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Como o clima extremo impacta o aprendizado nas escolas?

Pesquisa de Harvard aponta necessidade de climatização e especialistas citam flexibilização de métodos de ensino

Por Marina Paulo Bigelli, Henrique Alves Felipe, Isabela Galvão Reis, Jéssica Midori, Eduardo Tolentino de Carvalho e João Pedro Belone Bertuzzo

Clima extremo pode afetar rendimento escolar (Foto: Reprodução/ Rovena Rosa/Agência Brasil)

O impacto da crise climática do planeta está em evidência por conta do calor extremo, das secas, chuvas e enchentes. Segundo o Índice de Risco Climático das Crianças, elaborado pela Unicef (Fundação das Nações Unidas para a Infância), em 2022, 40 milhões de crianças e adolescentes brasileiros estavam expostos a inúmeros riscos relacionados ao estresse climático e ambiental. 

No documento, a Fundação explica que é necessária uma ação que reduza os efeitos climáticos, já que crianças e adolescentes formam o grupo que mais sofre com isso. 

A meteorologista e pesquisadora do Cepagri (Centro de Pesquisas Meteorológicas e Climáticas Aplicadas à Agricultura) da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), Ana Maria Heuminski de Ávila, explica que a mudança climática é observada desde 1850 e que há um aumento progressivo das temperaturas, sobretudo nos últimos anos.

Pamela Nayara Vareiro Sousa Ayres, Analista de Qualidade e a filha, Hemilly Caroliny Sousa Ayres, Estudante do Etecap (Foto: Arquivo)

Um dos casos que repercutiu na mídia, foi a manifestação em frente à Etecap (Escola Técnica Estadual Conselheiro Antônio Prado), em Campinas, no dia 13 de março de 2025, onde alunos reivindicaram climatização nas salas de aula. Pamela Nayara Vareiro Sousa Ayres, mãe de uma estudante do Etecap, conta que a manifestação foi um pedido por melhorias na infraestrutura da escola.

Para Patrícia Alexandra Guglieuminetti, pedagoga e professora da rede municipal de Sumaré, com o calor intenso os alunos não conseguem se concentrar, “ficam mais cansados e menos motivados para realizar as atividades propostas”. 

“A falta de ventilação, de ar condicionado e até mesmo de ventiladores que funcionem corretamente deixam o ambiente de ensino desconfortável, afetando diretamente tanto os alunos quanto os professores”.

Patrícia Alexandra Guglieuminetti

Quando o termômetro atrapalha o aprendizado

Uma pesquisa feita em Harvard, no departamento de saúde ambiental, comparou o funcionamento da área cognitiva de estudantes de uma sala com ar-condicionado e uma sala sem ar-condicionado. Para isso, pesquisadores acompanharam 44 estudantes de uma universidade durante e depois de uma onda de calor. Dois testes foram feitos diariamente com alunos com e sem o aparelho. Esse teste era capaz de avaliar a velocidade de memória e cognição, funções importantes para o aprendizado.

A pesquisa demonstrou que há déficits na função cognitiva durante ondas de calor, o que confirma a necessidade de um ambiente saudável para os alunos a fim de potencializar o desempenho educacional.

As crianças e adolescentes são mais vulneráveis à exposição a poluentes, alérgenos e agentes infecciosos presentes no ar, o que pode levar ao aumento de crises asmáticas e infecções respiratórias, é que o que afirma Aline Priscila Souza, doutoranda em Saúde da Criança e do Adolescente. 

Por isso é necessário que escolas e poder público pensem em medidas para educar e garantir a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, garantido pela Lei Federal 9.394. Como acontece na escola Eliseu Narciso, no DIC, em Campinas, que iniciou o projeto “PlantAção”. O objetivo da proposta é plantar árvores frutíferas no campo escolar, criando um ambiente mais verde, sustentável, incentivando os alunos de 6 e 7 anos a adotarem ações positivas para o clima do planeta, conta João Paulo Antunes.

