Idosos relatam que não sabem ler o QR Code nem registrar a placa no aplicativo

Por Eduardo Tolentino

O número de multas em vagas de Zona Azul teve um aumento de 115% em relação ao primeiro semestre do ano passado em Campinas. Segundo a Emdec (Empresa Municipal de Desenvolvimento de Campinas), o salto de 8.175 para 17.645 aconteceu devido ao aumento da fiscalização, com a incorporação de mais um carro equipado com câmeras de monitoramento. As câmeras OCR (Reconhecimento Óptico de Caracteres) instaladas nas viaturas fazem a leitura das ativações de créditos eletrônicos. Antes, a fiscalização era feita manualmente.

“O sistema era feito de forma não digital, então existia mais facilidade para burlar. Com esse avanço tecnológico, a fiscalização foi aperfeiçoada”, explica Marcelo Carpenter Ferreira, coordenador de fiscalização e operação de trânsito. Existem cerca de 1,8 mil vagas de Zona Azul distribuídas entre a região central e o Jardim Guanabara. As ruas com mais registros de infrações foram, respectivamente, Tiradentes, Dr. Costa Aguiar, Prefeito Passos, Cônego Cipião e Sacramento.

“Com essa facilidade para controlar os dados, flagramos alguns vícios até dos próprios comerciantes da região central, que vinham trabalhar e deixavam seus carros estacionados em vias principais praticamente o dia inteiro”, aponta Carpenter. “Com essa fiscalização, conseguimos dar mais dinamismo a áreas movimentadas da cidade, como as ruas Tiradentes, Sacramento, Costa Aguiar e Barreto Leme. Hoje, quem pretende consumir por ali tem mais facilidade para estacionar”, completa.

Para alguns comércios, a maior fiscalização não afetou tanto. O dono de uma loja de revistas em quadrinhos na rua Sacramento contou à reportagem que seu público costuma ser mais jovem, de crianças e adolescentes que ainda não são motoristas e não se preocupam com isso. O proprietário de um restaurante vegetariano bem ao lado também não demonstrou preocupações, apontando para um estacionamento (pago) disponível alguns metros à frente. No entanto, existem alguns usuários do aplicativo da Zona Azul Digital, principalmente idosos, que relataram estar encontrando dificuldades.

O comerciante Luan Alves, dono de uma relojoaria na Rua Regente Feijó que tem uma vaga de Zona Azul bem em frente, compartilhou reclamações de seus clientes. “É complicado. Nosso atendimento costuma ser jogo rápido: conserta o relógio e vai embora. E mesmo assim, vários clientes já reclamaram dizendo que levaram multa aqui na frente. Boa parte dos meus clientes são idosos. Eles dizem que não sabem ler o QR Code nem registrar a placa. Por isso, acabam sendo multados”, conta Luan.

O tempo de permanência nas vagas de Zona Azul varia de 1, 2 ou 5 horas, de acordo com a região. O valor da tarifa de estacionamento é de R$ 4,00 (fixo). Segundo o Código de Trânsito Brasileiro, o valor da multa de Zona Azul é de R$ 195,23, com cinco pontos na Carteira Nacional de Habilitação (CNH) e a possibilidade de remoção do veículo.

Orientação: Profa Karla Ehrenberg

Edição: Melyssa Kell