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Campinas investe no 5G e inova o agronegócio

Conectividade permite mapear características do solo, o estado das plantas, os focos de incêndio e a incidência de plantas invasoras

Por: Marina Fávaro

Especialistas acreditam que o 5G traz cenário promissor para o setor do agronegócio (Foto: Marina Fávaro)

Inseridos em uma sociedade que reverencia a conectividade, a estabilidade, a inovação, a tecnologia e a velocidade das conexões, o 5G promete corresponder a essas expectativas. A quinta geração de internet móvel representa o conjunto de tecnologias habilitadoras que permitem a conectividade das coisas, impactando positivamente em setores da economia, como o agronegócio.

O professor de engenharia elétrica da PUC-Campinas, Ralph Robert Heinrich, explicou que o 5G surgiu para suprir as necessidades da sociedade 4.0, mas também da automação dos negócios, a fim de promover conectividade para as coisas. “Até o 4G, o objeto de tecnologia era o ser humano por meio dos dispositivos celulares. Com o 5G, essa perspectiva muda para a conectividade das coisas, justamente em um momento no qual a sociedade está passando por transformações”, afirmou.

Para o professor, “apesar da Anatel [Agência Nacional de Telecomunicações] ter leiloado o direito de uso das frequências para o 5G em novembro do ano de 2021, a implantação da tecnologia ainda levará de 5 a 8 anos”.

O gerente de desenvolvimento de negócios responsável pela área de agronegócio inteligente do Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), Fabrício Lira, afirma que “em relação ao 4G, o 5G traz evoluções que vão permitir a exploração e o surgimento de novos modelos de negócio e de novas aplicações com caráter de inovação em várias cadeias de valor na economia, principalmente onde a conectividade é um elemento agregador ou habilitador. Existem algumas cadeias produtivas na economia que demandam muita conectividade nas aplicações, como o próprio agronegócio”.

Lira apresenta, portanto, exemplos sobre como o agronegócio pode ser beneficiado pelas aplicações e tecnologias de 5G. “Um exemplo prático é o monitoramento de máquinas agrícolas nas culturas de commodities, principalmente quando falamos de cana de açúcar, soja, milho ou até mesmo no setor florestal. Com o 4G até existe um certo monitoramento, mas ele é limitante”, disse.

Para Fabrício Lira, a partir da conectividade, é possível mapear as características do solo, o estado das plantas, os focos de incêndio e a incidência de plantas invasoras com a instalação de um conjunto de câmeras nas máquinas. Na prática, as câmeras seriam responsáveis por trazerem informações enriquecidas e em tempo real das lavouras, o que agregaria, inclusive, valor para o produtor.

Em entrevista ao Portal Digitais, o jornalista com especialização em agronegócio Daniel Azevedo traz um rápido panorama histórico da relação entre o agronegócio e a tecnologia. Confira a explicação a seguir.

Entrevista Daniel Azevedo (Produção: Marina Fávaro)

Segundo ele, o 5G permite com que os dados numéricos, as imagens e a inteligência artificial sejam apresentados e analisadas em tempo real. “Se hoje [com o 4G], a gente consegue aplicar os defensivos agrícolas planta por planta, com o 5G isso vai se tornar ainda mais preciso e seguro. E quando você habilita inteligência artificial, você vai conseguir diferenciar, de modo mais efetivo, as pragas, e fazer agricultura a distância”, ponderou.

Durante o AgroForum 2022, o até então Ministro das Comunicações, Fábio Faria afirmou que o agronegócio foi o setor mais contemplado pelo leilão 5G. Para o jornalista Daniel Azevedo, isso acontece porque “cada vez mais o agronegócio ganha notoriedade, reconhecimento e destaque na percepção da sociedade e, inegavelmente, na economia”.

O OPEN 5G @CAMPINAS

O Open 5G @Campinas é uma iniciativa colaborativa para pesquisa, desenvolvimento, experimentação e inovação em tecnologias e aplicações de 5G nas esferas da educação, indústria, saúde, cidades e agronegócio. Inaugurada em 2022, a ação conta com parceria entre a Prefeitura Municipal de Campinas, o Centro de Pesquisa e Desenvolvimento em Telecomunicações (CPqD), a Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa), a Rede Nacional de Ensino e Pesquisa (RNP), a Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), a Pontifícia Universidade Católica de Campinas (PUC-Campinas) e a operadora TIM.

Maurício Casotti: “É encontrar nos problemas críticos de que forma a tecnologia pode ajudar a resolver” (Foto: Arquivo Pessoal)

O gerente de desenvolvimento de negócios e responsável pelas áreas de cidades inteligentes e saúde digital do CPqD, Maurício Casotti, explicou que a iniciativa surgiu do desejo de experimentar e validar as hipóteses que a tecnologia 5G promete. “[O Open 5G @Campinas] é uma rede de inovação aberta, que envolve desde a academia até os ambientes que demandam por tecnologia 5G, para criar condições para implementar, testar, validar e expor soluções para equalizar os pilares econômico, financeiro, tecnológico e o valor agregado que o 5G vai trazer. É tirar do papel e descobrir como fazer dar certo”, afirmou.

Sobre o objetivo da iniciativa, Casotti afirmou que “decidimos começar e estruturar em Campinas porque a maioria dos atores envolvidos na iniciativa é da cidade, com exceção da [operadora] Tim. Lembrando que o ‘open’ que vem na frente tem uma razão muito forte: nós começamos a estruturar com essas sete instituições, mas com o objetivo de atrair a indústria, o pequeno produtor, o hospital e os outros setores para envolver o ecossistema e criar condições de experimentações. É encontrar nos problemas críticos de que forma a tecnologia pode ajudar a resolver”.

Além disso, ele disse que o objetivo do Open 5G @Campinas também é “inspirar outras regiões a fazerem o mesmo, ou seja, se prepararem para quando o 5G estiver disponível, porque, assim, teremos a estrutura e saberemos o que fazer para tirar o máximo do que a tecnologia tem a nos oferecer”.

A chefe-adjunta de pesquisa e desenvolvimento da Embrapa Agricultura Digital, Carla Macário, afirmou que “sendo a Embrapa uma empresa de pesquisa que tem como missão desenvolver soluções para o agronegócio, é estratégico participar de movimentos como o Open 5G @Campinas para viabilizar as tecnologias que a empresa desenvolve e que, cada vez mais, vem são utilizadas por parte dos agricultores brasileiros”.

Ralph Robert Heinrich: “A partir de uma série de tecnologias habilitadoras, o 5G é capaz de conectar as coisas” (Foto: Marina Fávaro)

Segundo o professor Ralph Heinrich, além do fator estratégico e logístico, Campinas sempre foi um polo tecnológico, o que facilita com que a cidade tenha protagonismo no que diz respeito ao incentivo a tecnologias e inovações, prova disso é a iniciativa Open 5G @Campinas.

“Campinas é uma cidade que hospeda cabeças pensantes e possui uma sinergia que é difícil de encontrar em outra cidade com o porte como o de Campinas”, ponderou.

Orientação: Profa. Rose Bars

Edição: Marina Fávaro


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