Destaque

Jornalistas pretas buscam maior representatividade na comunicação

Para elas, pluralidade e diversidade no jornalismo impactam nas produções

Por: Mariana Neves e Vitória Nunes

Eliane Almeida, jornalista integrante da rede “Jornalistas Pretos” (rede voluntária e gratuita de atuação nacional e internacional que promove o protagonismo negro na profissão) (Foto:Arquivo Pessoal)

Na pesquisa realizada pela Fenaj em 2020, apenas 30% das 629 jornalistas entrevistadas eram pretas ou pardas. Segundo Eliane Almeida, jornalista integrante da rede “Jornalistas Pretos” e doutoranda pela USP, a baixa representatividade no jornalismo impacta diretamente nas produções porque mesmo que não escreva só sobre a questão racial, o olhar de jornalistas pretas é mais sensível quando certos assuntos atravessam essa questão. “Não ter mulheres negras na redação significa que o jornalismo ali dentro é um jornalismo branco e hegemônico”, diz Eliane sobre a experiência em veículos de comunicação. “Foi o único espaço (os veículos ligados ao movimento negro) que eu consegui trabalhar. Eu não consegui ir para uma redação nem na minha cidade”, enfatiza ela sobre Santos.

Alessandra Ribeiro, historiadora e Mestra da Comunidade “Jongo Dito Ribeiro” (Foto: Arquivo Pessoal)

Em 2017, a Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji) junto da Gênero e Número, empresa social que produz um jornalismo baseado em dados e análises sobre questões de gênero e raça, mostraram que 94,5% das jornalistas entrevistadas afirmaram haver mais brancas do que pretas ou pardas nos veículos em que trabalhavam. Já nos cargos de liderança, esse percentual foi de 95,6%. 

   Para Hidaiana Rosa, produtora executiva na EPTV Campinas, as empresas estão mais atentas com a questão da diversidade como um todo e, sem ela, não há como conseguir a empatia do público. “Quanto mais pluralidade, mais conseguimos produzir conteúdo com reflexões importantes, por isso é importante ocupar todos os espaços. É fundamental que tenha essa diversidade em todas as áreas. Aos poucos estamos conseguindo avançar”, conta.

Hidaiana Rosa, jornalista, produtora executiva na EPTV Campinas (Foto: Arquivo Pessoal)

   Eliane destaca que a política de cotas raciais nas universidades é fundamental para a promoção de negras nas diversas áreas, inclusive no jornalismo, já que por terem uma formação de ponta, não haverá empecilhos na contratação nos veículos. “Não vai poder dizer que ela não tem perfil, que ela não tem conhecimento suficiente”, destaca a jornalista. 

Raquel Souza, estudante de Jornalismo, se inspira em jornalistas pretas da TV (Foto: Arquivo Pessoal)

Para Alessandra Ribeiro, historiadora e Mestra da Comunidade “Jongo Dito Ribeiro”, o aspecto social de dupla jornada que muitas mulheres têm quando precisam trabalhar e estudar para ajudar no sustento familiar causa uma carga emocional desafiadora durante a graduação. “Eu sempre fui a única negra da minha sala”, conta Raquel Souza, estudante de Jornalismo. Mesmo sendo acolhida pela turma, ter mais mulheres pretas no curso é um desejo e ver exemplos de jornalistas pretas na televisão, mesmo que ainda poucas comparadas às brancas, é uma inspiração para muitas mulheres negras, inclusive para a estudante. Para mudar esse cenário, Alessandra reforça a luta de toda a população pela cobrança de ocupação negra nesses locais. “Ajuda a não colocar essa discussão por debaixo do tapete. Queremos evidenciar nossas potências e fazer nossas lutas e denúncias. Precisamos desse espaço”, diz a doutora.

Orientação: Profª Amanda Artiolli
Edição: Caroline Adrielli


Veja mais matéria sobre Destaque

Campinas lança meta para reduzir gases do efeito estufa


A cidade será a décima a ter um plano e visa reduzir seis milhões de toneladas


Brasileira em Harvard descobre tratamento para COVID-19


A pesquisadora usou a perda do pai como motivação para liderar a pesquisa sobre o vírus


Mães que eternizam momentos a partir de objetos


Tradição da preservação das vivências vem se modernizando com novas iniciativas


Artur Nogueira estreia na Taça das Favelas neste sábado


Cidade é a segunda do interior paulista a aderir ao campeonato, seguindo Campinas


87,2% dos jovens campineiros ainda não emitiram título


Entre 16 e 17 anos, o voto é facultativo, mas ONG incentiva a participação


ONG oferece cursos profissionalizantes em Monte Mor


Instituição visa especializar moradores da comunidade na área de estética



Pesquise no digitais

Siga – nos

Leia nossas últimas notícias em qualquer uma dessas redes sociais!

Campinas e Região


Facebook

Expediente

Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes Daniel Ribeiro dos Santos Gabriela Fernandes Cardoso Lamas, Gabriela Moda Battaglini Giovana Sotterp Isabela Ribeiro de Meletti Marina de Andrade Favaro Melyssa Kell Sousa Barbosa Murilo Araujo Sacardi Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.