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Comida com história garante prêmio a Tonon

Jornalista que teve restaurante em Campinas ganha projeção internacional por menção em guia gastronômico italiano

Por: Vinícius Zaia Ferreira

Formado em jornalismo pela PUC-Campinas, Rafael Tonon se especializou em gastronomia e impôs uma marca pessoal ao trabalho que faz, o que o levou a ser escolhido o melhor jornalista gastronômico no ano de 2023 pelo guia italiano “Identità Golose”, especializado em restaurantes e bares da Europa e, particularmente, da Itália. Rafa, como é conhecido entre os amigos, diz que no trabalho que faz busca explorar a gastronomia além do prato, o que considera a principal razão para a láurea que recebeu.

Rafael Tonon: “Eu tenho muita curiosidade em conhecer o que as pessoas comem e porquê elas comem o que comem” (Foto: Acervo Pessoal)

Tonon valoriza o contexto e acredita que essa visão, de trazer em suas reportagens um olhar que transcende o que está no prato, fez com que ele se tornasse um jornalista diferente em um mercado dominado pelos profissionais que buscam apenas falar de restaurantes.

Em Campinas, Rafa foi sócio de uma bruschetteria que funcionava no Cambuí, bairro vocacionado a acomodar casas noturnas na cidade. O jornalista acabou deixando o negócio após se mudar para Portugal e começar a viajar com frequência maior para escrever reportagens. Ao que afirma, a experiência campineira deu a ele um aprendizado muito grande para lidar com temas gastronômicos.

“Sou um dos poucos jornalistas que cobre gastronomia e que teve a oportunidade de ter um restaurante e, portanto, conhecer como funciona um restaurante por dentro. Nesse sentido, guardadas as devidas proporções, tenho um pouco da visão do Anthony Bourdain, que também trabalhou em restaurante. Essa experiência enriquece muito o repertório de quem escreve sobre o tema”, afirmou.

Em seu trabalho, o tipo de culinária mais rica é aquele que fornece mais histórias sobre alimentos e processos culinários. “Eu adoro cidades grandes, que tiveram um grande fluxo de imigração, onde as histórias foram se somando na construção daquele lugar, com os povos que chegaram ali. Bem por isso, São Paulo é uma cidade que me fascina muito gastronomicamente, o mesmo eu poderia dizer de Nova Iorque e Paris”.

Tonon tem o hábito de viajar desde que começou a cobrir gastronomia e passa pelo menos metade do mês fora de casa. Apesar de considerar cansativo esses deslocamentos, ele gosta muito de arrumar as malas e se dirigir a aeroportos e estações de trens.

Os restaurantes que mais chamam a atenção de Rafael são aqueles que têm uma história e um conceito bem definido, com pratos específicos e diferentes do habitual. Ele diz estar acostumado a frequentar estabelecimentos que criam conceitos apenas para agradar a clientela, principalmente quando estão tratando com jornalistas convidados.

“Eu tenho muita curiosidade em conhecer o que as pessoas comem e porquê elas comem o que comem. Poder viajar e entrevistar pessoas de diferentes partes do mundo é uma forma de responder a essas perguntas de uma maneira mais ampla e especializada, uma vez que posso estar nos lugares pessoalmente”, afirmou.

Rafael explica que metade das viagens que realiza a trabalho são a convite, e a outra metade é por conta própria. Ou seja, ele sabe que visitar determinado destino vai gerar reportagens futuras. Ele viaja muito sozinho ou com outros jornalistas, que também são convidados para conhecer diferentes gastronomias, o que o leva a colecionar amigos de diversas partes do mundo.

Quando começou a trabalhar com jornalismo gastronômico, Rafa leu alguns livros e fez cursos de formação dentro do universo que cobria. Estudou produção em cozinha, aprendeu a arte de ser sommelier e até barista, para entender de café. Em casa, Rafael cozinha, mas não tem paciência para pratos muito elaborados e prefere preparar coisas mais rápidas.

“Como dizem aqui em Portugal, eu me safo bem na cozinha”, disse Tonon por videoconferência que manteve com o Digitais a partir da cidade do Porto, onde mora atualmente.

No início, Rafa não viajava com a mesma intensidade com que viaja nos dias atuais, mas agora que conquistou um nome no mercado, recebe convites frequentes para cobrir eventos. Ele já viajou para tantos lugares que nem sabe ao certo quantos países visitou.

“Toda vez que viajo, percebo que viajei menos do que eu gostaria. Por exemplo, eu não conheço quase nada da África e não conheço a Oceania. Então, ainda me faltam continentes inteiros para explorar. Espero que nos próximos dez anos, enquanto eu ainda tiver energia, eu consiga desbravar esses continentes que me faltam”.

Atualmente, Rafael tem uma coluna semanal no portal “UOL”, uma coluna no “Viagem e Turismo”, escreve para a “BBC Brasil” e eventualmente para a “Folha de S. Paulo” e “Piauí”. Em Portugal, escreve para os dois maiores jornais do país: o diário “Público” e o semanal “Expresso”. Ele também colabora para veículos internacionais, em espanhol e inglês. Os principais são o “Eater”, o maior portal de gastronomia dos EUA e “Fine Dining Lovers”.

Há pouco, Rafa emplacou sua terceira matéria no prestigiado “The Washington Post”, um dos mais importantes diários dos EUA. Ele ainda encontra tempo para coordenar um curso de jornalismo gastronômico na maior faculdade de gastronomia da Espanha, a Basque Culinary Center. Ele é autor do livro “As revoluções da comida: O impacto de nossas escolhas à mesa”.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Melyssa Kell


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