Saúde
Médico recomenda diminuir uso de telas à noite, não ingerir bebidas cafeinadas e apagar luzes duas horas antes de dormir
Por: Giovana Viveiros
Uma pesquisa realizada pela startup Vigilantes do Sono em 2022, que mapeou a saúde emocional de cerca de 42 mil brasileiros, apontou que 53% estavam de algum modo insatisfeitos com a qualidade do sono, 48% apresentavam sinais de transtorno de ansiedade e 21% de depressão. Segundo o otorrinolaringologista, médico do sono e coordenador do serviço de otorrinolaringologia do Hospital PUC-Campinas, Bruno Bernardo Duarte, ansiedade e qualidade do sono estão interligadas. “Se a pessoa já está predisposta a ter ansiedade e começa a dormir mal, a falta de sono leva ao aumento de ansiedade, entrando assim em um ciclo vicioso”, afirmou.
Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), quatro em cada dez pessoas não têm um sono de boa qualidade. “Nos dias de hoje, muitas pessoas perderam a noção de como o sono é importante e deixam pouco tempo para descansar. Além dessa privação de sono, existe também a dificuldade para dormir, que é quando o indivíduo está com sono, tem todas as condições favoráveis para dormir, mas não consegue: isso se chama insônia”, explicou Duarte.
O otorrinolaringologista explica que existem três tipos de insônia e que uma delas é a que mais atinge as pessoas com ansiedade. “Existe a insônia inicial, aquela em que você se deita e não consegue pegar no sono, mas depois que pega, dorme ‘bem’. Tem também a insônia do despertar precoce, em que o indivíduo dorme com facilidade, mas acorda algumas horas antes de se levantar e não consegue mais dormir. Por fim, existe a insônia de manutenção, em que você acorda no meio da noite e tem dificuldade para pegar no sono. Na era da informação em que vivemos e com o uso abusivo de telas, a ansiedade que as pessoas desenvolvem passa a ter relação direta com a insônia inicial, já que a mente não desliga na hora de dormir”, afirma.
Dormir menos que o necessário faz mal para a saúde física e mental, podendo aumentar os riscos de doenças cardiovasculares e até reduzir a expectativa de vida do indivíduo. “Pesquisas apontam que, se você dorme menos do que deveria, tem uma expectativa de vida de 5 a 10 anos menor do que quem dorme bem. Essa privação de sono também implica em outros sintomas como sonolência excessiva durante o dia, irritabilidade, dificuldade de concentração, aumento de ansiedade e riscos cardiovasculares”, destacou o médico.
No caso da estagiária de Recursos Humanos Jayne Nunes Castelani, de 21 anos, os problemas para dormir já vêm desde os 4 anos de idade. “Na época, eu não sabia que a dificuldade para dormir também estava relacionada à ansiedade. Hoje, sei que isso é um fator que me atrapalha, porque eu fico pensando em muitas coisas ao mesmo tempo e não consigo controlar a mente”, afirmou.
A noite de sono da jovem não costuma passar de cinco ou seis horas. “A gente guarda tanta informação na cabeça que fica difícil separar isso para descansar. Para tentar dormir melhor, pelo que eu já pesquisei a respeito, procuro ficar um tempo sem o celular antes de ir me deitar. Colocar músicas calmas também ajuda”, declarou.
O auxiliar de almoxarifado Peterson Pires de Castro Carmo, de 24 anos, também tem problemas para pegar no sono. “Desde criança, eu já dormia mal. Hoje, consigo dormir um pouco melhor por conta do meu trabalho, que exige esforço físico, mas são cerca de seis horas por noite”, contou.
Peterson gosta de assistir filmes antes de dormir, mesmo o uso de telas não sendo recomendado. “Para relaxar, costumo ficar fora do celular ou assistir alguma coisa. Isso me ajuda a desligar”, explicou. “Também já tive início de depressão, e pretendo voltar para terapia para não deixar que isso influencie a qualidade do meu sono”, completa o auxiliar de almoxarifado.
Duarte explica que as técnicas de higiene do sono são uma boa saída para quem quer dormir melhor. “Fazer a higiene do sono é tomar medidas para favorecer o sono ou impedir atividades que possam prejudicá-lo. É importante diminuir o uso de telas de computadores e celulares à noite, não ingerir bebidas cafeinadas à tarde e à noite e apagar as luzes da casa cerca de duas horas antes de dormir. Outra dica é evitar a soneca da tarde, principalmente quem já dorme mal à noite”, aconselhou o médico do sono.
Edição e orientação: Prof. Artur Araujo
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