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Especialistas criticam governo; nefrologista prevê 2ª onda

Médico, cientista da computação e cientista social avaliam combate à pandemia no país                                                   

      

Por Rafael Ribeiro

Três especialistas em diferentes áreas de conhecimento – tecnologia de informação, cultura e medicina – criticaram ontem (12), em seminário transmitido pelo Sesc-SP via Youtube, a atuação do governo federal no enfrentamento à pandemia do novo coronavíus. “É provável que já estamos no começo da segunda onda”, advertiu o nefrologista Fernando Antônio de Almeida, professor da Puc São Paulo, no evento que procurou tratar o tema “A vida dos números” em relação às vítimas fatais e aos contaminados pela Covid-19.

Também participaram do evento o filósofo e cientista social Danilo Santos de Miranda, especialista em ação cultural, e o engenheiro Demi Getschko, fundador da Sociedade da Internet do Brasil e uma das maiores referências mundiais em tecnologia de comunicação.

Fernando Almeida: “O Brasil precisa olhar para esses números como um observador privilegiado” (Imagem: YouTube)

“Faltou organização ao governo federal”, criticou o médico Fernando Almeida ao lembrar que, nestes 30 anos de criação e funcionamento do Sistema Único de Saúde (SUS), a instituição poderia ter sido muito melhor aproveitada no combate à pandemia. De acordo com ele, mesmo com a má vontade governamental, o SUS foi “essencial” na redução de danos nesse período de combate ao novo coronavírus.

O nefrologista, ao comentar os horizonte dos próximos meses para o combate à pandemia, disse que há não há dúvida sobre o surgimento de uma segunda onda no Brasil. Ao analisar o que vem ocorrendo em países europeus, disse que “o Brasil precisa olhar para esses números como um observador privilegiado”, cobrando a antecipação de ações por parte das autoridades sanitárias.

“É um absurdo a declaração de que o governo federal estava ganhando porque o teste falhou”, disse Fernando Almeida ao lembrar a mensagem do presidente Jair Bolsonaro comemorando a morte recente de um voluntário de pesquisa da vacina chinesa, em parceria com o Instituto Butantan. A morte do participante do estudo, no entanto, não tinha nenhuma correlação com o imunizante, pois ocorreu em função de suicídio ou overdose medicamentosa. De acordo com o nefrologista, não haverá apenas uma única vacina contra a Covid-19, mas várias, todas vitais para o controle da pandemia.

Pós-doutor pela Cornell University Medical College, de Nova Iorque, e vice-reitor da PUC São Paulo, o professor Fernando Almeida alertou para a intensificação de medidas de prevenção, como o uso de máscara e álcool em gel, para evitar a transmissão do vírus. Ele citou como exemplo a Suécia, país que não adotou as medidas necessárias, e que chegou ao índice de 602 mortes por milhão de habitantes. Já a Noruega, que aderiu às recomendações da ONU, obteve apenas 57 mortes por milhão de habitantes.

Já o cientista social Danilo Santos de Miranda, especialista em ação cultural, disse ser importante respeitar o conhecimento científico, e não atuar como negacionista. Ele também ressaltou a importância de respeitar o trabalho da imprensa e dos meios de comunicação em geral, como canais legítimos “de expressão, para contestar, ou não, as decisões tomadas sobre nós”.

“A cultura é a chave de aspectos da governança, já que ela acolhe a diversidade e cria espaço para a convivência da diferença”, disse Miranda.

Professor da PUC São Paulo e uma das principais referências do país na área da tecnologia de informação, o engenheiro Demi Getschko – um dos pioneiros da internet no Brasil – alertou para os algoritmos que mantém os internautas agrupados em bolhas de relacionamento. As bolhas, de acordo com ele, são os principais mecanismos para a propagação de notícias falsas, gerando desinformação sobre temas que afetam diretamente a vida das pessoas, como a pandemia da Covid-19.

O especialista em tecnologia criticou também as tentativas do governo federal, nos últimos anos, em regulamentar o controle da internet, alertando para as ameaças que poderão sofrer a liberdade de expressão e a privacidade de seus usuários. Segundo Getschko, existe uma confusão entre a rede de computadores e as coisas que colocam lá dentro, como mentiras, calúnias e desinformação. Estas sim – de acordo com ele – é que deveriam ser a preocupação das autoridades governamentais.

Aqui, acesso à íntegra do debate que discutiu os números na Covid 19

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Laryssa Holanda 


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