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43% dos transplantes realizados em Campinas são de rim

Em setembro, Hospital das Clínicas da Unicamp registrou 26 possíveis doadores de órgãos para pacientes

Por: Víctor Freitas

Nefrologista Janaina Gondim alerta que principais problemas renais são causados por diabetes e hipertensão (Foto: Arquivo pessoal)

No mês de setembro, a Associação Brasileira de Transplante de Órgãos (ABTO) promoveu a campanha “Setembro Verde”, que visa conscientizar a sociedade sobre a importância da doação de órgãos. Ao longo dos 30 dias, diversas ações foram realizadas pela entidade, como a iluminação de monumentos de São Paulo com a cor verde, a divulgação de mensagens em letreiros nas rodovias paulistas e a celebração de um ato inter-religioso em homenagem aos doadores de órgãos na Catedral Metropolitana de São Paulo.

Para a nefrologista Janaina Gondim, a promoção dessas iniciativas auxiliam para o aumento dos índices de doações. “Essas ações servem para conscientizar a população sobre a quantidade de brasileiros em fila de transplante de órgãos. Esse tipo de gesto, além de informar a população, também estimula a doação de órgãos em vida ou pós morte”, disse, em entrevista por telefone.

Rins

Nos últimos dez anos, Hospital das Clínicas da Unicamp realizou, em média, 339 transplantes de órgãos (Foto: Assessoria – Caius Lucilius/HC Unicamp)

Em Campinas, o Hospital das Clínicas da Unicamp realizou 313 transplantes de órgãos em 2021. Desse total, 135 procedimentos foram de rim, o que corresponde a 43% de todas as operações concluídas no HC.

De acordo com o Coordenador da Organização de Procura de Órgãos (OPO-Unicamp), Luiz Antonio da Costa Sardinha, o fato de os transplantes de rim liderarem a lista não representa um movimento atípico. “Os índices estão dentro da normalidade, uma vez que o rim é o órgão que mais tempo suporta em espera para ser implantado e que temos o maior número de lista de espera”, afirma.

Sardinha diz que identificação de possíveis doadores ocorre nas unidades de emergência e nas UTIs (Foto: Arquivo pessoal)

Janaina Gondim diz que os rins são órgãos pares via de regra, então um doador de órgãos acaba beneficiando dois pacientes. “Somado a isso, o transplante renal – quando comparado ao transplante de outros órgãos sólidos, como coração, pulmão ou fígado – acaba sendo relativamente mais simples”, explica a nefrologista.

Experiência

Há 12 anos, a empresária de Valinhos, Kênia Ramalho, fez parte das estatísticas de transplantados. Após ser diagnosticada com nefropatia, doença autoimune que causa a interrupção das funções renais, ela precisou realizar a cirurgia.“Aguardei sete meses para realizar o transplante. Nesse período, fiz hemodiálise dia sim, dia não para estabilizar meu corpo. Parece que é pouco tempo, mas é muito para quem precisa passar quatro horas diárias em uma máquina”, conta.

Kênia Ramalho (à esquerda) e Keila Ramalho (à direita) se tornaram ainda mais próximas após o transplante (Foto: Arquivo pessoal)

Kênia não precisou entrar para a fila de espera do Sistema Único de Saúde (SUS), pois a doadora foi sua irmã. Apesar disso, a espera de pouco mais de um semestre foi necessária para que ambas preparassem seus organismos para o transplante.“É um valor impossível de ser explicado. É uma gratidão eterna. Eu falo que nasci duas vezes, dia 25 de junho e 27 de julho de 2010, data em que a Keila doou o rim para mim. Ela me deu a chance de viver por uma segunda vez”, diz sobre a experiência de ter recebido o órgão de sua irmã.

Esperança

De acordo com o Ministério da Saúde, o Brasil possui atualmente 56.847 pacientes aguardando transplantes. O número representa um crescimento de 7% em comparação a setembro do ano passado, quando 53.218 pessoas estavam na fila de espera.

Apesar do índice, o Coordenador da Organização de Procura de Órgãos da Unicamp revela um cenário um pouco mais positivo na cidade de Campinas. “Após o período de pandemia, retornamos as nossas atividades de diagnóstico de morte encefálica e doação de órgãos. O HC da Unicamp apresenta em torno de 5 diagnósticos ao mês de pacientes em morte encefálica. Desse número, temos, neste ano, 26 doadores viáveis em nosso hospital”, afirma.

Janaina Gondim explica quem pode doar rins. “Em vida, o indivíduo maior de 18 anos, em bom estado de saúde física e mental, com compatibilidade sanguínea com o receptor. Há também os doadores falecidos, onde os rins são retirados após confirmada a morte encefálica e com a permissão de familiares”, esclarece.

“A cirurgia é simples e rápida, e a pessoa tem uma vida normal. Quem doa salva vidas. Imagina você dar uma nova oportunidade para uma pessoa de viver”, ressalta a transplantada Kênia Ramalho.

Orientação: Prof. Gilberto Roldão

Edição: Giovanna Sottero


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