o menor nível de desenvolvimento e 1, o mais elevado. Campinas recebeu 0,742 na última avaliação e, na anterior, 0,741, o que demonstra que a limpeza urbana está em evolução no município.
Entre os principais critérios utilizados para a construção do Islu estão o engajamento do município, o impacto ambiental e a sustentabilidade financeira. Nesses quesitos, a cidade das andorinhas obteve, respectivamente, 0,877, 1 e 1. Contudo, quando observamos a quarta dimensão do estudo, a recuperação dos resíduos coletados, Campinas não conquistou um desempenho satisfatório: o município alcançou apenas 0,006 neste quesito.

“Uma coisa é a coleta, outra coisa é a valorização”, afirma Valéria Bonfim, arquiteta e urbanista e doutora em gestão de resíduos sólidos. Ela entende que Campinas possui um sistema de limpeza urbana adequado e a coleta seletiva é um ponto positivo, apesar do tratamento do material reciclado ser realizado em pequenas cooperativas, não é possível tratar todo o material coletado, e parte dele acaba sendo direcionada para o aterro sanitário.
Jonathas Magalhães Pereira da Silva, decano da Escola de Arquitetura, Artes e Design da PUC Campinas, considera que, historicamente, a cidade de Campinas tem investido na limpeza urbana de localizações específicas. “Podemos ver que existem alguns lugares privilegiados em relação a outros (…) e isso também vai impactar na gestão dos resíduos”, alega o docente. Para o professor, é necessário levar em conta as conjunturas de territórios com baixa e alta infraestrutura ao planejar a limpeza urbana.

Trata-se de uma responsabilidade pública, diretamente ligada à qualidade de vida da população e à preservação do meio ambiente. Cabe ao poder público garantir a coleta, o tratamento e a destinação adequada dos resíduos, além de promover políticas que incentivem a redução e a reciclagem de lixo.
Apesar da avaliação desfavorável na dimensão de recuperação de resíduos sólidos, Ernesto Paulella, secretário de Serviços Públicos de Campinas, considera que a reciclagem na cidade é um modelo quando comparada aos índices do Brasil. “Campinas recicla 6% de todo o lixo gerado na cidade, enquanto a média brasileira de reciclagem é de 2%”, assegura a autoridade.
O secretário entende que a educação ambiental é um dos pilares para que esses números se mantenham favoráveis e reitera que Campinas possui um compromisso assíduo com o meio ambiente. Para tanto, foi criado o Plano Municipal de Educação Ambiental, cujo objetivo é promover ações que possibilitem a compreensão e o diálogo com as diferentes instâncias de poder nas escolas do município.
Em um cenário de crescimento populacional e desafios ambientais crescentes, Campinas destaca-se como um exemplo no estado de São Paulo, mas ainda há muito a ser feito. O fortalecimento da coleta seletiva, a valorização dos resíduos recicláveis e a promoção de diálogo constante entre população e governo são passos essenciais para que a cidade avance em sustentabilidade urbana.
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Orientação: Karla Ehrenberg
Edição: Marília Coimbra
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