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Projetos voluntários estimulam solidariedade em Valinhos

Covid-A e Vira Lata Vira Casa leva ajuda e aproxima as pessoas da comunidade

Por meio do projeto, Maria Tereza pôde realizar o sonho de ajudar quem precisa (Foto: arquivo pessoal)

 

Por Cristiane Campari e Oriana Suprizzi

Em meio a pandemia e os diversos desafios surgidos com ela, projetos voluntários têm garantido condições mais dignas para que diversas famílias consigam sobreviver. Foi com essa motivação que a fonoaudióloga Sandra Rossi criou o Covid-A, projeto que tem como objetivo ajudar moradores de Valinhos que estejam em situação de vulnerabilidade social, com doações de alimentos, cobertores, itens pessoais, de higiene e de limpeza. A fonoaudióloga percorre semanalmente diversos bairros da cidade, realizando não só a entrega das doações, mas também levando um olhar de cuidado e atenção a essas pessoas e suas necessidades e estimulando a solidariedade.

Sandra Rossi afirma que o Vira Lata Vira Casa vai além da causa animal, é um projeto humanitário (Foto: arquivo pessoal)

O desejo de colaborar para causas humanitárias acompanha Sandra desde muito antes da crise sanitária enfrentada atualmente. Ela conta que a vontade de deixar um legado que contribuísse para reacender o olhar para as questões humanas foi uma de suas mais relevantes motivações. “Meu desejo era deixar alguma semente que despertasse ou resgatasse os valores humanos novamente”, conta a fonoaudióloga.

Com isso, criou seu primeiro projeto, Vira Lata Vira Casa, em 2017. A ação tem como principal objetivo o auxílio aos animais, com doações de ração e outros itens necessários, mas também visa o resgate do olhar humanizado a esses animais, que são seres vivos e necessitam de cuidados. Para Sandra, o abandono de animais funciona como um termômetro para identificar situações de desequilíbrio familiar. “Por ser voltado à causa humanitária, o projeto também trabalha com o amparo familiar, além de ter a função educativa, com atuação nas escolas, onde trabalhamos, por exemplo, com questões de reconhecimento de sentimentos e despertamos a troca de gentilezas”, explica Sandra.

Em 2020, com o início da pandemia e a possibilidade da escassez de equipamentos básicos de proteção contra a Covid-19, a fonoaudióloga se mobilizou para criação de um novo projeto, o Covid-A. Tendo como base a estrutura utilizada para viabilizar o Vira Lata Vira Casa e com o apoio de instituições de Valinhos, a campanha, que arrecadou, confeccionou e doou 42.500 itens de proteção para a Unidade de Pronto Atendimento (UPA) de Valinhos e os dois hospitais da cidade, foi iniciada. Em paralelo a produção de máscaras faciais e itens de proteção pelas mais de 90 voluntárias do projeto, o Covid-A entregou mais de 1.500 cestas básicas para a população neste período do ano passado.

As entregas das doações são feitas nos bairros mais afastados do centro de Valinhos (Foto: arquivo pessoal)

O projeto atende, atualmente, 800 famílias do município com doações de cestas básicas, cobertores, roupas e kits de higiene, contribuindo para que possam ter condições mais dignas de sobrevivência. Sandra ressalta que o projeto também auxilia na criação de laços entre as famílias que, mesmo morando no mesmo bairro e em casas muito próximas, muitas vezes não se conhecem. A fonoaudióloga destaca ainda o quanto um ato solidário estimula outros, criando um ciclo de generosidade. “Para mim, esse processo é encantador, eu acho que isso vai se tornar uma máquina de geradores de solidariedade e gentilezas”, enfatiza.

Esse é o processo pelo qual a dona de casa Maria Tereza Cruz, moradora do Jardim Centenário, pôde vivenciar por meio do projeto. Ela conta que sempre sonhou em ajudar e acolher as pessoas que necessitam, mas não tinha condições de arrecadar cestas básicas e outros itens para realizar as doações. Quando conheceu o projeto coordenado por Sandra, recebeu o convite para ajudar nas entregas das doações às famílias da região onde mora. “O projeto está me ajudando a matar a fome de quem tem fome. Elas trazem alimentos para eu distribuir para as pessoas e ração para dar aos animais. Estou muito feliz por estarem me ajudando a ajudar alguém, faço isso com muito gosto e muito prazer”, ressalta.

A assistente social Fabiana de Carvalho deixa claro que o ato solidário supre necessidades de ações políticas do Estado (Foto: arquivo pessoal)

A artesã Paloma de Oliveira, moradora do bairro Biquinha, conta que receber os auxílios viabilizados pelo projeto tem ajudado muito sua família. “A Sandra veio até o meu bairro e nos ofereceu ajuda, recebemos cesta básica, remédios, itens de higiene e ração para os nossos cachorros. O auxílio foi muito bem-vindo e nos ajudou muito, fiquei muito feliz”, relata.

Solidariedade na vida real

Por outro lado, nos últimos anos, foi possível observar uma diminuição de políticas públicas vindas do Estado. De acordo com a professora da Faculdade de Serviço social da PUC Campinas, Fabiana Aparecida de Carvalho, projetos como os de Sandra ajudam a população a suprir necessidades que, muitas vezes, seriam de responsabilidade do órgão superior. “É muito importante que a gente volte a cobrar o Estado para que ele volte a nos apresentar políticas públicas”, pontua a professora.

Ela afirma que, de acordo com a Constituição de 1988, fornecer condições adequadas à população, como assistência social, saúde e seguridade social, é dever do Estado, além disso, é direito do cidadão ter suas necessidades básicas atendidas, principalmente a população mais vulnerável. Essas necessidades, que devem ser asseguradas a todos os brasileiros, incluem qualidade de vida, produção de trabalho, fornecimento de programas de transferência de renda, habitação, saúde pública e educação, por exemplo.

Maria Tereza relata estar feliz em participar das entregas viabilizadas pelo projeto (Foto: arquivo pessoal)

O voluntariado desenvolvido por Sandra tem mostrado a relevância da prática da solidariedade. Em contrapartida, Fabiana afirma que a sociedade civil tem tomado frente de muitas ações que deveriam ser exercidas por lideranças governamentais, tendo em vista que os impostos arrecadados são destinados a suprir necessidades de pessoas que vêm sofrendo com a crise estrutural inserida na sociedade ao longo deste tempo. “No nosso posicionamento do serviço social, é importante demarcar que essa responsabilidade é do Estado. Para que os projetos de voluntariado sejam na perspectiva da humanização e da solidariedade, e não porque o Estado está se fazendo faltar”, afirma a professora frente a falta de políticas públicas eficientes na sociedade.

Apesar disso, a assistente social ressalta que, nesta época, principalmente diante da crise enfrentada, projetos sociais estão contribuindo para o fortalecimento de vínculos interpessoais, além de incentivarem o cuidado com o outro ser humano.

 

 

 

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Patrícia Neves


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