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‘Não há democracia com desigualdade salarial’

A afirmação é da auditora do trabalho Marina Sampaio, em debate sobre mulheres e democracia

Por: Marcela Almeida

A auditora fiscal do Trabalho Marina Sampaio afirmou, em debate que marcou uma das comemorações ao Dia Internacional da Mulher, que não há como pensar em democracia sem pensar na igualdade salarial entre homens e mulheres no exercício da mesma função dentro das organizações públicas e privadas. Para ela, que é uma das fundadoras do Coletivo Feminista Sementes, esse fenômeno histórico no Brasil pode ser denominado “divisão sexual do trabalho”, sinalizando a desigualdade de gêneros que domina a sociedade brasileira.

A auditora Marina Sampaio: “As mulheres, principalmente as negras, são impedidas de chegarem nos cargos de poder” (Foto: Marcela Almeida)

“Homens com filhos são menos penalizados do que as mulheres com filhos”, resumiu Marina no evento realizado nesta terça-feira (14) no auditório do campus-1 da PUC-Campinas para discutir o tema “Mulheres e Democracia”. Também participaram do encontro Domingas Cunha, Izalene Tiene e Marina Sampaio, que também criticaram a desigualdade salarial entre mulheres e homens, mesmo que tenham as mesmas competências.

Marina Sampaio assegurou que, mesmo as mulheres tendo mais formação acadêmica e tendo mais tempo de estudos, elas estão em cargos inferiores ou não estratégicos nas organizações em que atuam, sem considerar os trabalhos informais e mais precários.

“As mulheres, principalmente as negras, são impedidas de chegarem nos cargos de poder. Isso acontece porque elas não conseguem nem completar a inscrição em um processo seletivo grande, por exemplo. Elas não têm tempo, pois estão cuidando de seus filhos e limpando a casa”, disse.

Segundo os dados que Marina apresentou, as mulheres chegam a dedicar mais de 21 horas semanais nos afazerem domésticos, enquanto que os homens ocupam menos de 11 horas por semana para a mesma função.

“Não tem como a gente falar de democracia sendo que, no serviço de alguma mulher, o homem ganha mais, mesmo estando há menos tempo de empresa e, às vezes, em cargos até menores. Como justificar o privilégio desmerecido e a diminuição presente? Não se pode marchar para um futuro melhor sem soltar a corda do passado”, desabafou a auditora do Trabalho.

Marina, citando a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad), disse que o rendimento das mulheres equivale em média a 77% do rendimento dos homens. Ou seja, R$ 1.985 frente a R$ 2.555. Para cargos de gerência ou diretoria, os salários delas equivalem a 62% dos salários pagos aos homens. No desemprego não é diferente, a taxa de desocupação entre as mulheres é de 14,1%, enquanto a dos homens é 9,6%.

A universitária e a ex-prefeita Izalene Tiene prestam homenagem à vereador assassinada no RJ (Foto: Marcela Almeida)

No evento, as palestrantes também comemoraram o projeto de lei assinado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, na última quarta-feira (8), que obriga a igualdade salarial, com crédito às mulheres rurais e as cientistas. “Estamos contentes com a medida. Afinal, em 2021, a diferença salarial entre mulheres e homens aumentou, o que não poderia ter acontecido, pois estamos no século 21”, ressaltou a ex-prefeita de Campinas, Izalene Tiene.

Durante o debate, às 21h30, completou-se 5 anos da morte da vereadora Marielle Franco e de seu motorista Anderson Gomes, no Rio de Janeiro, crime que ainda não foi inteiramente elucidado. Em forma de solidariedade, o público presente promoveu um minuto de aplausos com a participação das alunas da universidade, que erguerem placas e cartolinas onde se podia ler “Quem matou Marielle?” junto com gritos “Marielle, presente”.

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Melyssa Kell


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