Devido ao isolamento, redes sociais se tornaram conforto para seniores

Neuza Maria Amorim, 68 anos diz que antes da pandemia já tinha um celular com várias mídias sociais (Foto: Arquivo Pessoal)

Por Bianca Sanson e Gabriela Nardo

O Brasil possui cerca de 211 milhões de habitantes, desse total, 30 milhões de pessoas possuem 60 anos ou mais, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). E foi essa população que também teve de se adaptar às atividades remotas e à distância, tornando-se cada vez mais presente nesse mundo digital, o que fez com que empresas desenvolvessem produtos e serviços focados a esse público.

Ainda segundo a pesquisa, 85% dos idosos conectados à internet a utilizam para obter informações sobre produtos ou serviços antes da realização de uma compra e 75% efetivamente adquiriram algo online. “Com a pandemia, percebemos sim esse movimento dos maduros aderindo aos serviços online e acreditamos que isso tem sido um grande aliado para combater o isolamento”, disse Márcia Sena, fundadora da Sênior Concierge, empresa que oferece serviços para idosos em São Paulo, Litoral e Campinas.

Fundadora da Senior Concierge, Marcia Sena afirma ter percebido os maduros aderindo aos serviços online (Foto: Senior Concierge)

As plataformas FaceTime, Zoom, Meet, Skype passaram a fazer parte do vocabulário dos idosos, principalmente nessa época de isolamento social, diz Sena. O WhatsApp é o mais explorado pelos idosos e muitos deles têm gostado dessa nova experiência.

Para inserirem-se na internet, nos últimos meses os smartphones se tornaram um grande aliado dos idosos. Neuza Amorim, 68 anos, diz que antes da pandemia já tinha um celular com várias mídias sociais. Ela confessa que ainda possuía dificuldades em entender o dispositivo. “Precisava sempre que meus netos mandassem mensagem para as pessoas”, revela.

Mas não foi só para comprar que Neusa passou a utilizar a web. Ela também aprendeu a fazer renda extra durante a pandemia através da OLX. “Me ajudou a organizar a minha casa, me possibilitando vender algumas coisas, tudo sem que eu precise sair de casa e correr riscos de me contaminar”, comemora. E aquilo  que antes ela tinha certa dificuldade em vender, a internet facilitou a busca por compradores interessados.

A especialista em neuropsicologia, Ariane Bizarri diz que os recursos tecnológicos podem ajudar no aprendizado dos idosos (Foto: Arquivo Pessoal)

Uma pesquisa realizada, em 2020, pela Integrar Gerações, mostrou que o WhatsApp é a rede social com maior presença dos idosos que possuem mais de 60 anos, seguido pelo Facebook e Instagram, principalmente neste momento de distanciamento social imposto pelo coronavírus.

O uso dos dispositivos ainda pode ajudar os idosos a preservar funções cognitivas, melhorar a memória, aumentar a velocidade de resposta, o raciocínio, a resolução de problemas e a atenção, além de minimizar alguns aspectos psicossociais. “Utilizar o computador e outros recursos podem ajudar a reduzir a perda de memória e a diminuição do raciocínio e do aprendizado que ocorrem com a idade”, afirmou Ariane Bizarri, especialista em neuropsicologia pelo Conselho Federal de Psicologia.

Além disso, aspectos sociais e doenças podem ser minimizados com o uso da internet, como a depressão, solidão e isolamento social. “Utilizar tais recursos ajuda a promover contatos positivos e encontrar o suporte emocional que precisa”, garante a neuropsicóloga.

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Patrícia Neves