Aline Priscila de Souza Doutoranda do Curso de Pós-graduação em Saúde da Criança e do Adolescente da FCM/Unicamp. Ao lado de José Dirceu, seu orientador, professor de medicina da Unicamp e doutor em pneumologia pediátrica (Foto: Arquivo)

Ribeirão Preto: cultivando saúde com Horticultura 

Em Ribeirão Preto,  o projeto Horticultura Saudável envolve crianças no cultivo de alface, incentivando a alimentação saudável e a sustentabilidade entre os alunos da rede municipal. A ação conta com o apoio da Seção de Educação Ambiental e da Divisão de Nutrição Escolar, da Secretaria Municipal da Educação.

Em períodos de altas temperaturas, há a inclusão de atividades recreativas que incluem banhos de mangueira e parques aquáticos instalados nas unidades escolares.

Araraquara: um cantinho verde nas escolas

Em Araraquara, a Secretaria Municipal da Educação de Araraquara mantém uma parceria ativa com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente, visando à arborização dos espaços escolares, a plantação de árvores contribui significativamente para a criação de ambientes mais sombreados e frescos, proporcionando conforto térmico natural para as crianças e adolescentes.

Em períodos de altas temperaturas, as orientações são:

  1. Manter janelas e portas abertas para promover a ventilação cruzada;
  2. Utilizar ventiladores disponíveis em todas as salas;
  3. Molhar os tanques de areia nos Centros de Educação e Recreação (CERs) durante os dias mais quentes, para amenizar a temperatura local;
  4. Adaptar os planos de aula para espaços cobertos e arejados;
  5. Oferecer água regularmente aos alunos e incentivar o uso de roupas leves e protetor solar.

São Carlos: atenção e cuidados em dias quentes

Em São Carlos, durante períodos de altas temperaturas, a SME (Secretaria Municipal de Educação) da cidade orienta que:

  1. A hidratação seja constante; 
  2. Não haja exposição ao sol por longos períodos; 
  3. Janelas e portas sejam mantidas abertas para arejar o ambiente; 
  4. Adequação das aulas de educação física e ações ao ar livre, evitando atividades que exijam grande esforço físico e exposição solar, principalmente no período das 10h às 16h.

S.O.S Mudanças Climáticas______________________________________________________________

S.O.S Mudanças Climáticas é um projeto multimídia do acidade on, em parceria com professores e alunos da Faculdade de Jornalismo e Curso de Mídias Digitais da PUC-Campinas. Os conteúdos buscam explicar como as mudanças climáticas afetam o cotidiano das pessoas no interior de São Paulo e têm como propósito ajudá-las a se preparar melhor para enfrentar essa crise.

Esta matéria foi feita pelos alunos da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas: Marina Paulo Bigelli, Henrique Alves Felipe, Isabela Galvão Reis, Jéssica Midori, Eduardo Tolentino de Carvalho e João Pedro Belone Bertuzzo, com apoio dos alunos do Curso de Mídias Digitais: Ana Paula Rodrigues Benjamin Ramos, Beatriz Franchito Zaguetti, Gabriel Souza Ferri, Giovanna de Moraes Bras Gil e Isabela Koike Rosa, para o componente curricular do Projeto Integrador, sob supervisão da professora Amanda Artioli e edição de Leonardo Oliveira.

Orientação: Amanda Artioli

Edição: Giovanni Feltrin


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Digitais é um produto laboratorial da Faculdade de Jornalismo da PUC-Campinas, com publicações desenvolvidas pelos alunos nas disciplinas práticas e nos projetos experimentais para a conclusão do curso. Alunos monitores/editores de agosto a setembro de 2023: Bianca Campos Bernardes / Daniel Ribeiro dos Santos / Gabriela Fernandes Cardoso Lamas / Gabriela Moda Battaglini / Giovana Sottero / Isabela Ribeiro de Meletti / Marina de Andrade Favaro / Melyssa Kell Sousa Barbosa / Murilo Araujo Sacardi / Théo Miranda de Lima Professores responsáveis: Carlos Gilberto Roldão, Carlos A. Zanotti e Rosemary Bars.