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Tarô se transforma na nova febre wellness

Buscas por “cartas de tarô” e “como ler cartas de tarô” aumentaram 31,9% e 78,4%

Por: Lara Biffe

Como resultado de um mundo pós pandêmico, e consequentemente ansioso, a leitura de cartas de tarô trouxe novas oportunidades de renda para cidadãos, além de uma modalidade em avanço do bem-estar. Dados da plataforma de comportamento do consumidor Spate revelam que as pesquisas no Brasil por “cartas de tarô” e “como ler cartas de tarô” aumentaram 31,9% e 78,4%, respectivamente, desde 2019. Isso só reforça a tendência na procura por terapias alternativas desde o início da pandemia.

O tarô é um oráculo com 78 cartas que representam arquétipos humanos, sentimentos e situações. Os arcanos maiores (22 cartas) representam os arquétipos humanos, ou seja, representam uma viagem que o ser humano faz dentro de si mesmo. Já os arcanos menores (56 cartas) representam eventos menores como situações e sentimentos. Qualquer pessoa pode aprender a tirar tarot para si mesma.  

Essa liberdade trouxe curiosidade e também independência para os terapeutas e adeptos da cultura mística. A leitura das cartas é muito fácil de aprender, principalmente nos dias de hoje, com a tecnologia, e por isso gerou uma nova “profissão” ou até mesmo, podemos chamar de mentores espirituais.

Lara Loureiro: “Comecei a me interessar pelo tarô com 17 anos, diante de uma fase muito conturbada da minha vida” (Foto: Arquivo Pessoal)

Foi o que a taróloga, professora mística, escritora e estudante de psicologia Lara Loureiro, de 24 anos, afirma ter percebido também. A estudante relata que foi no começo de 2020, no início da pandemia, que decidiu trabalhar como taróloga, pois acredita que neste período, em que as pessoas estavam muito aflitas em relação ao presente e futuro, e sem “respostas” nos meios convencionais, que proporcionou essa alta procura. ”Foi em decorrência dessa situação que eu vi meu trabalho ganhando muita visibilidade e cada vez mais pessoas buscavam se consultar comigo”, comenta.

Bianca Luna, estudante de relações públicas e taróloga (Foto: Arquivo Pessoal)

Já para a estudante de relações públicas, Bianca Luna, de 23 anos, o tarô surgiu na sua vida após um momento difícil. Ela conta que estava enfrentando uma depressão, procurou uma ajuda psicológica mas sentiu que não tinha encontrado respostas. Uma tia disse a ela para ir em uma taróloga e depois que saiu de lá decidiu que queria ajudar as pessoas do mesmo jeito que ela havia sido ajudada. Bianca aprendeu a ler as cartas sozinha, comprou apostilas, livros e o próprio baralho, depois de muito estudo, e ajuda das amigas, hoje ela atende diversos clientes que chegam através de seu Instagram. “Para mim, o tarô traz respostas objetivas e por isso a procura por esses métodos alternativos foi crescendo cada vez mais”, comenta Luna.

Maria Giulia comprou seu primeiro baralho e aprendeu a tirar tarô sozinha (Foto: Arquivo Pessoal)

Apesar da onda caminhar para a tiragem de cartas como algo profissional, ainda sim, existem as pessoas que aprenderam a ler o tarô apenas por interesse pessoal, e utilizam desta habilidade no dia a dia como é o caso da estudante de publicidade e propaganda Maria Giulia Baroni, de 19 anos, que aprendeu a ler tarô depois de sua mão comentar sobre a tradição, “Eu comprei o baralho antes de saber ler, e depois fui estudando através de apostilas online, canais do youtube e alguns livros. Treinei bastante com algumas amigas e hoje consigo entender bem”, afirma. Maria Giulia não pretende utilizar deste aprendizado como forma de renda, mas sempre que pode, tira para as amigas. “Tiro para as minhas amigas a cada três meses e para mim quinzenalmente. É algo que gosto de fazer, pois elas sempre saem das leituras com a mente aberta e as respostas que queriam”, comenta Baroni.

Gabriela Ruiz: “O trabalho de encontrar o sentido das cartas é bem interessante” (Foto: Arquivo Pessoal)

Já para a mestranda em física, Gabriela Ruiz, de 23 anos, o interesse por tarô também não seguirá para o caminho financeiro. “Uma amiga da minha irmã mais velha tinha tarô, a família dela tinha costume, então ela me apresentou e depois me deu meu primeiro baralho. Foi assim que aprendi”, disse Gabriela, que afirma que o interesse pertence apenas a parte de uma crença.

Com esse acesso tão rápido e fácil, é importante salientar que a tiragem de tarô não substitui um acompanhamento psicológico. “Não se deve misturar o tarô com a psicologia. Isso é algo que eu, como estudante de psicologia, ouvi desde o meu primeiro dia na faculdade. São áreas que devem ser trabalhadas separadas, apesar de, na minha concepção, serem complementares em certos níveis. Gosto muito de Jung, e li um livro chamado “Jung e o Tarot”, que aborda conceitos junguianos aplicados ao baralho. Jung era psicoterapeuta e abordou os conceitos de arquétipo e sincronicidade, por exemplo, os quais se aplicam perfeitamente ao tarô. Mas, ainda assim, não é ético misturar as cartas com um trabalho baseado na psicologia”, comenta Lara sobre o acompanhamento psicológico e terapêutico místico, que podem acontecer no mesmo tempo, mas separadamente.

“Quando eu me formar, quero me especializar em psicologia junguiana, mas sabendo que o meu trabalho como psicóloga e como taróloga devem ser separados. Então, um profissional da psicologia pode, sim, ler tarô, mas, com base em preceitos éticos, é importante separar a leitura de cartas de um trabalho terapêutico”, afirma a estudante de psicologia.

Além disso, devemos focar na base espiritual que o tarô carrega, portanto, independente de religião, se você procurar esta alternativa, saiba que está lidando com algo que se correlaciona com a intenção e a própria crença da pessoa. “Um dos aspectos fundamentais do tarô é a intenção, a energia que você coloca nas cartas. Então, se você não acredita no baralho, esta intenção que você coloca poderá prejudicar o jogo. Sendo assim, se uma pessoa não acredita no poder do tarô, aconselho que ela não abra as cartas, pois este é um trabalho sério que deve ser encarado de forma responsável e respeitosa”, afirma a taróloga.

Para Bianca, também deve-se acreditar naquilo que está buscando com o baralho do tarô. “Acho sim importante acreditar, mas também considero que nada seja uma verdade absoluta, tudo deve ser analisado de acordo com o momento que a pessoa está vivendo”.

O tarô é um oráculo com 78 cartas que representam arquétipos humanos, sentimentos e situações (Foto: Arquivo Pessoal)

Depois de tantas dúvidas sobre o tarô serem desmistificadas, é válido ressaltar que existe um momento certo, e quantidade de vezes que se pode tirar as cartas, para que façam sentido naquele momento. “Não há nenhum limite em relação à frequência, mas tirar cartas todos os dias e toda semana sobre um mesmo assunto pode trazer diferentes informações a respeito de uma mesma situação”. A taróloga também ressalta que as energias estão sempre mudando e o livre arbítrio influencia muito o que vai ou não se manifestar em uma consulta. “Então, se quiser ler todos os dias, ou toda semana, tenha em mente que não irá obter as mesmas respostas e questionamentos sempre, em decorrência do livre arbítrio e das influências energéticas”, finaliza Loureiro.

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Laura Nardi


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